domingo, 21 de dezembro de 2014

O DIA-A-DIA DE UM OBSERVADOR DE ESQUADRÃO DE BUSCA
DIÁRIO DE BORDO DE UMA BUSCA
DIA 26 DE OUTUBRO (1º DIA)
Não tem dia nem hora para decolar, fomos acionados ás 20h com destino a Manaus, para realizar uma busca a um PP-FFR, Cesna branco com cinco pessoas a bordo que havia decolado de Santa Maria do Goyaçú para Boa Vista, decolamos as 21h, o avião que decolara de Manaus estava desaparecido, voamos na madrugada com nosso avião de busca Amazonas, tripulação dobrada para atender as exigências de fadiga de vôo, não sou muito bom de dormir em vôo, tenho que estar com muito sono, por isso ligo meu lap top, e vou registrando as fases do vôo.
Nosso avião é muito confortável, tem quatro camas, forno, tomada 110 e 220 vt, cadeiras e poltronas de forma que nos permite voar dez horas todo dia com certo conforto.
A observação é feita com dois observadores nos postos de observação (dois por vez), e outros dois no descanso pois o olho humano perde sua eficiência, isto é técnico, vamos percorrendo uma determinada área e fazendo a observação buscando indícios da aeronave, quando avistamos comandamos curva e o piloto voa circulando a aeronave no ponto onde foi feito o avistamento para que o observador tenha certeza, se confirmado é passada a informação para o Salvaero (órgão que coordenas as buscas) que aciona um ou mais helicópteros do esquadrão mais próximo para enfim fazer o resgate.   
Estamos voando há mai de uma hora, vou até a galley (forno do avião) fazer um lanche agora são 23:40 e vejos as luzes de uma pequena cidade já na imensa Amazônia...
DIA 27 DE OUTUBRO (2º DIA)
Dormimos três horas, o sono é cruel e até no PI (ponto de início do padrão de busca), vou dormir direto. decolamos as 6 horas, neste momento ainda voamos, são 15:47, fizemos dois padrões de busca, um em rota (ida e vinda) da provável rota seguida pela aeronave, depois entramos num padrão Pente em uma área mais quente, o avião batia muito, é normal ficar mareado (enjoado) na bolha de observação, tivemos vários indícios e um bem forte, pedaços de aparentemente carenagens brancas, visto que a aeronave desaparecida tinha as cores branco e vermelho, mas não era a aeronave, após o término do dia, muito cansados, esperamos chegar em Boa vista nosso local de pernoite para hoje, todo dia levamos e trazemos as malas, pois nunca sabemos a nossa próxima parada para pernoite onde será. Revezamos em quartos de hora com três duplas por hoje e isso dá uma hora de descanso, mesmo assim fiquei mareado, o mecânico e um piloto também ficou.
Voamos cinco horas no translado até o ponto de início da busca e hoje voamos oito horas.
Se der tempo espero rever um amigo e irmão de caminhada, o Augusto e sua família. Liguei para meu amigo e irmão Augusto no esquadrão de caça de Boa Vista, ele veio me receber, fui até sua casa na vila militar e lá pernoitei, conversei com os meninos, com sua esposa, matamos a saudade e até o momento que tive forças, mais ou menos 21h conversamos, estava tão cansado que fui dormir e fui direto até o despertador tocar.
 Vamos descansar para amanhã logo cedo recomeçar os trabalhos de Busca a aeronave desaparecida. Obrigado pelo dia de hoje Senhor, e amanhã se for de tua vontade nos ajude a encontrar esses brasileiros, mesmo que seja para dar um enterro digno a suas famílias, mas ainda há esperanças de encontrarmos sobreviventes e isso é o que mais nos agrada.

DIA 28 DE OUTUBRO (3º DIA)
Tomei café e ele me deixou na Base Aérea, fui o primeiro a chegar e aproveitei para fazer as Laudes (oração obrigatória para o Clero, visto que sou Diácono Permanente da Igreja Católica), pouco depois chegaram os mecânicos e disseram que antes de decolarmos tínhamos que cumprir um BT - boletim técnico, pois um cabo de comando de vôo havia partido em um avião da frota brasileira e todos tinham que passar por esse boletim, foi necessário retirar as cadeiras dos pilotos para fazer a inspeção nos cabos de comendo dos pedais, em duas horas o serviço estava realizado. O Capitão Miguel que comanda a missão, fez o briefing, mostrou a área que íamos voar, tiramos as dúvidas e nos preparamos para decolar, voar a 800 ft na Amazônia bate muito (vôo com muita turbulência) para os observadores é terrível, pode causar cefaléia, ânsia de vômito, enjôo...
Chegou a fonte de força, a comissária, aliás A base de Boa vista caprichou, veio lanche em quantidade, reforçado, marmita, suco refrigerante, o avião estava abastecido, até um piloto comentou, parece que alguém gosta de nós e eu respondi que havia conversado com os militares da base e eles haviam dito que o Comandante era tão bom que se ele se candidatasse a algum cargo eletivo, todos votariam nele. Achei bonito isso, pois é um elogio que vem de baixo da rapaziada que labuta, creio ser mais valioso para o comando do que quando ele vem de cima. 
Decolamos com tempo bom, partimos para um novo padrão, apenas com uma pequena alteração o salvaero (órgão que coordena a busca no Brasil) diminuiu o espaçamento para meia milha de forma que cada observador vai observar 0.25 da milha para cada lado, devido a altura das árvores a observação tem que ser feita quase na vertical. É um trabalho extremamente cansativo, requer um descanso em ambiente realmente confortável, pois precisa-se estar bem para aguentar os dias sucessivos, numa jornada de nove horas de vôo por dia lá no posto de observação.
14:20 Acabei de almoçar, hoje está batendo mais do que ontem, ficar enjoado é muito fácil com esse tempo, tenho que sair do posto e deitar nas macas disponíveis do avião, senão uma hora depois não estarei cem por cento. É um tapete verde infindável, para um sobrevivente é um inferno verde, e voando baixo como nós é também uma possibilidade virar sobrevivente, nosso vôo é bastante arriscado, baixo, dentro das térmicas que sacodem o tempo todo, as vezes com tempo ruim, e por isso a maioria dos aviões que voam na região caem, eles tem motor convencional (a pistão) e quando chove diferente do motor a reação, precisa regular bem a mistura ou correrá o risco de ter um apagamento de motor, nossa tristeza é no jornal local de ontem fora comentado que havia duas mulheres grávidas, estamos voando com a máxima atenção, no nosso limite diário, precisamos encontrar este avião... E QUE DEUS NOS AJUDE.
Hoje é aniversário de meu filho mais velho, ele é tenente do Exército, mas também está em missão, liguei para lhe dar os parabéns, essa é a vida militar, uma vida de ausência em casa, pelo FAROL que é a nossa missão, coitada da minha esposa o marido e os dois filhos são militares creio que para ela é vocação também, pouca gente sabe, mas o serviço de Busca e salvamento no Brasil é pago pelo usuário e vai para os cofres da união 3 BILHÕES por ano, cada passagem aérea, navio seja de carga ou passageiro, todos pagam por esse serviço e a Força Aérea é quem recebeu a missão de executá-lo devido ao protocolo da OACI (Organização de Aviação Civil Internacional) na convenção de Chicago EUA, da qual somos signatários. Ainda tem gente que acha que as forças armadas não dão lucro, o lucro total com tudo que as forças armadas produzem, sem levar em conta sua missão constitucional gira em torno de 10 Bilhões ou mais.
DIA 29 DE OUTUBRO (4º DIA)
Decolamos as 7 horas e 15 min, logo cedo já está bem batido, hoje os bombeiros iam cobrir o rio de barco analisando com mais critério cada parte do rio para tentar ajudar, ontem rezei pela senhora que estava grávida e a outra na realidade já teve o bebê mas teve problemas no parto. Continuamos a busca e vi um resort no meio da Amazônia, ele tem uma boa estrutura, tem pier, uma boa pista de pouso para aviões de médio porte tipo Caravam. São 11:30 e até este momento frustrante, mas motivado a achar e torcer por sobreviventes.
Mesmo cansado, á noite sai para visitar alguns amigos do meu irmão Augusto, fomos a novena, comemos pizza e batemos papo.
DIA 30 DE OUTUBRO (5º DIA)
A comoção por este acidente é grande, a imagem da senhora grávida não sai da minha cabeça, queremos encontrá-los a todo custo, depois que decolamos estava assistindo o jornal local no celular e fiquei sabendo que além de nós e os bombeiros o Exército ia delocar militares para cobrir por terra a calha do rio de Caracaraí até Santa Maria do Goyaçú sob coordenação de um Major do próprio Exército, todos querem encontrar e peço a Deus que algum de nós os encontre para aliviar o sofrimento das famílias e nosso também.
São 10:32 e já está batendo muito, tomei um sonrisal pois estava muito mariado (enjoado), já estou imaginando pelas 12h como vai estar. É uma missão nobre a nossa, mas extremamente desgastante com no mínimo doze horas de envolvimento diário.
Até ontem voamos 31h, hoje devemos voar mais umas 8h, era o segundo em horas de vôo na nossa equipe, depois dessa busca serei o primeiro. Somente em uma busca esse ano voei 72h. Hoje é o aniversário de 30 anos da Base Aérea de Boa Vista.
As 15 horas um piloto da aviação civil disse na fonia ter sobrevoado o avião, paramos o padrão e seguimos ganhando altura para o local, avistamos o avião, fomos tomados de grande euforia, achamos o avião e tinha uma lona em formato de barraca, sobrevoamos 45 minutos até o H-60 HELICÓPTERO BLACK HAWK do esquadrão harpia, o piloto da aeronave acidentada tinha feito um pouso perfeito, mas infelizmente ele contrariou o protocolo, não abandone o local do acidente, mas ainda assim ele cumpriu outro protocolo e deixou um bilhete escrito no ultrassom da senhora grávida no qual disse que seguiria a pé na proa 270º e que estavam todos bem, meu Deus quase chorei de alegria, dizia o bilhete:
"Estamos indo para  rio branco na 270º a equipe ta fraca passando fome a 3 dias por isso motivo da saída do acampamento informamos ainda perigoso com onças em selva peço que voces  vão até o Branco proa 270 precisamos de alimento por isso tentamos pegar barco no Rio Branco 29-10-2014 PP-FFR"
Assim nos diz o manual de sobrevivência MCA64-2 (Ed. 2014) na página 85 letra j:
"deixe sempre uma notificação por escrito, na aeronave, para aqueles que se empenham na sua busca. Também deverá deixar um sinal que seja bem visível do ar. Descreva clara e sucintamente, no mapa, a posição da aeronave, assim como a rota que tenciona seguir. Procure marcar o caminho que segue;"
Esse piloto é um herói, fez tudo certo até na hora de abandonar o avião, seu pouso de emergência foi perfeito, ele merece viver pelo que fez, sei que Deus o ajudará e aos outros também,peço-te Senhor por eles que necessitam de tua ajuda.
Deus tem sido generoso com este pobre e miserável servo d'Ele. Novamente começou outro corre-corre, abrimos um padrão pente no sentido da proa com dois observadores em cada lado, mas não avistamos ninguem até onde achamos que eles poderiam ter andado, o H-60 HELICÓPTERO BLACK HAWK seguiu direto a proa 270º, como nada achamos os resgateiros iriam fazer uma busca terrestre mas precisavam de mais dois, resolvemos lançar na Amazônia, algo inédito para nós dois paraquedistas, o SGT BARROS E O SGT AQUINO, como só tínhamos dois paraquedas lançamos os mais experientes, essa missão está sendo coroado com tudo o que nós empregamos e treinamos, foi vibrante, este velho soldado há muito não vibrava tanto, resolvemos voltar para abastecer em Boa Vista, e retornar com NVG night vision google, vôo com óculos de visão noturna, a missão ainda não acabou agora mais do que nunca queremos achar e resgatar todo mundo, pois eles falaram que estão muito debilitados, ainda não consigo parar de pensar na senhora grávida e na outra com um recém-nascido, Deus o Senhor nos ajudou até agora, nos ajude a encontrar estes sobreviventes esta noite, de todas as missões que fiz até hoje esta foi a que mais me emocionou, acho que estou ficando velho e com o coração mole, o sofrimento dos outros é o meu sofrimento.
Quanta emoção vivemos em um só dia, hoje de manhã supliquei a Jesus que nos ajudasse a encontrar, pedi a Santa Luzia, pois como observador sempre peço a ela já que é a santa dos olhos, ela sempre me ajuda, agora tenho que suplicar novamente para que nos ajude pelo resto da noite que vamos voar em busca deles com o NVG é possível ver um cigarro aceso e um celular ligado na selva, tenho fé que vamos achar, mesmo cansados vamos voltar.
São 17:24 decolamos novamente para o local do acidente, o helicóptero continua lá pousado, precisamos saber se está tudo bem, se encontraram as vítimas, hoje será o dia D na história do esquadrão pelicano, será o dia que mais se voou, e a noite está apenas começando. Como sempre pedimos lanche novamente e foi de pronto atendido, ao pousar vi várias ligações de minha irmã e liguei para ela, minha velha mãezinha tinha chorado o dia todo de saudade, falei com ela um tempo. Liguei para casa e contei o que ocorrera no dia de hoje, liguei também para o chefe da equipe de resgate do esquadrão pelicano, ele nos parabenizou pelo que tínhamos feito e estimulou a continuarmos até encontrar todo mundo... este é o nosso único desejo hoje, quero agradecer muito a Deus pelo que fez hoje usando-nos como instrumento do bem. Neste momento são 17:32 local. Não sei quanto tempo vamos voar nesta segunda jornada de hoje o sol já começa a se por, a noite vem chegando estamos bem perto do local.
Acabamos de fazer contato com o helicóptero, nada acharam e estão retornando, isto serve de lição nunca saia do local do acidente, nós iremos buscá-los. Estamos retornando a Boa Vista, amanhã a intenção é levarmos soldados e fazer uma varredura partindo do ponto do acidente em direção a proa 270º a que foi informada pelo piloto no bilhete, ah se eles estivessem ficado no local estavam todos em casa agora.
Liguei para meu irmão Augusto e na volta para sua casa, assistimos a missa na vila dos cabos da Base Aérea, pedi a Deus que nos ajudasse amanhã.
DEUS NOS AJUDE AMANHÃ E OBRIGADO POR HOJE.
DIA 31 DE OUTUBRO (6º DIA)
Ao chegar a Base eu me dirigi ao nosso avião, lá estava as 5:30 uma guarnição do Exército e do Bombeiro, fui até eles, dei-lhes os parabéns e disse-lhes que hoje eles teriam a honra de trazer para casa as vítimas deste acidente, eles estavam muito motivados, "salvar vidas" não pode ter missão mais nobre e creio que o Senhor Jesus também ama esta missão.
Preparamos a aeronave (pré-vôo), e decolamos na imensidão da Amazônia, voltamos confiantes que hoje eles voltam para casa, o Exército e os Bombeiros vão fazer uma varredura na área, até encontrar, o helicóptero já está com pouca hora de vôo disponível e precisa ser trocado, ele vai até Barcelos trocar por outra aeronave com mais horas disponíveis e retornará para a missão.
No início do padrão estavam três observadores de cada lado, tamanha era a euforia para encontrar, porém só temos um posto de observação em cada lado, então colocamos o colchão da maca e fizemos busca de joelhos, até o piloto Ten Rosa estava de joelhos em uma janela, o tempo foi passando, houve a primeira troca de posto e até agora nada, acabei de ser rendido no posto, perdi a fome, já rezei pedi a deus que tivesse misericórdia deles, são 09:59 e estou me preparando para voltar ao posto novamente, a minha dúvida é porque eles não estão fazendo algum sinal... nós já devemos ter passado por cima deles sem ver por causa da mata fechada. ONDE ELES ESTÃO?
Saí novamente do posto de observação, estamos a 6km do rio branco e a dez da avião acidentado, estamos voando a 800 ft de altura, daqui é possível ver o avião, mas não acredito que eles tenham andado tudo isso. São 11:15 neste momento.
NÃO TENHO COMO DESCREVER COM PALAVRAS O QUE VIVI AGORA
Encontramos (11:45) os sobreviventes, gritaria e lágrimas no avião, festa geral, os sobreviventes acenaram com uma bandeira branca, o SGT BARROS avistou na sequencia o SGT MARANDUBA plotou novamente, a festa era geral, não é possível descrever tamanha euforia, ficamos circulando até o helicóptero chegar, vimos cada vítima ser içada no guincho, a cada uma resgatada uma salva de gritos e euforia tomava conta, nos abraçamos em lágrimas, isto sim é um trabalho valoroso, desde já quero agradecer a DEUS e a todos os irmãos e irmãs que suplicaram a Deus, só ele para nos ajudar tanto assim.
MAIS CINCO VIDAS SALVAS EM MEU CURRÍCULO E NO CURRÍCULO DA TRIPULAÇÃO DO AMAZONAS E DO BLACK HAWK
"LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO - pelicano 01"   
Amazônia 31 de outubro de 2014 ás 12:23
A noite a notícia do acidente foi destaque em muitos jornais e a primeira notícia do Jornal Nacional, pude ver o sorriso do pai de uma das vítimas, o enfermeiro do SAMU, a irmã da senhora gestante e outros parentes, isto não tem preço, trazer de volta ao lar um pai, uma esposa, um filho principalmente quando há bebês envolvidos é uma comoção nacional.
Saímos para comemorar e honrar a tradição, os pilotos pagaram quase toda conta, festejamos seis vidas salvas.
PÉROLAS DA MISSÃO
No calor da busca algumas frases se perpetuam as quais chamei de pérolas da missão:
____ Pelicano é Salvaero! Confirme tipo de vegetação?
Mata Atlântica!
____ Observador é piloto! confirme se estão sendo resgatados?
Ok, estão subindo no rapel!
____ Piloto não visual com objeto!
Visual com o coqueiro!
_____Visual com dez kilômetros de Buritis!
_____ Alguém ta no visual do objeto!
Five oclock! Right!
____ Observador não está visual!
Visual com o coração no descampado!
_____ Senão é advérbio ou conjunção!
De acordo com o léxico da linguística e as questões epistemológicas da metafísica...

RELATO DO PILOTO DO AVIÃO DE BUSCA - Ten ROSA
"Não Vou ser injusto em citar todas as pessoas que me ajudaram a chegar nesse momento, minha família, professores que me compartilharam seu conhecimento para superar cada barreira, meus irmãos de azul que conheci na Academia da Força Aérea em 2006, meus instrutores de voo no ninho das águias que ensinaram a duras horas de instrução a arte de dominar o mais pesado que o ar, no 1/11gav o nascente das asas rotativas onde consegui pairar e aprender a usar a mais versátil das plataformas de voo juntamente com uma parte dos irmãos de azul que fizeram daquela a melhor turma que passou por aquela unidade, ao Esquadrão Pelicano melhor esquadrão do mundo ,onde o sangue laranja se fez brotar nas minhas veias onde tenho o privilégio de conviver com os melhores profissionais que um homem pode ter o prazer de servir, a cidade de Campo Grande onde conheci pessoas que mudaram a minha vida para sempre e hoje a tripulação do 2810 que foi um Instrumento do Pelicano 01 (Deus) que fez ser a diferença na vida de 5 pessoas e um pequenino que poderá conhecer o mundo sobreviveram 6 longos dias! Não foi fácil essa jornada mas não há como mensurar encontrar um sobrevivente! Muito obrigado a todos que puderam fazer esse momento realidade, cada um de vcs estavam nesse momento lá! "Para que outros possam viver" Busca !!!!!"


Paulo Gabriel Melo - Instrutor de sobrevivência e observador
fonte: https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4745865237318819122#allposts

sábado, 5 de julho de 2014

LIVRO DE SOBREVIVÊNCIA MÚLTIPLAS (ORG)

AGRADECIMENTOS

A FORÇA AÉREA BRASILEIRA, pela formação e investimentos feitos no decorrer da minha carreira.

Ao 7°/8° GRUPO DE AVIAÇÃO, pelos seis anos de vôos na região amazônica, conhecendo cada aldeia, rio, serra, pico, índio e toda sua imensa floresta e pela árdua missão de resgatar e salvar pessoas em toda Amazônia.

Ao 2°/8° GRUPO DE AVIAÇÃO, pelo apoio nas pesquisas e desenvolvimento da doutrina de sobrevivência na selva e no mar.

Ao 2°/10°  GRUPO DE AVIAÇÃO- ESQUADRÃO PELICANO pelas décadas de trabalho de busca e salvamento e pelo conhecimento transmitido, por todas as inúmeras vítimas salvas, pelas perdas de todos aqueles membros, que trocaram sua vida pela missão de salvar epara que outros possam viver .

Ao EXÉRCITO BRASILEIRO, pelas inúmeras vezes que me acolheu em suas organizações, seja em cursos ou no desenvolvimento de pesquisa.

Ao CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GUERRA NA SELVA, pelo brilhante profissionalismo e pela incessante busca de conhecimentos de sobrevivência na selva, a melhor e mais reconhecida escola de selva do mundo, orgulho nacional.

A MARINHA DO BRASIL, pelos conhecimentos transmitidos em navegação e marinharia.

Ao EAS  PARA-SAR , pela formação e direcionamento, berço da minha carreira como resgateiro.

As POLICIAS MILITARES e CORPO DE BOMBEIROS dos estados de Pernambuco, Amazonas e São Paulo, pela formação em atendimento pré-hospitalar e mergulho.

A INFRAERO, por seu constante desenvolvimento da doutrina de emergências aeroportuárias.

A AFAER pelo incessante trabalho de pesquisa e apoio na área de sobrevivência.

E a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram com esta obra e que sem eles não seria possível a sua realização.




ÍNDICE
CURRICULUM VITAE DO AUTOR
07
INTRODUÇÃO
08

CAPÍTULO I


  PRIMEIROS SOCORROS
12
GENERALIDADES
13
PRIMEIRO PASSO
15
CONSTITUIÇÃO DO CORPO HUMANO
16
RCP
17
FERIMENTOS
18
FERIMENTOS NO TÓRAX
20
TRAUMATISMO CRANIANO
20
TRAUMA DE COLUNA
22
FRATURA
22
OFIDISMO, ARANEÍSMO, ESCORPIONISMO E OUTROS
22
EVACUAÇÃO DE FERIDOS
27
EFEITO FISIOLÓGICO DO ACIDENTE NAS MULHERES
28

CAPÍTULO II


SOBREVIVÊNCIA NA SELVA
32
GENERALIDADES
33
ABRIGO
35
FOGO
36
ÁGUA SOLVENTE UNIVERSAL
40
ALIMENTAÇÃO
45
SINALIZAÇÃO
52
JORNADA SOBRE A SELVA
56
PROCESSOS DE ORIENTAÇÃO
57
INDIANISMO
60
O CABOCLO AMAZÔNICO
63
CAPÍTULO III

SOBREVIVÊNCIA NO MAR
64
GENERALIDADES
65
SINALIZAÇÃO
71
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DE UM SOBREVIVENTE
72
OBTENÇÃO DE ÁGUA
73
ALIMENTAÇÃO
74
PEIXES MARINHOS PERIGOSOS
75
TUBARÕES
76
NATAÇÃO E SINAIS DE TERRA
78
CAPÍTULO IV

SOBREVIVÊNCIA NO DESERTO
82
INTRODUÇÃO
83
ABRIGO
84


ÍNDICE
ÁGUA
85
ALIMENTOS
86

CUIDADOS NO DESERTO

91
O SERTANEJO
91

CAPÍTULO V


SOBREVIVÊNCIA NO GELO
94
INTRODUÇÃO
95
ORIENTAÇÕES BÁSICAS
95
ABRIGOS
96
FOGO
97
ÁGUA
97
ALIMENTO
97
CUIDADOS NO GELO
98

CAPÍTULO VI


EQUIPE SAR
101
O INÍCIO DO SAR
106

BUSCA E SALVAMENTO POR SATÉLITE

107
RESGATE POR HELICÓPTERO
109
UNIDADES DE BUSCA E SALVAMENTO
111
HELICÓPTEROS DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA
113
CUIDADOS NA APROXIMAÇÃO DE UM HELICÓPTERO
116
DIÁRIO
121
REFERÊNCIA
124
SITES DE REFERÊNCIA
126


Curriculum vitae

PAULO GABRIEL BATISTA DE MELO


NATURALIDADE: PESQUEIRA – PE

CURSOS




1 MECÃNICA DE AERONAVES- BMN (EEAR)
2.      MECÃNICO DE VÔO-BAV(EEAER)
3.      SALVAMENTO E RESGATE (PARASAR – EAS)
4.      BUSCA E SALVAMENTO (2º/10º Gav)
5.      MERGULHO AUTÔNOMO ( GBS – AM )
6.      MECÂNICA DE HELICÓPTERO CH-55 (7º/8º Gav)
7.      MECÂNICO DE ANV C-105
8.      MECÂNICO DE ANV C-95
9.      MECÂNICA DE HELICÓPTERO UH-50 (2º/8º Gav)
10.  MECÂNICA DE HELICÓPTERO UH-1H (2º/10º Gav)
11.  BUSCA ELETRÔNICA (DIRETORIA DE ELETRÔNICA E PROTEÇÃO AO VÔO – RJ)
12.  OPERAÇÕES NA SELVA (CENTRO DE INSTRUÇÃO E GUERRA NA SELVA)
13.  MARINHEIRO REGIONAL DE CONVÉS (MARINHA DO BRASIL)
14.  EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS E AFOGAMENTO (JORNADA CIENTÍFICA – HARF)
15.  EMERGÊNCIAS AEROPORTUÁRIAS – CVE (INFRAERO)
16.  PRIMEIROS SOCORROS ( NATIONAL SAFETY COUNCIL )
17.  ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR ( BO-PE)
18.  PRIMEIROS SOCOROS E RCP ( HGR )
19.  CCSPHM– CURSO DE CAPACITAÇÃO PRÉ-HOSPITALAR MILITAR (1º/10° Gav )
20.  ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO (EECR)
21.  PROCESSAMENTO DE DADOS E PROGRAMAÇÃO (CEMEC)
22.  LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA (UEVA-SOBRAL)
23.  LICENCIATURA PLENA EM TEOLOGIA (FTCS –RECIFE)
24. PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA (UCDB-MS)

ESTÁGIOS

1.      OPERAÇÕES E VIDA NA SELVA (CENTRO DE INSTRUÇÃO E GUERRA NA SELVA)
2.      MECÂNICA DE AERONAVE T-27 (ACADEMIA DA FORÇA AÉREA)
3.      EXTENÇÃO EM MECÂNICA-BMA (ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA)
4.      PADRONIZAÇÃO DE MONITORES (2°/8° Gav)
5.      MEDICINA AEROESPACIAL (BARF)
6.      SEGURANÇA DE VÔO (SERAC II)
7.      GESTORES DE MANUTENÇÃO (SERAC II)
8.      GUERRA ELETRONICA 2º/8º GAV

OPERACIONALIDADE

1.      OPERAÇÃO NA ÁREA AMAZÔNICA DE 1989 À 1996.
2.      AERONAVES VOADAS : UH-1H / CH-34 / UH-50 / CH-55 / DAUPHIN.
3.      TRIPULANTE SAR OPERACIONAL.
4.      OBSERVADOR SAR OPERACIONAL
5.      MONITOR EM RESGATE.
6.      SOCORRISTA DA BASE AÉREA DE RECIFE (1998 A 2004).
7.       MEMBRO DO SERVIÇO DE BUSCA  DA FORÇA AÉREA DESDE 1990 - SAR .
8.       INSTRUTOR DE MARINHARIA DA NE / VARIG (2001)
9.       INSTRUTOR DE MARINHARIA DA ATA LINHAS AÉREAS.
10.    PALESTRANTE DA FORÇA AÉREA EM SOBREVIVÊNCIAS.

CONDECORAÇÕES

1.        MEDALHA MILITAR DE BRONZE
2.        MEDALHA MILITAR DE PRATA
3.        MEDALHA BARTOLOMEU DE GUSMÃO
4.        MEDALHA DO PACIFICADOR

INTRODUÇÃO

    Todos os dias incontáveis vôos cortam os céus do nosso planeta, segundo a revista FLAP INTERNACIONAL chegam a um número bastante expressivo, em sua maioria são passageiros que não tem a menor idéia do que fazer em uma emergência, dependendo exclusivamente da equipe de comissários, que maioria das vezes não passou pelo infortúnio de ser um sobrevivente e em muitos casos a última vez que lidou com este tipo de situação foi no período de formação, isto para os que tiveram a sorte de formar - se em uma escola de comissários empenhada em passar os úteis conselhos de como sobreviver em ambientes diversos, por causa disto a ANAC (agência nacional de aviação civil) vem fiscalizando também os treinamentos de emergência das companhias aéreas.


TRÁFEGO AÉREO MUNDIAL – RESUMO POR CONTINENTE

REGIÃO
PASSAGEIROS
POUSO/DECOLAGENS
ÁFRICA
81.043.335
1.478.085
ÁSIA/PACÍFICO
526.696.072
5.227.819
EUROPA
997.293907
16.150.228
AM. LATINA/CARIBE
139.671.496
2.958.189
ORIENTE MÉDIO
66.800.107
750.450
AM. DO NORTE
1.438.522.041
33.916.318
TOTAL
3.246.026.958
60.481.159

No ano de 1993, estávamos na selva amazônica na fronteira com a Colômbia, quando vimos, da clareira que passamos a noite, um avião que rasgava o silêncio com o barulho do motor a jato e o intermitente flash da anticolisão, comecei a pensar que ali dentro havia pessoas de terno, empresários, autoridades e doutores que talvez jamais imaginaram como seria sobreviver em um ambiente hostil. Desde aquele dia até a data de hoje reuni inúmeros documentários e relatos de sobreviventes, aliada às pesquisas e a experiência pessoal como membro do SERVIÇO DE BUSCA E SALVAMENTO (SAR ) desde 1990, é que resolvi relatar nesta obra conselhos de vital importância para um sobrevivente nos quatro tipos de ambientes que podemos encontrar .
Diversas vezes vi pessoas morrerem por não saber o que fazer, coisas simples como fazer um fogo, obter água em uma região cortada por rios, técnicas básicas de primeiros socorros, fazer uma fossa de detritos, dentre outras.
                  Nada me toca mais do que encontrar pessoas em algum tipo de acidente, quer seja aéreo, marítimo ou terrestre, que não conseguiram sobreviver devido a falta de conhecimento sobre os aspectos de uma sobrevivência, que se soubessem aumentariam as chances de êxito, proporcionando um retorno seguro aos seus lares . Baseado nesta necessidade e na experiência profissional de muitos acidentes, é que tenho a pretensão de fornecer subsídios para uma sobrevivência eficaz.
                  Nós das equipes de resgate nutrimos pelos nossos sobreviventes um sentimento paternal, sem medir esforços para que retornem com vida, embora não seja aconselhável o envolvimento, não há como ser indiferente ao apelo de um pai ou uma mãe que tenha o seu filho desaparecido, sem contar as implicações jurídicas como seguro, que são dificultadas pelo desaparecimento do corpo e outras mais. É nesse espírito fraternal que tenho tido o privilégio de trabalhar desde a década de oitenta, vi muitos resgateiros levarem nos braços sobreviventes e enfermos, confesso que nunca vi nada mais humanitário, homens de caráter e dedicação integral que professam no seu dia-a-dia o amor ao próximo.  Não conheço muitas profissões, onde seus membros, arriscam a vida voluntariamente, presentes a cinemática do trauma, como os membros dos serviços de busca e salvamento da FAB e corpo de bombeiros, bem como todos os grupos atuantes nesta área, no entanto, a maioria não tem amparo legal , pois a profissão de pára-médico não está reconhecida no nosso país, temos um dever moral de reconhecer e lutar pela legalização destes profissionais, pois estão diariamente salvando a vida de pessoas em todo o país.             
                  Nesses quinze anos de trabalho em equipes SAR, fiz diversos cursos por interesse próprio e da Força Aérea, onde tive o privilégio de desenvolver e aprender uma doutrina eficiente, que pudesse possibilitar ao leigo um mínimo de conhecimentos que pudesse salvar sua vida e de outros , em caso de sinistro. O trauma em si é um fator contribuinte para deixar o psicológico do sobrevivente abalado, se for a noite a situação será desesperadora, restringindo-lhe a capacidade de encontrar soluções simples, em vez disto, pessoas tem praticado diversos atos covardes, como por exemplo, esconder comida para não distribuir a idosos e crianças, que acabaram perecendo por desnutrição, a prática do canibalismo, embora anti-ética em uma sociedade estruturada, foi muitas vezes e em muitos casos de sobrevivência a única comida disponível, não que seja o mais indicado , mas em não se sabendo o que fazer o ser humano busca soluções desesperadas. Assim sendo, não se propõe este livro a encerrar o assunto, haja vista a grande massa de informação disponível para aqueles que necessitam deste tipo de conhecimento, seja você um militar, piloto, comissário de vôo ou simplesmente um passageiro.
                  Em muito tem contribuído os acidentes, na prevenção de outros e na coleta de dados que possibilitam um raro conhecimento, que não se encontra disponível no mercado. Em muitas visitas e palestras ministradas as companhias aéreas e esquadrões de aviação da Força Aérea, falo aos tripulantes, da necessidade de se pensar como um sobrevivente e não como alguém que vai para casa depois do expediente, encontrei inúmeros manuais de sobrevivência escritos em inglês em um país onde a língua oficial é o português, e nem todos os tripulantes falam inglês, além do mais, a maioria dos manuais não são impermeabilizados, ficando impraticáveis numa sobrevivência no mar, ao passo que existem manuais confeccionados em plástico que não se desfazem com água,  os kit’s de medicamentos, não trazem relacionados para que servem e como deverão ser usados, muito ainda há por fazer, é urgente a implantação de matérias como primeiros socorros em escolas desde o ensino fundamental, bem como a divulgação de técnicas e métodos da área de sobrevivência nas companhias aéreas, treinamentos em períodos mais curtos, principalmente, no que diz respeito aos equipamentos dos kit’s de emergência e sua correta utilização. Um preparo prévio de uma situação de emergência, comentada por psicólogos, assessorada por pessoas com conhecimento específico em medicina de desastre, daria um suporte a quem nunca passou por uma situação de múltiplas vítimas, algumas gritando de dor, outras em estado de histeria, num caos terrível e que não poderíamos descrever em palavras, mas poderíamos de certa forma prevenir os tripulantes, sobre o que se encontra e como se prioriza o tratamento de acidentados em desastres, tão bem explanados nos treinamentos anuais do corpo de voluntários de emergência da INFRAERO, disponíveis a todas as pessoas em todo o Brasil, especialmente aquelas que lidam com a aviação em geral ou moram num raio de cinco kilômetros de algum aeroporto.
                  A maioria dos acidentes aeronáuticos ocorrem na aproximação, principalmente se a aeronave não estiver estabilizada, e nas decolagens, recaindo sobre o piloto a capacidade de decisão e um bom julgamento, não se constituindo demérito algum arremeter  a aeronave para um novo pouso, muito pelo contrário, este procedimento poderá salvar muitas vidas. A população que mora próximo aos aeroportos, num raio de cinco quilômetros estará sempre em sobreaviso podendo em muito, contribuir para o sucesso ou o fracasso das operações de salvamento. Quando não se tem noções de primeiros socorros, pensa-se em retirar de qualquer maneira os acidentados, gerando seqüelas irreversíveis, como a paraplegia ou tetraplegia, é importante que a população saiba o que fazer, pois os inúmeros acidentes aéreos com sobreviventes que participei, e que estes ocorreram em ambiente urbano,  jamais os encontrei com colar cervical ou imobilizados, quando em alguns casos, nem havia a necessidade de uma remoção urgente, logo nessa situação não justificaria tal desespero, precisamos sim, como sociedade organizada, adotar medidas no combate a ignorância, em especial nos primeiros socorros, visto que o acidente poderá ocorrer com um mendigo ou com uma autoridade, estamos todos sujeitos .
                  Os cursos de comissários tem uma importância fundamental na formação de seus tripulantes, não se podendo esquecer que os conhecimentos dos comissários (as) poderão em algum momento salvar muitas vidas, responsabilidade acima de tudo é o que se deve ter em mente ao fazer cumprir o currículo escolar tão bem elaborado pelo IAC, necessita de muitos ajustes que as próprias escolas em muito poderão ajudar, contribuindo com informações úteis.                                                       
                  Dos diversos ambientes que existem no planeta, onde teriam abordagens diferentes, falaremos dos quatro: selva, mar, gelo e deserto, porém, visando que o ambiente de selva constitui sessenta por cento do território nacional, abordaremos este último em maior escala, sendo este a base para os demais.

 

                                            NA ÁGUA                      MAR
RIOS E                      LAGOS
TIPOS DE
SOBREVIVÊNCIAS
                                                                                       SELVA
                                           NO SOLO                        DESERTO
                                                                                       GELO
                 


PROBLEMAS PRINCIPAIS ENCONTRADOS EM CADA AMBIENTE

MAR – A hipotermia é um fator decisivo de vida ou morte, que se agravará de acordo com a temperatura da água. O outro fator também decisivo é a obtenção de água ou a sua dessalinisação. Nos rios e lagos o protocolo é chegar a margem, porém deve-se ter em mente que os rios podem ser largos. O Amazonas tem 14 Km em sua maior largura e muitos outros podem chegar a mais de 50 Km.

SELVA – De todos os ambientes o que propicia ao sobrevivente a maior chance de sobrevivência é a selva, que com paciência poderemos viver anos, mas para um sobrevivente desacostumado ao meio os fatores climáticos, a vegetação e os mosquitos transmissores são os piores pesadelos do sobrevivente.

GELO – A hipotermia é o fator mais agravante nas regiões geladas, visto que o ser humano é muito suscetível ao frio podendo morrer rápido sem proteção.

DESERTO – A falta de água e o calor intenso faz com que o sobrevivente de desertos necessite de muita água e sombra, as duas mais coisas raras no deserto, levando o ser humano através do processo de desidratação ao coma e morte.

            Aprendi com os longos anos de pesquisa e de sobrevivência em ambientes diversos, que a partir do momento inicial da sobrevivência o sobrevivente deve viver um dia de cada vez, o passado ficou para trás e você ainda está vivo, o futuro não podemos controlar, portanto viva o presente, agradeça por ainda estar vivo, seja útil aos demais, não seja uma pessoa que reclama de tudo e de todos, pois neste mundo nada acontece por acaso, sobreviva, pois está para começar uma nova  e inesquecível fase em sua vida.


















































PRIMEIROS
SOCORROS
















GENERALIDADES
                  Diferentemente do protocolo hospitalar, onde não há riscos ambientais envolvidos, o preconizado no atendimento pré-hospitalar começa com a segurança do socorrista e da vítima, o socorrista deve procurar por agentes causadores de acidentes em potencial, como verificar se o assento ejetável foi pinado, se for avião de caça ou treinamento, se ainda há riscos de explosão, desabamento e se o transito foi desviado quando o acidente acontece em estradas ou área urbana e tudo aquilo que porventura possa colocar em risco a segurança de todos. O próximo item a ser verificado será a proteção individual, as barreiras de proteção, pois sem elas o risco de contagio de uma doença, desde uma hepatite até uma AIDS, é muito grande. Lembro-me sempre de um caso acontecido em Natal – RN com um médico que morreu eletrocutado quando tentava salvar uma vítima presa as ferragens, após o carro da mesma colidir contra um poste, havia um fio desprendido tocando o carro, neste acidente o médico foi a única vítima visto que os pneus faziam um isolamento do metal com o solo, este médico foi induzido pela segurança existente no seu ambiente de trabalho, o hospital. Coloque primeiramente a máscara descartável, os óculos de procedimento e por último as luvas, verificando se estas não estão rasgadas, visto que é um material muito frágil, você poderá salvar uma pessoa sem nenhum destes equipamentos, porém o risco fica por sua conta; uma vez em um acidente de trânsito ajudei as vítimas sem proteção alguma  e até fazer os exames de sangue e ver que não estava contaminado não descansei, portanto prudência e cautela nunca são demais,  caso você se identifique com a atividade de salvar ou socorrer pessoas leve sempre com você no mínimo um par de luvas descartáveis, em seu carro monte um kit mais sério com materiais simples, baratos e que poderão salvar muitas vidas, procure ser um multiplicador destes conhecimentos, você se sentirá muito bem.
            Mesmo sabendo de tudo isto poderá deparar-se com uma situação surpresa e não dispor de material, o que fazer? esta situação não deveria acontecer, mas se acontecer improvise colocando sacos plásticos nas mãos, amarre um pano fino no rosto, use óculos comum ou de sol , de forma a estar com um mínimo de proteção.
            Estando assim calmo e protegido, vamos começar pelo ABCDE do socorrista em conjunto com uma triagem para definir quem atenderemos primeiro, e esse momento para quem não tem experiência em medicina de desastre ou acidentes de massa pode ser o divisor do sucesso e do fracasso, se o acidente acontecer em uma área de estrutura aeroportuárea (dentro ou nas proximidades do aeroporto) existe uma convenção internacional bem como um cartão que utiliza o seguinte código de cores:
 

            LONA PRETA                                                    PESSOAS MORTAS

                                                                                       

            LONA VERMELHA                                               FERIDOS GRAVES


 

            LONA AMARELA                                           FERIDOS MODERADOS

 

            LONA VERDE                                                   FORA DE RISCO
           

CARTÃO PROTOCOLAR DE ACIDENTE DE MASSA USADO NO BRASIL PELA INFRAERO                                

     Este cartão em muito tem facilitado o apoio aos acidentes de massa pela sua praticidade. Ele é totalmente destacável, as orelhas amarelas do canto superior ficam com o motorista da ambulância que ficará com uma e dará a outra ao coordenador facilitando ao mesmo a rápida localização nos diversos hospitais, pois em um grande evento como este nenhum hospital comportaria todos os acidentados em virtude de termos hoje aeronaves com mais de oitocentos lugares, ficarão assim distribuídos em inúmeros hospitais e daí é que será montada uma relação para que os familiares possam acompanhar seus parentes.

            Se o paciente foi a óbito devemos deixar apenas a parte preta do cartão, jogando fora as demais cores, se o quadro do paciente é grave deixaremos a vermelha arrancando a parte amarela e verde, se o paciente deve ir ao hospital, mas sem urgência deixamos com a tarja amarela e arrancamos a verde ao passo que se o paciente não apresenta sinais e sintomas que necessitem cuidados médicos, este ficará com a tarja verde, muito embora um paciente poderá sair de uma faixa para outra se tiver uma piora no quadro. Ainda existem outros campos para preenchimento como nome, cidade, e outros.          

 

PRIMEIRO PASSO


            Verifique o estado de consciência da vítima, conversando com ela e tentando obter alguma resposta mesmo que seja um balbuciar, pois apenas isto nos indica que seu coração está batendo e ela está respirando, e peça autorização para ajudá-la, caso a vítima não permita ser ajudada não a toque, verifique ainda se ela localiza as dores e fornece o nome e outros dados, caso desmaie você já tem alguns dados, faça tudo isto sem movimentar a vítima, já que ela pode ter uma fratura completa ou parcial da coluna seja cervical, torácica, lombar ou outra. Após este procedimento e independentemente do resultado ligue 193 corpo de bombeiros, eles já estão acostumados com todas as situações decorrentes de trauma, além de ter todos os equipamentos necessários para uma extricação. Neste primeiro momento é fundamental analisar a cinemática do trauma, o que foi que aconteceu? qual o tipo de acidente? para assim tomar medidas corretas. A maioria da população tem celular, mas não colocou na memória o número dos bombeiros e para os que voam o número do SALVAERO  da região que irá voar, um procedimento simples que poderá salvar sua vida. Depois de executados estes procedimentos entraremos no ABCD do salvamento:
            A            VIAS AÉREAS DESOBSTRUÇÃO
            Observe se não há corpo estranho obstruindo as vias aéreas do paciente como por exemplo dentaduras e outros, observe ainda se a respiração está apresentando ruídos.

B            BOCA A BOCA ( RESPIRAÇÃO )
Ao ser constatado que não há obstrução das vias aéreas, encoste o ouvido nas narinas do paciente para se certificar de que o mesmo não respira, proceda então com uma manobra que permitirá a abertura das vias aéreas, coloque os dedos na mandíbula e faça uma pequena elevação do queixo, se ainda assim o paciente não respira insufle ar para dentro dos pulmões duas vezes e volte a escutar, porém se houver alguma suspeita de fratura da coluna esta manobra não deverá ser realizada e um outro procedimento deverá ser adotado, coloque um polegar abaixo de cada orelha bem na base da mandíbula, em seguida coloque o resto da mão sobre a face de forma que a só a mandíbula se desloque.

C            CIRCULAÇÃO
Com o indicador na lateral do pescoço você terá encontrado o pulso carotídeo, manobra muito comumente executada por atletas para checar a pulsação após os treinos e que recomendaria a todos treinar em si próprio, mas se não encontrar encoste o ouvido no peito e perceberá sem sombra de dúvida se o coração está batendo, se estiver parado faça compressões 30 vezes ao nível do externo, afundando uns 5 cm para ter eficiência e checando em seguida.
D            DISTURBIOS NEUROLÓGICOS
            Veja se o paciente apresenta algum distúrbio mental devido ao trauma, cheque o nível de consciência durante todo o tempo.
            E            EXPOSIÇÃO COMPLETA DO PACIENTE
            Embora seja difícil definir quando expor (retirar toda roupa do paciente) principalmente em áreas urbanas, onde o socorrista poderia ser mal interpretado, esta é a única maneira de se detectar uma hemorragia interna ou outro problema que poderia agravar e levar o paciente a morte.

 

CONSTITUIÇÃO DO CORPO HUMANO



CABEÇA                  CRÂNIO E FACE

PESCOÇO                 

TRONCO                 TÓRAX / ABDOMEM / PELVE
 

MEMBROS               SUPERIORES         OMBRO /   BRAÇO / ANTEBRAÇO E MÃO
 

                                     INFERIORES          QUADRIL / COXA / PERNA / PÉ          

            Existem oito sistemas importantes no corpo humano que afeta diretamente os trabalhos de primeiros socorros, visto que em cada um destes sistemas poderão ser identificados problemas que evoluirão para um quadro mais grave.
            Sistema tegumentar- constitui-se de pele e dos tecidos subcutâneos, são responsáveis pela proteção do corpo e a regulagem da temperatura.
            Sistema esquelético – é de crucial importância para a identificação dos tipos de fraturas e os procedimentos que o socorrista irá aplicar. Compreende-se por ossos, cartilagens, articulações e suas uniões com a finalidade de sustentar e proteger órgãos vitais como pulmão e coração, bem como o elemento formador de sangue, a medula óssea. Um indivíduo adulto tem cerca de 206 ossos que estão divididos em quatro grupos:
            Longos – perna, braço e antebraço.
            Curtos – mãos e pés.
            Planos e laminares – calota craniana.
            Pneumáticos – face e maxilar.
            Sistema muscular – são constituídos de músculos ( cor avermelhada ) , tendões ( cor esbranquiçada ), sendo responsáveis pelos movimentos do corpo.
            Sistema nervoso – coordena todas as atividades orgânicas do corpo, é formado por células nervosas (neurônios ), sendo dividido em duas partes: encéfalo ( cérebro, cerebelo, bulbo e tronco cerebral ) e medula.
            Sistema vascular – é o segundo mais importante para o socorrista, pois possibilita identificar e estancar uma hemorragia de importância vital para o paciente. Nosso sistema vascular é um circuito fechado de vasos, tendo ao seu centro uma bomba muscular oca denominada coração, que executa um trabalho cadenciado mandando sangue oxigenado pelos vasos a todos os órgãos do corpo e recolhendo aos pulmões para nova oxigenação processo conhecido como hematose. Nesse mecanismo existem duas fases, a grande circulação (coração – órgãos – coração) e a pequena circulação (coração – pulmão – coração).
            Sistema respiratório – dentre todos é o mais importante , pois sem o oxigênio a morte cerebral será definida em cinco minutos, na seqüência haverá parada cardíaca e esta respiração é dividida em dois ciclos:
-          Respiração interna – ocorre dentro dos tecidos.
-          Respiração externa – ocorre nos pulmões.
Sistema digestivo – é o responsável pela mastigação, ingestão, digestão, absorção dos alimentos e eliminação de parte dos resíduos. Estando em sua maioria localizado na região do abdome (barriga) é importante saber que qualquer ferimento nesta região será considerado grave; havendo evisceração (exposição de vísceras) jamais as coloque para dentro, cubra com gaze úmida ou pano limpo molhando sempre com soro fisiológico e na falta deste coloque água limpa, as bandagens não devem ser apertadas, apenas o suficiente para segura-las.
Sistema urinário – é composto de bexiga, rins, uretra, e ureteres. Os rins filtram o sangue retendo os resíduos que será eliminando através da urina. Como medida de precaução qualquer passageiro que se desloque em algum tipo de veículo, deveria sempre faze-lo de bexiga vazia, pois em caso de acidente será grande a possibilidade de rompimento, trazendo assim serias complicações. Em último caso o passageiro que vai enfrentar um pouso de emergência, após a confirmação do comandante, estando de bexiga cheia deverá urinar no local.  

REANIMAÇÃO CÁRDIO PULMONAR ( RCP )

            O diagnóstico que recomenda o uso da rcp é bastante simples, se uma vítima de mau súbito ou acidente para de respirar e ou o coração para de bater pode-se ter a impressão de que há uma morte aparente, mas este quadro pode e deve ser revertido com um procedimento conhecido por RCP, que só não deve ser feito se a vítima apresentar lesões incompatíveis com a vida  como por exemplo decapitação, grandes ferragens encravadas no abdomem, rigidez cadavérica e outros.
            As causas mais comuns de paradas são: asfixia, afogamento, infarto, choque elétrico, intoxicação, envenenamento e politrauma.
PROTOCOLO PARA RCP ( COM UM OU DOIS SOCORRISTAS )
            Após colocar a vítima em uma superfície rígida e com a barriga voltada para cima e tomando o devido cuidado com a cervical se é oriundo de politrauma, faça duas insuflações ( boca – a – boca / ambu / boca – máscara ) olhando para o tórax a fim de ver o movimento dos pulmões e já coloque o dedo ao lado do pescoço para identificar também se o coração parou.
            Especial cuidado deve ser dado aos politraumatizados, pois haverá sempre o risco de fratura na coluna o que levaria a uma paraplegia ou tetraplegia se a vítima não for manuseada com cuidado, sendo ideal para esta situação a utilização do colar cervical, mas se não dispuser deste e sendo necessário fazer a RCP, faça assim mesmo, pois os bombeiros têm uma frase que bem define esta situação, “primeiro a vida, depois a qualidade de vida”.
            A maioria das paradas são devidas ao relaxamento da musculatura da língua, que passam a obstruir as vias aéreas, podendo ser revertida com um pequeno deslocamento da mandíbula, feito isto o socorrista deve colocar o ouvido próximo as narinas da vítima para escutar a sua respiração, se após 5 segundos não obtiver resposta reinicie a rcp.

RCP ( COM UM OU DOIS SOCORRISTAS )

OBS.  : FAÇA REVERIFICAÇÃO A CADA 4 CICLOS OU 1 MINUTO
                            SE FOR BEBÊ O PROTOCOLO É DE 5/1 E DEVE SER FEITO COM O DEDO POLEGAR.
            A massagem cardíaca deve ser feita dois dedos acima do apêndice chifoide ou na linha média entre os mamilos com os braços retos a 90° com o corpo da vítima. Caso não esteja em um local isolado chame os bombeiros ou peça para alguém ligar e informe que a vítima está em parada ( bombeiros 193 ), esta informação é muito importante para ser priorizado o atendimento.

FERIMENTOS

            Ferimentos de importância levam a hemorragia (perda contínua de sangue), ocasionando uma diminuição do volume sanguíneo e consequentemente choque (falência parcial ou total do sistema circulatório), esta deficiência leva os órgãos a isquemia, perfusão sanguínea inadequada; cada órgão tem um tempo de tolerância a isquemia sendo a partir deste irreversível.

ÓRGÃO
TEMPO
Coração, cérebro e pulmão
4 a 6 minutos
Rins, fígado e trato gastrointestinal
45 a 90 minutos
Músculos, ossos e pele
4 a 8 horas

            Em um acidente o pulso é um dado importante, pois demonstra  a qualidade da circulação, a medida que este sangue circula dentro das veias e artérias adquire uma frequência e amplitude (medida pelo eletrocardiograma e esfigmomanômetro) denominada pressão arterial.
                                                                                                                                                                                                                   
diastólicasistólica                                   12070
0      
Pressão em mm Hg

            O tratamento consiste no controle da hemorragia e na reposição de sangue ou soro, nem sempre disponíveis no local do acidente, embora um socorrista não tenha respaldo legal, não tendo como chegar a um hospital em 15 minutos como é o caso da maioria dos acidentes aéreos, o soro seria fundamental e o problema maior está na realidade em não se ter um profissional da área de saúde, pois os comissários não saberiam realizar este procedimento, visto que não está previsto em sua formação.
            Os sinais apresentados por um indivíduo que a hemorragia está levando ao choque são: pele fria, úmida, pálida, queda de pressão arterial e alteração do nível de consciência.
            Nestes casos a agressividade pode indicar os efeitos da hipóxia pela má perfusão cerebral restando-nos usar os recursos disponíveis no local:
ü  Elevar membros inferiores
ü  Fazer uso do oxigênio disponível no avião
ü  Proteger o corpo contra perda de calor (hipotermia)
ü  Aplicar soro (venóclise)
ü  Estancar a hemorragia por compressão local,curativo compressivo ou torniquete.
O torniquete deverá ser feito apenas se o paciente não puder ser removido a um hospital em 15 minutos e deverá ser afrouxado a cada 10 ou 15 minutos e reapertado, caso não consiga conter o sangramento pressione diretamente a veia ou artéria com pinça ou outro objeto.
     Procedimentos que não devem ser feitos, pois piorariam o estado do paciente:
ü  Obstruir sangramentos em cavidades naturais principalmente na face como narinas, boca e ouvido.
ü  não remova objetos encravados, pois se ele estiver tamponando um vaso importante aumentará a hemorragia.





FERIMENTO



ABERTO
lacerante – explosão, sai tudo para o meio externo
abrasão, escoriação – arranhar,ralar
cortante – cortado por objetos
perfurante – cavidade fechada
corto-contuso – bate e corta
empalado – objeto em cavidade natural
transfixante – entra e sai
evisceração – saída de vísceras para o meio externo

FECHADO
entorse – torção na articulação não completa
luxação – torção com rompimento dos ligamentos
contusão – pancada de pequeno porte

FERIMENTOS NO TÓRAX

            No tórax estão localizados órgãos vitais como coração e pulmão, se o ferimento for transfixante na região pulmonar deve-se fazer um curativo de 3 pontos, deixando-se um dos lados soltos e voltado para o chão para permitir que funcione como uma válvula unidirecional .


                                            curativo de três pontos

           Ao colocar um pano ou gaze para estancar um sangramento, não o retire se encharcar e sim coloque outro por cima sem nunca retirar os anteriores.

TRAUMATISMO  CRANIANO

            As lesões que acometem o crânio são consideradas graves, visto que 50% das mortes estão associadas ao traumatismo de crânio. Uma maneira fácil de identificar a lesão craniana é a anisocoria, diferença de tamanho das pupilas (uma dilatada e outra contraida).



Uma forma totalmente confiável de se detectar a morte cerebral em uma pessoa é fazendo incidir sobre seu olho uma luz, caso ela contraia o cérebro está vivo, pode-se perceber este procedimento com seu próprio olho no espelho do banheiro.

            Neste caso o mais recomendado que haverá disponível no avião será o oxigênio portátil, pois a oxigenioterapia supre a maior deficiência do cérebro nos casos de trauma ; são ainda dados importantes para identificar o traumatismo craniano as alterações de consciência, ferimentos no couro cabeludo, face, deformação no crânio, sangramentos pelo nariz e ouvido. Deve -se conversar com o paciente todo o tempo para mantê-lo acordado, usar colar cervical se houver suspeita de fratura de coluna, colocar a cabeça mais alta que o corpo de preferência em uma prancha rígida improvisada, afrouxar as vestes e aquecer para evitar a hipotermia.


TRAUMATISMO DE COLUNA

            A coluna vertebral, como a própria palavra diz, é a mais importante estrutura óssea do nosso corpo, pois abriga os feixes nervosos responsáveis por todos os impulsos elétricos que originam o batimento, a respiração e os movimentos e pode ser dividida em três partes distintas:
ü  CERVICAL – localizada na região do pescoço, fraturas neste ponto levarão o paciente a tetraplegia (ausência de movimento do corpo).
ü  TORÁXICA – estão mais protegidos pela caixa toráxica.
ü  LOMBAR – próxima a região glútea, abriga as enervações da bexiga.
            Em qualquer acidente traumático como queda de altura, mergulhos em locais rasos, acidentes de carro, moto, avião, deve-se supor a possibilidade de fratura em um ou mais setores da coluna, a recomendação é colocar o colar cervical, imobilizar em prancha rígida com proteção lateral para cabeça, imobilizar totalmente e transportar a um local adequado de socorro.

FRATURA

            É uma ruptura total ou parcial da estrutura óssea, que pode ser aberta (ou exposta) onde há o rompimento da pele e o osso fica em contato com o meio externo e será fechada quando não houver rompimento da pele; as fraturas dos membros superiores e inferiores não causam risco de morte e devem ser tratadas após a estabilização do paciente.
            Ao ser identificada a fratura, imobilize o mais próximo possível da posição anatômica ou da forma mais confortável para o paciente.

OFIDISMO, ARANEÍSMO, ESCORPIONISMO E OUTROS

INTRODUÇÃO

            Existe na selva uma grande quantidade de armadilhas naturais que o sobrevivente precisa identificar para não ser apanhado de surpresa, mesmo porque os recursos disponíveis por um sobrevivente para tratar as enfermidades são muito poucos e com certeza soro antiofídico não haverá, por isto o conhecimento prévio é de vital importância. Os pesquisadores dessa área do conhecimento há muito tempo trabalham um tipo de soro liofilizado e em pó que não necessita de conservação em geladeira como os atuais, talvez no futuro esteja este soro disponível nos kits de emergência das aeronaves, com as explicações de como usar, pois, seu uso por pessoa sem conhecimento prévio poderá causar um choque anafilático e levar a vítima a morte.
            Na linguagem popular é comum haver uma confusão de termo e procedimento a ser adotado, sendo o primeiro deles a diferença entre o animal peçonhento e o venenoso.O animal peçonhento além de possuir o veneno, possui também órgãos específicos, presas, ferrões e outros para introduzir este veneno em sua presa ou por defesa em seu agressor, logo para que um animal seja peçonhento é necessário que possua este mecanismo. Por outro lado o animal venenoso é aquele que para causar algum mal ao sobrevivente necessita de um contato  por toque ou por ingestão como é o caso dos sapos e rãs venenosas como o sapo cururu, o peixe baiacu e outros.

            Falando com especificidade sobre ofídios, estes usam sua peçonha para paralisar a sua presa, uma vez que são lentos e não conseguiriam correr atrás de suas presas e para facilitar a digestão, usando também para defesa quando nós adentramos em sua área, não é a intenção deste animal  atacar mas por sua lentidão e não tendo como fugir ataca. Deve o sobrevivente andar com cautela e procurar identificar o animal antes de estar em seu raio de ação.
            O veneno atuará diferentemente dependendo de inúmeros fatores que influenciará na ação toxicológica, se o animal agressor fez refeição a pouco tempo usando grande parte deste veneno em sua digestão, o local picado é uma região com grande irrigação ou muito próximo a centros nervosos no caso de cascavéis e corais devido a ação neurotóxica do veneno, a quantidade de massa corpórea aumentando a gravidade nas crianças, quantidade de veneno inoculado para dentro, eficiência nos botes, a cascavel é precisa em quase cem por cento dos botes, pelo seu tamanho e agressividade as surucucus tornam-se mais perigosas ao empeçonhamento e muitos outros fatores. As cobras, até por uma questão teológica, tem motivado o homem a desferir-lhe golpes contra a sua cabeça desde o jardim do Éden, estando presente em nossa linguagem fisiológica como psiu, que se diz quando quer silêncio, este segundo alguns especialistas é oriundo do guizo do chocalho da cascavel e assim foi entrando para a nossa cultura como um alerta a perigo.
            No mundo existem muitas espécies do cobras venenosas e peçonhentas, sendo algumas bastante perigosas, mas abordaremos aqui apenas as brasileiras e que tenham alguma importância seja de caráter alimentício ou periculoso.

OFIDIOS BRASILEIROS
      
NOME CIENTÍFICO
NOME VULGAR
CROTALUS
CASCAVEL
BOTHROPS
JARARACA
BOTHRIOPS
SURUCUCU DE PATIOBA
LACHESIS
SURUCUCU
MICRURUS
CORAL
BOA EUNECTES
JIBÓIA/ SUCURI

                  Existem certos órgãos nos ofídios que os identifica como sendo um animal peçonhento como por exemplo a fosseta loreal , órgão termorreceptor que auxilia na busca por comida identificando entre outros o tamanho e a forma do animal .
                  Ter algum conhecimento com relação a disposição dos dentes e presas dos ofídios é extremamente importante, pois permite identifica-lo como sendo peçonhento ou não, embora não deve o sobrevivente ocupar-se de abrir a boca dos ofídios para identifica-los mesmo estando morto .
As que tem sua disposição do tipo áglifa, ou seja, todos os seus dentes são iguais servindo para auxiliar a impelir a presa para trás, não possuindo presas como, por exemplo, as gibóias e sucuris. O outro grupo em disposição dentária são asOpistóglifas, estas  Possuem um ou mais pares de dentes bem salientes localizados na parte posterior da arcada dentária superior, sua localização e ranhuras não muito perfeitas  dificultam a inoculação, favorecendo a dispersão da peçonha, sendo raros os casos de acidentes humanos com esta espécie, tendo como exemplo as falsas corais.
As proteróglifas estão encaixadas no grupo das que apresentam um ou mais pares de dentes bastante aumentados e profundamente chanfrados, localizados na parte anterior do maxilar superior.  Seu sistema inoculador já é bem mais perfeito que o das anteriores como por exemplo as corais venenosas, todo e qualquer acidente com coral é considerado grave. O último grupo de classificação quanto a dentição são as Solenóglifas, estas possuem um ou mais pares de dentes maxilares grandes, móveis(presas), que funcionam como se fossem uma injeção, tal é a perfeição destes dentes, e como já era de se esperar toda solenóglifa é peçonhenta.
            Os órgãos utilizados pelos ofídios tem algumas características particulares como forma de adaptação destes animais ao meio que habitam, sua visão é boa , porém pela sua proximidade com o solo torna-a bastante limitada, as fossetas loreais são utilizadas como um mecanismo termoreceptor semelhante ao mecanismo de captação de calor apresentado no filme predador , o olfato é substituído nestes animais pela língua que usa para perseguir as presas e para o acasalamento.
            Possuem hábitos diversos, nadam, rastejam, sobem em árvores, saltam, mergulham, têm hábitos subterrâneo e subaquático, variando de uma espécie para outra.

COMO DIFERENCIAR AS PEÇONHENTAS DAS NÃO PEÇONHENTAS
ÓRGÃO
NÃO PEÇONHENTA
PEÇONHENTA
Cabeça
estreita, alongada, coberta por placas
triangular, bem destacada do corpo e coberta por escamas
Olhos
grandes com pupilas redondas
pequenos, com pupilas em fenda
Corpo
coberto por escamas achatadas e lisas
escamas ásperas, em forma de quilha
Cauda
longa, afinando gradual e lentamente
curta, afinando bruscamente
Quando agredidos
Fogem
tomam posição de ataque
Movimentos
Rápidos
lentos
Hábitos
Diversos
noturnos
Quanto a reprodução
ovíparos (põem ovos).
ovovivíparos, seus ovos são incubados no interior do organismo materno e, posteriormente, os filhotes são expelidos vivos

PRIMEIROS SOCORROS
 Quando se trata de uma vítima de enpeçonhamento o único remédio, e não há outro, é o soro antiofídico que tem o seu uso para tratamento hospitalar feito por médicos especialistas em tais acidentes, pois, a aplicação por uma pessoa sem conhecimento desta soroterapia poderia levar um paciente a morte visto que o índice de rejeição é alto, porém em ambiente hospitalar o médico dispõe de tratamentos que não teríamos em outro ambiente como o uso de corticóides aplicados juntamente com o soro para diminuir a rejeição. Em todo caso existem alguns procedimentos básicos que poderão ser feitos para diminuir o tempo de complicações que são:
1º  Manter o acidentado em absoluto repouso.
2º  Lavar o local da picada com água e sabão.
3º  Elevar o membro afetado para reduzir a necrose local.
    4º Procurar o serviço médico de referência mais próximo
                  NÃO FAZER
·         Torniquete
·         Furos no local da picada
·         Sugar o veneno
·         Colocar pó de café ou qualquer outro produto sobre a picada
EFEITOS DA PEÇONHA
TIPO
AÇÃO
CROTÁLICO
Hemolítica- destrói os glóbulos, neurotóxica, miotóxica
BOTRÓPICO
Proteolítico- causa necrose tecidual
LAQUÉTICO
neurotóxica e miotóxica
ELAPÍDICO
Neurotóxico -afeta o sist. nervoso central

ARANEÍSMO

As aranhas peçonhenhentas do BRASIL  pertencem a muitos gêneros, sendo bem diversificado quanto as espécies e localidades, mas, ao que tudo indica a sua maior presença é nas regiões sudeste e sul. Dentre elas podemos destacar aquelas de maior vulto:
1961 – O comandante da Base Aérea de Santa Cruz –RJ, recebe uma missão para destruir um terrível inimigo, imediatamente ordena que sejam equipados uma esquadrilha de jatos com bombas incendiárias para atacar um recanto da Baia de Guanabara onde estava concentrado o inimigo, soldados da Base Aérea do Galeão fizeram um cerco e atearam fogo no terrível inimigo, a vitória foi certa e a área virou um inferno em chamas. Este terrível inimigo era na realidade um ninho de aranhas do tipo Flamenguinha que apresenta listas pretas e vermelhas no abdome e o veneno por muito tempo acreditava-se seria letal ao ser humano, este e outros casos relatados neste livro são verídicos, mas demonstra o pavor que nós temos contra aranhas, escorpiões e serpentes.
GENERALIDADES
A maior incidência de acidentes ocorre em épocas frias no período mais quente do dia, sendo que metade destes acidentes ocorre dentro de casa em um número mais freqüente com a Phoneutria e a Lycosa.
               As aranhas peçonhentas não fazem teias  e quando fazem são irregulares ao contrário das não peçonhentas que fazem teias geométricas.

nome
habitat
Armadeira (Phoneutria fera)
telhas, tijolos empilhados sendo muito agressivas
Tarântula (Lycosa)
Jardins, embaixo de pedras e paus podres picando quando tocadas
Viúva-negra (Latrodectus)
Baixa vegetação tendo a peçonha mais perigosa de ação neurotóxica
Caranguejeira (Eurypelma)
Do tamanho de um celular grande sua picada produz dor intensa pelo mecanismo da picada não sendo tão grave

       Embora raramente façam vítimas fatais, a menos que se trate de crianças, obrigatoriamente procure o serviço médico mais próximo.
            Em se tratando de aranhas os primeiros socorros devem ser tratados com analgésicos e sedativos por produzirem dores intensas.

ESCORPIONISMO

GENERALIDADES
Os mais comuns são o Tityus serrulatus normalmente encontrado no Sul, o Tityus bahiensis ao longo do Centro Sul, e o Tityus cambridgei na AMAZÔNIA e NE (na região de mata atlântica).
            Normalmente encontrados embaixo de paus, tábuas, pedras, e picam ao serem agredidos com uma glândula de veneno localizada na ponta da cauda,  provocando dor intensa,  hipotensão arterial, taquicardia e sudorese (suor).
                 Os primeiros socorros devem ser administrados com sedativos e analgésicos devido a dor intensa, procure o serviço médico mais próximo.

ABELHAS E VESPAS

Produzem dor pela inoculação de peçonha através do “ferrão”, que não devem ser retirados com pinça e sim raspando a região para não inocular mais veneno na vítima. A maior preocupação vem por conta das múltiplas picadas que tornam o acidente em si mais grave, principalmente na região da cabeça e quando em crianças poderá ocorrer um edema de glote ( perda de respiração ).

EVACUAÇÃO DE FERIDOS


A evacuação poderá ocorrer por qualquer meio de transporte disponível e na falta destes deverá ser improvisado uma maca, de madeira, lona, manta, ou outro artefato que possibilite o transporte do ferido a um local com recursos necessários para o atendimento.

EVACUAÇÃO TERRESTRE
                  Embora seja a mais difícil, poderá ocorrer quando não se sabe o local exato, embora tenha sido delimitada uma área e que por motivo de força maior, como fatores meteorológicos adversos , a busca não pode ser realizada por meio aéreo, ou serão deslocados os sobreviventes até um ponto de fácil acesso.

EVACUAÇÃO FLUVIAL
                  Poderá o salvamento acontecer por meio de barcos de pescadores que por estarem próximos ao local auxiliam no salvamento, comum na região amazônica em virtude de não haver estradas disponíveis, os rios são os mais importantes meios de locomoção da população ribeirinha.

EVACUAÇÃO AÉREA

            Ocorrerá normalmente após ter sido realizada uma busca aérea e localizado os sobreviventes, então o passo seguinte será o resgate por meio de helicóptero, que poderá ocorrer com o pouso do mesmo, usando a alça de salvamento ou a extração por meio de macguire ( método de salvamento em que consiste na retirada por meio de cordas fixadas a uma maca de um lado e no helicóptero do outro ).

EFEITOS FISIOLÓGICOS DO ACIDENTE NAS MULHERES

EXISTEM MUITOS ESTUDOS FEITOS SOBRE AS MULHERES QUE TRABALHAM SOBRE O EFEITO DA FORÇA G (FORÇA QUE ATUA QUANDO A AERONAVE FAZ ALGUM TIPO DE MANOBRA OU ALGUM OUTRO MECANISMO QUE AUMENTE A FORÇA GRAVITACIONAL) OU SOBRE O EFEITO DA PRESSURIZAÇÃO A BORDO DE AVIÕES.

            Nos EUA as mulheres da aviação de caça estão tendo alguns problemas relacionados a dismenorréia, porque a força G tem causado grandes males a saúde como hemorragias internas graves e outras seqüelas mais, embora essa informação não tenha sido confirmada pelos laboratório da USAF, mesmo assim as mulheres continuam a exercerem funções a bordo das aeronaves que de uma certa forma estão mais seguras do que na aviação militar, embora o Brasil tenha aberto as vagas de pilotagem, não creio que elas pilotarão aviões de caça enquanto não tivermos pesquisas confiáveis a esse respeito, devido aos problemas de saúde que tiveram as americanas, creio que elas irão para aviação de transporte ou até helicóptero, desde que não tenham que pilotar helicópteros de combate, pois tem a mesma força G dos aviões de caça e ataque, mesmo usando equipamentos de proteção como o macacão anti-G, até que se tenha dados e equipamentos de proteção para se evitar tais males.
            Em um acidente aéreo o primeiro acontecimento será que com raras exceções, todas as mulheres menstruarão e não haverá absorventes a bordo das aeronaves, embora tenhamos feito muito relatórios solicitando a inclusão destes itens nos kit’s de sobrevivência, começamos a ver os resultados ao ver um absorvente para a tripulação de um VARIG, só as mulheres acidentadas é que sabem o desgaste psicológico de passar quatro dias ou mais totalmente encharcadas de sangue sem ter um absorvente, falta pouco mais alguns anos de relatórios e estarão sendo disponibilizados para as passageiras.
No Brasil existe um estudo feito pela Diretoria de Saúde da Aeronáutica para as mulheres que trabalham na aviação, trazendo os problemas sofridos pelas mulheres nesta espécie de profissão e foram analisados aspectos básicos da fisiologia feminina que tenham relação com o vôo.
Este artigo publicado na revista médica da aeronáutica do Brasil, pelos médicos Waldo f. Temporal e Cláudia V. Graeff, sobre o título “ A mulher em vôo” apresenta um estudo detalhado sobre:
ASPECTOS GINECOLÓGICOS – Ciclo menstrual – um estudo realizado com duzentas comissárias de bordo mostrou que 48% apresentaram alterações do fluxo e/ou dor pélvica e congestão, que foram atribuídos ao estresse e dessincronização interna devido a alterações do ritmo circadiano (repetição freqüente de funções fisiológicas). As escalas irregulares, mudanças de dieta podem potencialmente interferir nos fatores psicofisiológicos e afetar o ciclo menstrual, embora não possam ser relacionados exclusivamente ao vôo, estes fatores aumentam a incidência quando são aeromoças iniciantes ou viajam em rotas transmeridionais, que com o ganho de experiência na atividade e o tempo de serviço fazem estas alterações de ciclo voltarem ao normal.
Assim sendo não há evidência atual de que a atividade aérea produza qualquer efeito adverso e duradouro no ciclo menstrual das tripulantes.
FORÇAS ACELERATIVAS – A USAF fez testes de aceleração em centrífugas humanas durante alguns anos com forças acelerativas até +9Gz e estes não apresentaram distúrbios uterinos, nem causaram efeitos adversos na menstruação.
Algumas ocorrências isoladas de incontinência urinária de estresse foram observadas em algumas mulheres quando expostas à alta carga G, agravado com a insuflação do equipamento anti-G, na minha opinião isto acontece devido as mulheres terem a bexiga mais baixa que os homens.
O laboratório Armstrong da Escola de Medicina Aeroespacial da USAF realizou inúmeros estudos sobre a tolerância da mulher às acelerações, revelando que a mulher tolera as forças G tanto quanto o homem e não sendo alterados os ciclos menstruais.
DOENÇAS DE DESCOMPRESSÃO – Os pesquisadores Weien e Baumgartner da USAF, concluirão após seus estudos que a incidência de DD era de 4,3 vezes maior nas mulheres do que nos homens, ocorrendo esta incidência em maior escala durante o ciclo menstrual.
ASPECTOS OBSTÉTRICOS – A  mulher grávida em vôo – Foram feitos testes com primatas grávidas e ficou demonstrado que o feto se encontra num ambiente bem protegido e que o fator crítico seria mais para a mãe do que para o feto. Logo é aconselhável que mulheres gestantes usem o cinto em uma posição baixa durante decolagens e aterrissagens, dessa forma o peso será distribuído sobre os ossos da pelve e não sobre o abdome mole, o ideal é que tivesse cinto restritor de ombro como tem algumas comissárias, não estando sujeita aos riscos da fita, sendo maior esse risco durante as emergências. Um autor examinou diversas pacientes próximas do parto, envolvidas em acidentes automobilísticos e concluiu que raramente o trauma induz ao parto. Recomenda-se que a mulher grávida em vôo utilize a poltrona menos apertada do corredor e ande durante quinze minutos em cada hora.
ESTRESSES DE VÔO – Poucos dados temos a esse respeito, uma vez que até bem pouco tempo só era estudado nos homens, sendo agora comparado os dados entre os sexos, não temos até o dado momento identificação de nenhum fator fisiológico de importância operacional que possa colocar a mulher em desvantagem com relação ao homem.

Agentes agressores no ambiente de trabalho da comissária de bordo

Tipo de agente
Exemplo
Físico
Variações da pressão barométrica
Baixa umidade na cabine
Vibrações
Ruídos
Variações de temperatura
Iluminação interior e exterior
Hipóxia
Químico
Gases, Vapores, Fumaças
Biológico
Vírus, fungos, bactérias, parasitas, portadores
Psicossocial
Ausências freqüentes do ambiente social e familiar
Atenção a passageiros doentes, irritados e exigentes
Estresse devido ao próprio vôo
Exposição a diferentes ambientes sociais e culturais
Condições de trabalho sob confinamento
operacional
Freqüentes alterações na escala de vôo
Sobrecargas de tarefas em vôos curtos e longos
Condições adversas de navegação
Estrita pontualidade
Situações de emergência em vôo
Mudanças de fusos horários

CRIANÇAS –  As muito novas são melhores acomodadas quando viajam no colo, estas são mais suscetíveis a aerocinetose (enjôo), apresentando também sensibilidade as trompas de eustáquio (ouvido) e bexiga. É recomendável nos pousos e decolagens que a criança use chupeta para facilitar a equalização do ouvido médio.
ANTROPOMETRIA E LESÕES EM EJEÇÃO – Segundo dados da USAF, em pesquisa realizada por um período de cinco anos (jan 89 a dez 93), onde foram ocorridas 199 ejeções concluindo-se que os tripulantes com lesões graves eram os mais pesados e os mais altos apresentaram maior risco para fratura espinhal.
A MULHER AVIADORA – O único problema apresentado para as mulheres é o padrão antropométrico das cabines tanto na aviação civil como militar, já que foram feitas tomando-se como base o homem, mas com relação a sua capacidade de enfrentar o estresse de vôo, gravidez e menstruação o seu desempenho na cabine equipara-se ao do homem.
Os equipamentos desenvolvidos hoje para a aviação levaram em conta o vigor e a capacidade física masculina, logo seria contra indicado para as mulheres, precisamos desenvolver pesquisas e estudos científicos para adaptar esses equipamentos. A mulher tem cerca de 60% da capacidade muscular do homem, dessa forma estaria abaixo dos critérios previstos para certos controles das aeronaves, podendo a mulher não ter força física suficiente para executar certos comandos.






Percentual de sujeitos com força máxima abaixo dos critérios da USAF.

COMPARAÇÃO ENTRE HOMENS E MULHERES

CONTROLE
CRITÉRIO
(KG)
ABAIXO DO CRITÉRIO
(%)
HOMEM             MULHER
MANCHE PARA FRENTE
34
0
28
MANCHE PARA TRÁS
23
0
40
MANCHE PARA A ESQUERDA
16
5
95
MANCHE PARA A DIREITA
16
50
100
PEDAL ESQUERDO
82
7
11
PEDAL DIREITO
82
0
5

            Grande parte das mulheres como vimos na tabela acima não podem ser acomodadas nas cabines atuais e isto não se deve a nenhuma deficiência feminina e sim ao modelo dos projetos de engenharia, que até agora levam em consideração apenas as características físicas masculinas, creio que num futuro próximo essas cabines estarão adaptadas aos dois sexos, visto que já temos pilotos do sexo feminino na aviação civil e militar em muitos paises do mundo embora elas sejam minoria. 


           



































SOBREVIVÊNCIA
NA
SELVA

 

 

 









GENERALIDADES

Se o avião em que você está, fizer o pouso forçado em plena selva, não se desespere mantenha-se calmo e com a cabeça no lugar, muitas pessoas passaram por esta situação e tiveram sucesso, manter a calma para agir corretamente é o primeiro passo de um sobrevivente, aqueles que conseguem manter um certo grau de otimismo estará em condições superiores aos demais, pois o seu psicológico o ajudará a encontrar soluções simples e eficientes.
Após o abandono da aeronave, utilizando as janelas de emergência sobre as asas em seguida a escorregadeira, faça-o rápido, mas com ordem e segurançaafaste-se a uma distância segura de pelo menos 100 metros, pois poderá haver explosão, principalmente se o piloto não consumiu todo o combustível, o avião, apesar de ser um dos maiores inventos da humanidade reúne em si uma combinação de alta periculosidade, motores a uma temperatura de mais de 700° C, quatro toneladas de combustível normalmente acima dos motores, dois ou mais geradores de energia energizados, fora o APU, por tudo isto, volte depois que se tenha evaporado o combustível derramado, e esfriado os motores, permanecendo junto da aeronave, a sua localização será o ponto de partida das buscas, além do seu transmissor de emergência que estará acionado indicando aquela coordenada pelo sistema COSPAS-SARSAT, que falaremos adiante.


* foto do arquivo pessoal de Cláudia Rocha



Ato imediatamente seguinte, trate os feridos priorizando os mais graves como veremos no capítulo de primeiros socorros e acione o rádio transmissor de emergência,nós precisamos saber onde você esta para resgatá-lo. O principal fator de limitação da sobrevivência, é a integridade física deficiente, mas existem vários relatos de sobreviventes, que conseguiram superar, mesmo que as condições não fossem as melhoresSocorra os feridos sem descuidar da sua própria condição física, este fato foi notório no FAB 2068, primeiro acidente aéreo do Brasil onde foi empregado o serviço de busca e salvamento, o cabo cuidou de todos e acabou morrendo, devido a grande extensão de suas queimaduras, acabou contraindo o tétano( na época não era exigido de tripulantes tomar anti-tetânica) e na minha concepção todos deveriam tomar esta vacina obrigatoriamente para fazer qualquer vôoTente fazer contato pelo rádio da própria aeronave, utilizando a freqüência de emergência 121,5 Mhz ou 406 Mhz. Organize o grupo, distribua funções, cada sobrevivente deverá desempenhar uma função, mantendo-se desta maneira ocupado: sem organização e conhecimento, dificilmente se retornará a civilização. Não se apresse após as primeiras medidas, planeje cuidadosamente antes de agir.
Próximo do avião, com os primeiros socorros já efetuados, rádio transmissor acionado, e o grupo organizado, sua sobrevivência estará baseada num tripé: água, alimentação e fogo. Descanse física e mentalmente ou pelo menos tente, para  se refazer do choque que o acidente causará. Construa um abrigo, pois chove demais na selva, principalmente de outubro a março. Não se esqueça de que o Rio Amazonas corre paralelamente a linha do Equador, e por esta razão não há quase crepúsculo. A tarde, deixe tudo preparado no acampamento, pois a noite cai rapidamente, não tente sair do acampamento após as quinze horas, pois não encontrará mais a trilha, já me perdi diversas vezes tentando encontrar o caminho de volta, na selva cem metros são iguais a mil, se compararmos com um outro ambiente urbano. 
Mantenha sempre a liderança sobre o grupo se você é o comandante ou comissária, evitando desta maneira que algum passageiro sem qualificação para tal o faça, se você é um passageiro, este não é o momento para culpar nem tão pouco agredir o piloto ou tentar transformá-los em seus empregados, ajude se possível for, a ajuda dos sobreviventes é indispensável, pois existem passageiros que são tão eficientes ou mais do que certos tripulantes, principalmente aqueles que conhecem a região, foi assim que no acidente do VARIG, comandado pelo Garcez, muito bem explanado no livro Caixa Preta de Ivan Santana, o que recomendaria a todos a sua leitura. Lembre-se também, que muitos aviões já  fizeram pouso forçado em diversas áreas na Amazônia, por cima da copa de árvores com mais de setenta metros de altura, no chão mais de um palmo de folhas úmidas. Durante o dia, 36 a 38°C de temperatura, durante a noite de 6 a 7° C , e, em alguns locais da selva, podendo descer até 3° C , como é caso dos igarapés. Às nove horas amanhece, e ás quinze horas  já é noite, em algumas regiões da floresta os sobreviventes respiram ar quente e úmido, tomando um verdadeiro banho de sauna, não retire a camiseta suada ela conservará a temperatura do corpo durante o dia. Existem clareiras enormes, parecendo estranhos desertos, como encontramos no estado de Roraima nas proximidades de Boa Vista, desprovidas de animais na época das secas. O silêncio é absoluto enlouquecedor sem grito de animal ou canto de ave, dias de intenso calor e madrugadas de frio úmido insuportável, onde somente uma coisa é constante: o mosquito, seja ele pium, anófele ou outro tipo, já vi estes mosquitos tirarem do sério muitos combatentes experientes em áreas de selva, cubra todo o corpo, coloque uma camisa na cabeça, estilo ninja. Tendo conhecimentos, não há o que temer na selva, a selva é um grande supermercado, podendo-se retirar dela todos os recursos de que necessitamos para a sua sobrevivência, especialmente água e alimentos, lembre-se: a selva não pertence ao mais forte, mas ao sóbrio, habilidoso e resistente.
Os mosquitos transmissores de doenças são tantos que é difícil até lembrar o nome de todos os que são cientificamente conhecidos, mas um conselho que aprendi com os índios e faço questão de passar para todos, permaneça dentro do abrigo das 5 as 7h da manhã e das 17 as 19h a noite, pois segundo eles é o horário dos mosquitos transmissores atuarem, os sete anos que passei na Amazônia seguindo este conselho comprovaram a sua veracidade, mas para complementar esta obra vou especificar alguns de importância para o sobrevivente, caso tenha disponível passe o óleo da copaíba, diesel ou repelente.

MOSQUITOS TRANSMISSORES
NOME DO TRANSMISSOR
DOENÇA
Aedes Aegypty 
Ae­des albopictus
dengue
Anófele
malá­ria
Culex
filariose
Haemagogus
febre amarela silvestre
Aedes Aegypty
febre amarela urbana
moscas, percevejos, piolhos, pulgas
tularemia
pio­lhos do corpo e pulgas
tifo
Flebotomus
leishmaniose
Carrapatos
tifo de carra­pato

Preocupações com animais selvagens, serpentes venenosas, escorpiões etc.  normalmente são exageradas em relação aos riscos que na realidade nos oferecem estes animais, caminhei durante dois meses e o único animal que vi foi uma jararaca de dois palmos que se manteve imóvel a minha passagem.
       Além destes, outros cuidados deverão ser observados como cuidar dos pés diariamente, proteger os olhos e os ouvidos, precaver-se contra infecções cutâneas, conservar limpos o corpo, a roupa e o local de estacionamento, bem como evitar doenças intestinais com a lavagem de mãos e alimentos encontrados na selva se houver disponibilidade de água.


ABRIGO
Improvisar um abrigo que nos ofereça proteção contra os insetos, preferencialmente utilizando a própria aeronave, visto que na maior parte dos acidentes, sempre sobra uma parte do charuto, fuselagem da aeronave, onde se pode aproveitar retirando as cadeiras e os mortos, enterrando estes em covas rasas em um local previamente marcado, se não tiver condições para tal tarefa, procuraremos um local perto do avião construindo o abrigo com os recursos do conjunto de sobrevivência e do próprio local onde estivermos. 

FOGO
A confecção de fogueiras também será muito útil, pois servirão para espantar insetos, sinalizar, aquecer, cozinhar, purificar água, além de manter a distância animais indesejáveis, aumentando assim a moral do grupo. Entretanto muito cuidado ao executar esta tarefa, guardando uma distância segura do avião, e controlando para não ocasionar um incêndio na floresta.
Dentre os sobreviventes escolha aqueles que tenham mais condições físicas e conhecimentos para a procura nas imediações de alimentos e água. Nas primeiras 24 horas deverá ser obedecido o racionamento tanto de comida como de água, porque já estaremos abastecidos para este período, e em contrapartida, não saberemos por quanto tempo aguardamos a chegada do grupo de busca e salvamento, além do que o corpo precisa saber que entrou em uma situação de emergência, e isto só acontecerá após vinte e quatro horas sem água e comida. Permaneça no local do acidente tanto tempo quanto possível, pois os destroços do avião constituem um bom alvo para a localização de seus sobreviventes, enquanto pessoas isoladas caminhando na mata, sem necessária sinalização são muito difíceis de serem encontradas.
Instruir os sobreviventes capacitados para ajudarem na sinalização usando todos os recursos existentes a bordo, e improvisando com os recursos obtidos no local do acidente, procure colocar panos coloridos sobre as árvores, ou outros objetos que destoem do verde da vegetação, bem como objetos que produzam brilho (partes da carenagem, latas, etc). Se houver clareira faça sinais no solo, feitas com folhas, madeiras grossas, galhos secos e verdes. Faça um fogo e use fumaça se ouvir ou avistar alguma aeronave, isto poderá ser conseguido com a colocação de folhas verdes sobre a fogueira e esta deverá ser mantida acesa durante o dia e a noite.
Mantenha os sinalizadores protegidos, envoltos em algum saco plástico para que a umidade da selva não venha danificá-los, porém prontos para o uso tendo o cuidado de só utilizá-los quando vista ou ouvida uma aeronave. Junte a maior quantidade de material combustível possível, mantendo este material sempre seco, reserve uma área mais aberta exclusivamente para sinalização, deixando ali uma pequena fogueira e pedaços de borracha que ao ser colocado sobre a fogueira produzira fumaça preta, se colocarmos folhas verdes estas produzirão fumaça branca, devendo a fogueira ser cuidada constantemente. A limpeza do acampamento faz-se necessária de forma a enxergar tudo com clareza, principalmente animais peçonhentos.
Uma latrina deverá ser feita e as fezes cobertas com cinzas ou areia, este procedimento não foi executado no acidente do comandante Garcez, e o resultado é que todas as pessoas que tinham ferimentos pequenos ou grandes, tiveram os mesmos contaminados pelas moscas varejeiras, depositando ali seus ovos que viraram pequenas larvas. Por estarem em um acampamento sem higiene e os ferimentos estarem descobertos foram retiradas grandes quantidades de larvas vivas de todos os ferimentos com pinça, inclusive em algumas mulheres na região vaginal.
 Mantenha vigilância constante no local do acidente, evitando os perigos de animais ferozes, cobras e índios que não tiveram contato com a civilização, bem como se mantenha atento à aproximação de aeronaves ou pessoas que vivam em regiões próximas, estas poderão indicar-lhe o caminho ou oferecer alguma ajuda.
A média de tempo para serem localizados os sobreviventes de uma aeronave é aproximadamente de 04 (quatro) dias, sendo o sinal do rádio transmissor captado de cinco minutos a vinte e quatro horas, as baterias do rádio duram até quarenta e oito horas, mas a prática nos tem mostrado que funcionam por tempo bem superior a este, caso seja necessário abandonar a área do acidente, leve em consideração o estado físico dos sobreviventes e as facilidades e dificuldades de locomoção.
Quando deixar o local de acidente, deixe por escrito as razões de seu abandono e as indicações corretas de rumo seguido, pois caso as equipes de resgate os encontrem, saberão por onde prosseguir na busca, a medida em que caminha faça marcas bem visíveis ao longo da trajetória seguida, não se esquecendo de levar a bússola e outros auxílios indispensáveis a sobrevivência.
A incerteza e a angústia que afligem o sobrevivente durante o período de espera pelos grupos de salvamento, podem culminar em atitudes precipitadas e comportamentos inadequados a situação, quando realmente o socorro chegar.
A falta de autocontrole pode comprometer toda a operação de salvamento, manter a situação sob controle neste momento é vital; acate as instruções, e quando for avistado, não se deixe levar por excessos de alegria ou descontrole emocional nervoso. Coopere com a equipe de salvamento, não se expondo a riscos que possam ocasionar ferimentos ou de qualquer maneira dificultar os trabalhos.
Se o salvamento acontecer por meio de helicóptero, o que ocorrerá na maioria das vezes, e você estiver em terreno acidentado, siga para um local mais adequado, um cuidado especial deve ser dado aos rotores do helicóptero, pois se tornam invisíveis quando giram, também deve ser usado o sinalizador de fumaça para indicar a direção e intensidade do vento. Após o toque com o solo, coloque a alça do cabo de salvamento como se veste um casaco, pois se houver um contato antes que a mesma toque o solo, o sobrevivente levará um choque devido a energia estática do helicóptero não ter sido liberada. Cuidado para não ficar dependurado de costas, a trava deve ficar voltada para frente. Se você estiver incapacitado, alguém do S.A.R. (salvamento e resgate) descerá para ajudá-lo. Ao se aproximar do helicóptero fazê-lo agachado, em direção ao piloto ou co-piloto e sempre pela frente de forma a ser avistado.
Enquanto o socorro não chega o aconselhável é permanecer junto à aeronave e aguardar; a maioria das missões de busca e salvamento bem sucedidas se deram desta forma.
As vantagens de se permanecer próximo ao local do acidente são muitas: é mais fácil avistar a aeronave do que um grupo de pessoas, embora saibamos que a missão de busca é extremamente cansativa, horas e horas olhando pela janela, lembro certa vez de uma busca feita sobre o rio amazonas, que senti uma enorme dor nos olhos aliada a uma cefaléia insuportável, pode ocorrer ainda que alguém escutou o pedido internacional de socorro “mayday – mayday” que o comandante da aeronave fez antes de cair e irá averiguar o que aconteceu e notificar alguma autoridade ou reportar a torre de controle do ocorrido.
A aeronave e suas partes proporcionam meios de sinalização e vários materiais úteis a sobrevivência como carenagens, refletores, tubulações, estrutura para abrigos, combustível e óleo para fogueira, etc, porém especial cuidado deve ser dado as partes metálicas para evitar cortes com a pele.
Você só poderá abandonar o local do acidente nas seguintes condições:
1.      Recebeu instruções para-tal, por meio de fita mensagem, rádio ou outro mecanismo.
2.      Tem certeza que conhece a região e encontrará ponto melhor de abrigo, alimentação, água e socorro, com os recursos disponíveis.
3.     Após ter esperado vários dias, e tiver certeza de que a possibilidade de salvamento é pequena, e ainda tiver recursos necessários para a viagem, não se esquecendo de deixar por escrito a direção que seguiu.
Enquanto aguarda o salvamento cuide muito bem de sua saúde e dos demais sobreviventes, com especial atenção para higiene e condições sanitárias do acampamento, Procure um abrigo que forneça máxima proteção com um mínimo de energia desprendida, se houver condições aproveite a própria aeronave, a maioria dos acidentes com aviões de grande porte permitem a sua utilização como abrigo, lembre-se que você deve economizar o máximo de energia fazendo apenas o estritamente necessário. Faça um levantamento de todos os seus suprimentos e se parte do grupo sair para procurar socorro, estes deverão levar 2/3 das provisões existentes, o outro 1/3 ficará com o grupo que permanecer no local do acidente, sendo quatro pessoas o número ideal para iniciar uma jornada. Em ambiente de selva nem mesmo as necessidades básicas faz-se sozinho, percebi muitas vezes que a onça pintada nos seguia durante dias, esperando que alguém ficasse sozinho para que ela pudesse dar a sua investida, animal predador, sutil, inteligente, que jamais ataca para perder, não se engane com a beleza desse felino, pois ele nada, corre, sobe em árvore, pula e muito mais golpes melhor que você.



                             ITENS DO KIT DE SELVA DAS AERONAVES
EQUIPAMENTO
Apito
Botas de lona
Bússola / Caixa de costura
Cartão de sinalização terra/ar
Corda fina de nylon
Espingarda com cartuchos (anv militar)
Kit de pesca
Espelho para sinalização
Faca / Facão
Fósforo a prova d’água
Sinalizador de fumaça laranja
Lanterna
Luvas
Manual de sobrevivência
Marcador de mar
Pedra de fogo
Purificador de água
Saco plástico para água
Repelente
Plástico para coleta de água / Sal
Kit de 1º socorros                              



LEIS DA SELVA

1.     TENHA INICIATIVA, POIS NÃO RECEBERÁS ORDENS PARA TODAS AS SITUAÇÕES, TENHA EM VISTA O OBJETIVO FINAL.
2.     PROCURE A SURPRESA POR TODOS OS MODOS.
3.     MANTENHA SEU CORPO E EQUIPAMENTOS EM BOAS CONDIÇÕES.
4.     APRENDA A SUPORTAR O DESCONFORTO E A FADIGA SEM QUEIXAR-SE E SEJA MODERADO EM SUAS NECESSIDADES.
5.     PENSE A AJA COMO CAÇADOR, NÃO COMO A CAÇA.
6.     SOBREVIVA SEMPRE COM INTELIGÊNCIA E SEJA O MAIS ARDILOSO.
 ADAPTADO DO CIGS – CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GUERRA NA SELVA.


ÁGUA SOLVENTE UNIVERSAL


            Sendo um dos elementos indispensáveis da natureza, teve sua importância iniciada no período cosmológico pelos filósofos gregos, que atribuíam à água como sendo a partícula mater do universo e tudo o mais dela se originaria, seria certamente redundante explicitar a sua importância diante de sua vitalidade. A medicina mais antiga que se tem notícia a Ayurveda, da Índia, traz em suas literaturas que a água é um tipo de energia vital chamada Prana, presente também em outros elementos e usada como uma forma de tratamento conhecida como hidroterapia. Já no império romano os balneários ou termas, eram centros de saúde e bastidores políticos, grandes eram os monumentos arquitetônicos que utilizavam a água como principal atrativo, sendo o balneário de caracala um dos mais famosos.

            Oitenta por cento do nosso corpo é formado por água, para a maior parte das literaturas médicas, e setenta por cento para as demais, dessa forma é a água um solvente universal indispensável a sobrevivência da raça humana, limitando a vida em média a doze dias, de acordo com as pesquisas feitas pela guarda costeira americana, tanto será melhor a qualidade de vida de um ser humano, quanto for a pureza da água consumida por este, no futuro, de acordo com diversos cientistas políticos a água será motivo de grandes guerras, visto a sua escassez  no planeta. Segundo a brilhante pesquisa e monografia do CMA (Comando Militar da Amazônia), o Brasil detém quase dez por cento de toda a água disponível no nosso planeta, o que torna o nosso país e em especial o Amazonas e toda a amazônia legal, detentora de oitenta por cento dos recursos hídricos nacionais, tornando-se assim um alvo de cobiça a mercê de homens desonestos e corruptos, embora saiba pela vivência que o nosso Exército não compactuaria de tal ato, muito pelo contrário seria uma resistência perpétua em sua defesa, visto que seus antecessores Marechal Rondon e Pedro Teixeira muito se empenharam em sua defesa e graças ao seu enorme contingente na área, teriam os países, ditos desenvolvidos, um campo de batalhas de proporções catastróficas, o Brasil, apenas pelo fator água, poderá tornar-se no futuro uma potência, sem nem sequer levar em conta o restante da tabela periódica presente naquele solo.

TRANSPORTE PARA FORA DO AVIÃO NO MOMENTO DO ABANDONO DA AERONAVE, TODA ÁGUA E LÍQUIDOS EXISTENTES A BORDO, MENOS BEBIDAS ALCOÓLICAS. PODE-SE VIVER SEMANAS SEM ALIMENTOS, MAS, SEM ÁGUA, A PERSPECTIVA DE VIDA É MUITO PEQUENA, PRINCIPALMENTE EM REGIÕES QUENTES, ONDE GRANDE QUANTIDADE DE ÁGUA É PERDIDA PELA TRANSPIRAÇÃO, RESPIRAÇÃO, FEZES, URINA, ETC.

Além de beber, a água será importante para ferver alimentos, higiene e até como item de sinalização. Toda água encontrada na selva deverá ser purificada antes de ser consumida, embora na zona urbana a contaminação seja maior,  os meios para realizar esta purificação são os seguintes: os conjuntos de sobrevivência contém substâncias com esta finalidade, basta seguir as instruções, o mais usado atualmente é o clorim, pequenos comprimidos a base de cloro; tintura de iodo, também faz parte destes conjuntos, basta adicionar de 8 a 10 gotas para cada litro de água , deixando o iodo agir por 30 minutos após o que a água poderá ser bebida. Outro modo de purificar é por  meio da fervura por pelo menos 1 minuto. A única exceção é para a água da chuva, quando colhida diretamente em recipientes limpos, poderá ser tomada sem purificação, bem como a água de origem vegetal, e aí teremos a água de coco, devendo-se escolher os que sejam nem muito verdes nem extremamente maduros, cuidado ao chegar no alto para não despencar ao avistar alguma aranha ou cobra; cipós,  especialmente os de casca grossa e cor avermelhada também conhecido como cipó d’água, que produzem água cristalina e refrescante, devendo-se no entanto evitar aqueles que produzem líquido leitoso ou amargo. Hastes de bambu também podem conter água, bastando para retirá-la, fazer um pequeno orifício junto aos nós, usando finos bambus ou canudo de capim; cactos, principalmente os “bojudos”, conhecidos no sertão nordestino como coroa de frade, dos quais deveremos cortar e destacar a parte de cima, amassando o seu miolo, bebendo a água assim obtida, semelhante a abacaxi.
Para colher água da chuva você poderá improvisar um recipiente, cavando buracos e a seguir forrando-os com plásticos, bote ou  o toldo deste,  como vasilhas use ainda grossas hastes de bambu para armazenamento,.
Comece logo a procurar por água, e ao encontrar fonte de água estabeleça sua localização em relação ao local do acidente demarcando o caminho. Encontrando trilhas de animais, você poderá segui-las, pois normalmente levam a uma fonte de água, tendo porém bastante cuidado para não se perder, assim como manter o mesmo cuidado ao beber, pois muitos animais ficam de tocaia, aguardando sua presa. Os animais diferentemente do ser humano vivem durante todo o seu ciclo vital baseado em três itens.

água
moradia
alimento
 











As frutas costumam conter grandes quantidades de água, portanto não perca a chance de saciar sua fome e sede ao encontrá-la. Outra possibilidade para se encontrar água será aquela das chuvas, retida em plantas como gravatás e parentes do abacaxi que por possuírem folhas resistentes e bem chegadas umas às outras, sobrepondo-se como escamas, costumam conter apreciável quantidade de água. Devemos passar esta água por um pano, a fim de eliminar a maior parte das impurezas, e os insetos aquáticos.
Ao se encontrar um lago lamacento ou local com água barrenta, mesmo assim poderemos nos beneficiar desta água, tornando-a praticamente cristalina, bastando para isto escavar em solo arenoso, a uma distância de  2 metros da margem aguardando que a água flua e o lodo se deposite no fundo.
           
 A água de rios, riachos, nascentes, lagoas, poderá ser bebida sem maiores problemas, desde que tenha sido purificada por um dos processos apontados acima. O próprio orvalho que fica retido nas folhas, poderá ser coletado em um plástico que se coloca no chão abaixo da árvore, sacudindo suas folhas. Ás vezes, a água obtida das maneiras acima mencionadas, poderá ter aparência turva ou uma coloração qualquer, mas poderemos filtrá-la através de um pano, melhorando seu aspecto. Em sobrevivência o aconselhável é beber água somente a noite, visto que durante o dia pouco retemos devido ao suor, em situação normal o aconselhável são dois litros diários, em situação emergencial 750 ml serão  suficientes.
Outros locais nos quais poderemos procurar água, serão locais baixos e úmidos, em encostas, ao longo dos fundos dos vales, e ao pé dos aclives, sempre escavando junto a vegetação verde e viçosa. Como podemos observar, a água na floresta é abundante basta saber procurá-la.
 A necessidade de água na floresta densa é muito menor do que no deserto, a uma mesma temperatura, o corpo humano requer de duas a três vezes mais água no deserto a fim de compensar a eliminação; vi inúmeras vezes homens bem adaptados a regiões desérticas desmaiarem por uma desidratação profunda em alguns kilômetros de caminhada. Caso esteja em região árida, seca, procure por água em leitos secos de rios e riachos, escavando na parte mais baixa, sob pedras, ou escavando no local onde o leito faz uma curva, no lado de fora desta curva.
Terrenos rochosos são impróprios para se encontrar água, mas se você estiver em região assim, procure nos vãos entre as rochas, ou em abaulamentos conhecidos como caldeirão. Próximo ao mar, procure onde a areia estiver úmida entre as dunas, nas depressões entre dunas, e mesmo na praia, em níveis acima de maré alta; sobrevoando a costa litorânea encontramos muitos córregos, embora a água seja um pouco salgada devido ao seu contato com o sal, não se preocupe, o sal em quantidades mínimas evitará cãibras.
Urina e água do mar não servem para beber por possuírem alto teor de sal. Por fim lembraremos que caso água e alimentação estejam presentes em quantidades muito reduzidas devemos racionar estes suprimentos, senão o corpo usará sua própria água acelerando o processo de desidratação. Na falta total de água, o sobrevivente deve evitar alimentar-se, locomover-se ou expor-se ao sol.

ALIMENTAÇÀO


            As primeiras 24 horas devem ser de absoluto jejum para que o corpo entenda que estamos em emergência, neste período deve-se reunir todo alimento disponível e fazer uma busca nos porões da aeronave para procurar elementos de utilização na sobrevivência.
            Uma vez reunido todo o alimento, deverá ser feito um racionamento, controlado de forma rígida, pois nesta situação o homem e a mulher tornam-se animais, como soubemos de alguns sobreviventes jovens desesperados pelo medo de morrer de fome, esconderam comida e as crianças ficarem com fome, sempre falo em minhas palestras e cursos que a sociedade de sobrevivência tem um comportamento diferente, visto que quando está em jogo a vida de cada pessoa, esta fará de tudo para sobreviver e poucas são as que apresentam um espírito de grupo. Bebidas alcoólicas devem ser eliminadas, visto que em nada contribuirão para prolongar a sobrevida dos passageiros, deixando alguns em estado de euforia e raiva que nada contribuirá ao grupo.
                  Todos os alimentos suprirão as necessidades, porém para que sejam eficientes devem conter alguma energia assim distribuída.

Carboidratos
Devem ser utilizados sempre que houver restrição de água sendo encontrado nos vegetais, cereais e frutas.
Proteínas
Sua finalidade e a de refazer os tecidos, sendo encontradas nas carnes, leite, ovos e em alguns vegetais
Gorduras
Necessário ao sobrevivente em pequenas quantidades encontradas nos vegetais(amendoim e coco) e animais (carne, peixe, ovos, leite e derivados)

TIPOS DE ALIMENTOS
Rações de Emergência
São os alimentos que constituem os kit’s de emergência, já vem prontos ou necessitando de pequeno preparo, caso o sobrevivente encontre outro alimento na selva deverá poupar a ração de emergência
Alimentos Silvestres
Origem Animal- A maioria dos animais e mesmo formigas como a tanajura (fêmea da saúva) e outros insetos serão fonte de energia em uma sobrevivência.
Origem Vegetal - serão certamente o que mais teremos em virtude de sua abundância e facilidade de encontrar

                  Em se tratando de alimentos vegetais a regra CAL (cabeludo, amargo e leitoso) será de grande valia uma vez que é o princípio básico para se identificar o vegetal venenoso, portanto um alimento que se encaixe nesta regra não deverá ser consumido, a menos que se conheça, como por exemplo a jaca que é leitosa e como sabemos não é venenosa. Se mesmo assim não conseguir identificar cozinhe por uns cinco a dez minutos e prove sem fazer a ingestão, caso sinta gosto amargo, queima, náuseas... este alimento não deverá ser consumido em hipótese alguma. Outra indicação segura de que o alimento é comestível é encontrar o alimento mordido por macacos ou outro animal como pássaro e ainda formigas.
                  OBS: os cogumelos venenosos não eliminam o veneno pelo cozimento, por isso jamais coma cogumelo selvagem, bem como animais mortos e sapos não devem ser consumidos.
PLANTAS COMESTÍVEIS
Frutas
Todo fruto doce pode ser consumido bem como as  flores.
Nozes,Castanha e Pinhões
Encontramos por todo país castanha do Pará, de caju, pinhões e coqueiros
Grãos e Sementes
Muitas gramíneas são comestíveis e a maioria que apresentam sementes também.
Fetos Vegetais e Samambaias

Brotos de bambu podem ser consumidos com o cuidado de retirar o pêlo que causa irritação, este deverá ser cozinhado. Toda palmeira provê o palmito que só deverá ser retirado sendo esta pequena, não tente derrubar uma palmeira de cinco metros de altura, pois o palmito é pobre em calorias e na compensará o esforço.
Plantas Aquáticas
Rabo-de-gato e capim elefante - Come-se os brotos bem novos, cuidado com a vitória régia em sua parte que fica debaixo d’água, pois é formada por espinhos para sua proteção.
Açucenas Brancas D’Agua
Suas hastes e flores são comestíveis.
Casca de Arvores
No nordeste encontramos com muita facilidade nas feiras grande quantidade de cascas de árvores usadas para fazer chá para diversas enfermidades como aroeira, juá, pinhão, angico e abacate.
Legumes e Verduras (hortaliças)
constituem-se de folhas, vagens, talos é sempre bom cozinha-las.
 
 Juazeiro

                  O juá pode ser usado para escovar os dentes, pois, produz uma espuma de sabor refrescante (saponina), deve-se raspar a casca e usar o pó, bem como produz uma frutinha rica em vitamina e bastante doce.

Raízes
Mais do que nunca, ao procurarmos raízes ou tubérculos como fonte de alimentação, devemos obedecer a regra “amargo e leitoso”. De fato, poderemos encontrar em plantações abandonadas (cará, batata-doce, inhame, mandioca, etc) bem como nas áreas de mata cerrada, e nas florestas não muito densas. Como sabemos a mandioca brava é venenosa, e exige além do cozimento outro tipo de tratamento prévio, ralar as raízes completamente, lavando e espremendo a massa feculenta em varias águas, cobrindo em seguida e deixando de molho.
Quanto ao aipim pode ser ingerido perfeitamente após o cozimento a diferença entre essa e a mandioca brava é o sabor.
Quanto a batata-doce a parte de cima das folhas poderão ser fervidas e aproveitadas como verdura, assim
                  Folha de mandioca

Todas as plantas que possuírem folhas parecidas com esta têm suas raízes comestíveis, porém pela grande quantidade de amido sempre deverão ser cozinhadas senão causarão distúrbios intestinais.

folha de batata

Alimento de Origem Animal
                  Respeitando a regra CAL( cabeludo, amargo e leitoso ) para alimentos de origem vegetal e levando – se em consideração que cururu, baiacu e urubu não se comem os outros alimentos são comestíveis.
                  Os alimentos de origem animal repõem muito mais proteínas que os vegetais, porém requerem do sobrevivente habilidade para sua captura com processos e técnicas chamados de armadilhas. Com algumas exceções podemos dividir as caças em dois grandes grupos: animais de duas e quatro patas, ambos deverão ser posicionados pelas patas com a cabeça voltada para o chão fazendo com que o sangue fique concentrado em grande parte na região encefálica, dê uma pancada firme na nuca se for animal de quatro patas e corte o pescoço se for animal de duas patas (geralmente aves), se por acaso a ave for pequena poderá ser tratada em um local plano para facilitar o abate.
                  Não beba sangue de animais, pois estes contém grande quantidade de bactérias letais aos seres humanos, lembro de dois militares que morreram ao fazerem uso do sangue de macaco em uma sobrevivência.
                  Um cuidado facilmente esquecido nos abates de animais é a retirada da bexiga (principalmente se for roedor) e do fel ( glândula esverdeada localizada no fígado)

ARMADILHAS
                  Devem ser colocadas em locais onde fique claro a presença de animais como trilhas, em baixo de fruteiras que apresentem excrementos, perto de cursos d’água com rastos evidentes, sendo o nascer e o por do sol o horário ideal para pegá-los.
                  Sempre que for possível dê prioridade as armadilhas com laço, pois além de não necessitarem de iscas deixam a caça pendurada evitando ser aproveitada por outros animais oportunistas.
FOTO DO ACERVO DA AFAER - RECIFE



MÉTODOS PARA PREPARAR OS ALIMENTOS

Assar
diretamente sobre um espeto ou fazendo-se um buraco no chão forrado com pedras ou pedaços de metal do avião, após aquecido retira-se o carvão e coloca-se o alimento cobrindo com partes metálicas do avião.
Moquear
Processo de desidratação do alimento que consiste em uma grade colocada sobre um tripé recebendo o calor do fogo e conservando o alimento por muito tempo sem requerer cuidados do sobrevivente
Cozimento Indireto sob o Fogo
Ovos, caramujos e outros poderão ser cozidos cavando-se um pequeno buraco e enterrando-os, faz-se em seguida a fogueira em cima e depois da queima o alimento estará pronto
Cozimento por meio de pedras aquecidas
Forre o chão com pedras e faça o fogo em cima, quando restar só as pedras coloque o alimento por cima, se for alimento com casca tipo mariscos não retire a casca
Fervura por meio de pedras quentes
Esta é a maneira que o sertanejo faz seu café no sertão coloque várias pedras sobre o fogo e coloque-as depois de quente dentro de uma vasilha com água e esta ferverá instantaneamente, caso tenha pó de café use-o


Caso disponha de panela ou possa improvisar use apenas as hastes do moquém e prenda a panela, mas se puder improvisar faça um moquém fixo para conservar os alimentos, principalmente as carnes.
Moquém feito pelo CB – Evilásio
Apesar de se perder toda a gordura neste processo, algo útil para o sobrevivente é uma maneira usada pelos indígenas para conservar os alimentos, pode-se ainda assar em processo de espeto virando de vez em quando como vemos abaixo.

       Foto do arquivo pessoal da comissária kellen usado em sua sobrevivência

APROVEITANDO O KIT DE SOBREVIVÊNCIA NA SELVA

            Toda aeronave dispõe obrigatoriamente de kit’s de emergência para os sobreviventes e estes estão localizados geralmente nos bagageiros da cabine de passageiros e dentre muitos itens está o kit de pesca com linha de nylon, anzóis de vários tamanhos e iscas artificiais e na falta destas use pedaços de tecido colorido ou metal brilhante que também atrairá os peixes, devendo o sobrevivente descobrir qual o tipo de isca que atrai os peixes daquela região. Caso este kit tenha extraviado o sobrevivente deverá improvisar anzóis com broches, madeira, osso, alfinete e desfiar o cadarço dos sapatos para usar como linha. Com um pedaço de madeira ou bambu pode ser feito uma zagaia (arpão) para pesca de arpoamento. O horário ideal para pescaria é de manhã e a tarde no por do sol, sendo a pesca noturna bem proveitosa principalmente se dispor de lanterna, pois seu reflexo na água atrai os peixes. Nunca toque na isca ou anzol se porventura usou repelente ou qualquer produto químico.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Ø  Mariscos e ostras que estejam agarrados aos cascos de navios ou de qualquer objeto metálico provocam uma intoxicação violenta, podendo levar a morte bem como se forem encontrados mortos.
Ø  Sempre que andar pelo rio arraste os pés em vez de levanta-los para evitar de pisar em arraias ou outro animal espinhoso.
Ø  Todos os peixes de água doce devem ser cozinhados ou assados para serem consumidos em virtude de parasitoses que contraem nos rios e que são muito perigosos para os seres humanos.
Ø  Não coma peixes que porventura apresente as seguintes características:
§  Rigidez cadavérica
§  Mal cheiro
§  Olhos fora de sua característica normal
§  Carne que após afundar o dedo demora a retornar ou morto.

PEIXES PERIGOSOS DAS ÁGUAS FLUVIAIS BRASILEIRAS

Piranha



Habitam águas de pouca corrente, e não são assassinas como pregam a mídia, mas por cautela evite os lagos de água parada, como as piranhas vivem em cardumes o sobrevivente terá grandes chances de pescar este peixe.
Arraias




São peixes em forma de disco chato com pequena cauda que apresenta um ferrão serrilhado causador de grande estrago onde fura. São encontradas nos rios Amazonas, Paraguai, Branco e Tocantins. Para não ser molestado por este animal desloque-se sempre arrastando os pés no rio ou lago para não pisa-lo.
Baiacus

Mais venenoso que o seu primo marítimo apresenta cor esverdeada, espinhos no corpo e a boca pequena em comparação com o seu tamanho.
Poraquê


Produz uma descarga de até 600Vt capaz de paralisar a vítima que poderá morrer afogada (dados do centro de pesquisa do IBAMA – AM ) .
Candirus



Peixe hematófago que entra na uretra, ânus e vagina caso o sobrevivente tome banho pelado em rios brasileiros, embora acidentes desta natureza tenham maior ocorrência em rios do Amazonas e Pará, após a entrada deste peixe sua saída só será possível através de cirurgia em virtude de seus espinhos que se abrem ao puxar.
Pirarara



Inúmeras pessoas desaparecem nos rios amazônicos, pois este peixe tem o costume de puxar a presa para o fundo do rio e esperar a sua decomposição. Por onde andei na Amazônia os caboclos não comiam a carne deste peixe por acreditarem que ficavam com a pele amarelada.



Piranha empalhada propriedade da AFAER – Recife


ALGUMAS ESPÉCIES DA FAUNA BRASILEIRA

ONÇA
URU
PORCO-ESPINHO
GATO MARACAJÁ
QUIRI-QUIRI
PACA
FURÃO
GAVIÃO-REAL
CAPIVARA
ARIRANHA
TACHA
TAPETI
MÃO PELADA
CIGANA
SUCURI
LOBO GUARÁ
MUTUM
CASCAVEL
CACHORRO DO MATO VINAGRE
COSCOROBA
JACARÉ DO PAPO AMARELO
MONO CARVOEIRO
FLAMINGO
IGUANA
MACACO ARANHA
CORTA-ÁGUAS
JABUTI
MACACO-PREGO
GAIVOTA
GAMBÁ
MACACO DA NOITE
QUERO-QUERO
TARTARUGA CABEÇUDA
MICO LEÃO PRETO
SIRIEMA
ARARA-AZUL
SAUIM
JACAMIM-DE-COSTAS-VERDES
PAPAGAIO VERDADEIRO
SAGUI DE TUFO BRANCO

ANTA

ARARAJUBA
TATU CANASTRA
PEIXE-BOI
CORUJA BURAQUEIRA
BICHO PREGUIÇA
AVOANTE
JOÃO-DE-BARRO
TAMANDUÁ-BANDEIRA

BOTO-COR-DE-ROSA

TUCANO-TOCO
RATO PRETO
SARACURA-TRÊS-POTES
GALO-DA-SERRA
SERELEPE
VEADO MATEIRO
MOCHO ORELHUDO
PICA-PAU-REI



SINALIZAÇÃO



É de conhecimento de todos que o sucesso da operação de busca e salvamento está diretamente relacionado à capacidade dos sobreviventes em utilizarem os itens relativos a sinalização, encurtando e facilitando as equipes de busca, carimbando assim o seu passaporte para a civilização. De fato, o uso inadequado destes equipamentos, bem como a má conservação dos mesmos, além do desconhecimento de como se utilizar os recursos do local onde a aeronave fez o pouso, para sinalizar e melhorar o avistamento, podem conduzir a um desfecho bem diferente daquele desejado. Ensine aos demais sobreviventes como utilizar os sinalizadores, visto que ninguém sabe quem estará no acampamento quando passar alguma aeronave, além do que o seu uso inadvertido poderá resultar em acidentes.
Baseados na experiência, foram desenvolvidos os itens que hoje fazem parte dos conjuntos de sobrevivência das aeronaves (mar e terra), e também dos equipamentos dos botes.
O sinalizador mais importante de todos, é o rádio transmissor de emergência, que deverá ser acionado imediatamente após o abandono da aeronave, ele é na realidade um rádio farol localizador que permitirá saber exatamente onde os sobreviventes se encontram e dependendo do equipamento o erro será de alguns metros de precisão.
Desde 1986, o Brasil, está integrado a um programa de cooperação internacional, liderado pelos Estados Unidos, Rússia, França e Canadá, sistema este que atende toda a América do Sul. O programa baseia-se no emprego de sete satélites meteorológicos que operam em conjunto, permitindo completa cobertura da Terra com receceptores permanentemente sintonizados nas freqüências internacionais de emergência, recebem os sinais transmitidos aos satélites, aquele que estiver mais próximo retransmite os sinais para uma estação rastreadora em terra e esta fornece as coordenadas do local do acidente.
As freqüências de emergência (S O S) são: 121.5 Mhz-VHF civil , 243.0 Mhz-UHF militar e 406 Mhz-VHF. O horário de silêncio internacional nas diversas  regiões do globo, estão assim divididos:
ORIENTE : de 00 aos 03 – dos 30 aos 33 minutos de cada hora.
OCIDENTE: de 15 aos 18 – dos 45 aos 48 minutos de cada hora.

TODO PILOTO FICA OBRIGADO PELA OACI ( ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL ) A COLOCAR PELO MENOS UM RÁDIO NA FREQÜÊNCIA INTERNACIONAL DE EMERGÊNCIA NESTES HORÁRIOS,MAS COMO A MAIORIA DOS AVIÕES MODERNOS POSSUEM DOIS RÁDIOS É FATO COMUM OS COMANDANTES DEIXAREM UM RÁDIO CONSTANTEMENTE LIGADO EM EMERGÊNCIA.

            Muito trabalho tem dado os técnicos da aviação (pilotos, mecânicos, despachantes) aos Salvaeros, pois ligam o rádio na freqüência 121,5/ 406/243Mhz e esquecem-se que o sinal é captado por satélite, sendo de uso exclusivo para emergência, gerando um acidente falso, como se fosse um trote. Segundo os especialistas do setor de salvamento do CINDACTA III , eles recebem em torno de dois mil alarmes falsos por mês. Senhores técnicos da aviação, por favor ao acionar o rádio de emergência, comuniquem a torre de controle e ao APP que estão fazendo um teste no devido equipamento, senão logo o sistema cairá em descrédito.

TIPO
PERÍODO
OBJETIVO
RÁDIO TRANSMISSOR
DIURNO
NOTURNO
O rádio transmissor de emergência é acionado através de uma bateria ativada a água ou qualquer líquido disponível e encontra-se no kit de sobrevivência que se encontra em um dos bagageiros da aeronave. Existe ainda um rádio de impacto na aeronave que aciona com a colisão.
Quando no mar, basta colocá-lo na água; a antena que é presa por uma fita solúvel em água, ficará automaticamente posicionada para a transmissão.
O rádio é dotado de uma corda para ser amarrada ao bote, ou árvore, se for utilizado em rio. No mar começará a transmitir em 5 segundos, e na água doce em 5 minutos. Se o pouso se der na selva, poderão ser utilizados líquidos diversos para o acionamento do rádio, tais como: urina, suco, chá, cerveja, etc. basta mergulhá-lo num líquido qualquer, menos óleo, na posição vertical (acompanha invólucro plástico com finalidade de servir de recipiente) preferencialmente apoiado num objeto que assegure ser mantida esta posição.
Para desliga-lo em qualquer situação, basta retirá-lo da água colocando-o na posição horizontal. Depois de seca a bateria, não haverá condição de ser novamente acionado, aliás este procedimento não é recomendado o ideal é deixá-lo funcionando até se esgotar a bateria.

Alcance:

VERTICAL – 40.000 pés (aproximadamente 13.000 metros)
HORIZONTAL – 250 milhas náuticas (aprox. 460 quilômetros)
DURAÇÃO – 48 horas (transmissão ininterrupta)
O modelo acima mencionado é o RESCUE 99, utilizado na maioria dos aviões.
ESPELHO
DIURNO
Item bastante importante, seu uso deve começar logo após terem sido tomadas as primeiras medidas, a fim de que o operador se habitue ao seu manuseio. Mesmo em dias  que a luminosidade não esteja muito intensa poderá ser visto antes que os sobreviventes possam ver a aeronave, e por esta razão, as pessoas encarregadas de sinalizar com o espelho, devem a pequenos intervalos, correr o horizonte com seus reflexos, ainda que não tenha sido ouvido ou avistado avião, navio ou embarcação, estes poderão visualizar os sinais do espelho, antes de serem vistos. O espelho possui no centro um orifício para que possamos mirar nosso alvo. A maneira mais simples de utilizá-lo, é colocá-lo a uma distância aproximada de 10 em de nosso rosto, dirigindo o reflexo para o ponto por nós escolhido, e posicionando entre este e o espelho a nossa mão, que servirá de guia, com a mão exatamente na direção do alvo, e o reflexo do espelho atingindo a mão, basta retirá-la e o reflexo estará com certeza atingindo o objetivo, bastando então fazer pequenos movimentos laterais. O alcance aproximado do espelho é de 10 milhas em dias de boa luminosidade e seu uso logicamente é para o período diurno.
CORANTE
DIURNO
Idêntico ao de mar sendo usado nos rios e riachos.
PIROTÉCNICO
DIURNO
NOTURNO
Os conjuntos de sobrevivência são equipados com cartuchos sinalizadores, que poderão ser utilizados durante o dia e também a noite. Possuem um lado diurno que produz intensa fumaça cor laranja, e um lado noturno que produz fogo pirotécnico, o lado noturno possui características que permitem identificá-lo mesmo a noite, no escuro total (uma saliência nas bordas, na tampa, argolas, etc.), embora seja uma norma dificilmente ela é respeitada, pois encontramos constantemente sinalizadores pirotécnicos sem essa marcação. Existem também os cartuchos que produzem somente fumaça e que normalmente equipam os kits de sobrevivência na selva.
É também um item de grande importância, e requer determinados cuidados para seu manuseio e conservação, devendo estar sempre protegidos contra a umidade que pode inutilizá-los.
Seu uso no mar deve ser feito a favor do vento, para fora do bote, e aproximadamente num ângulo de 45 graus.  Na selva os cartuchos de fumaça após acionados devem ser colocados no solo pois atingem temperaturas muito altas. Para acioná-los basta puxar o comando de ignição, cujo procedimento é o mesmo utilizado quando se abre uma lata de cerveja ou refrigerante.
Os cartuchos sinalizadores só devem ser utilizados quando ouvido ou avistado navio ou aeronave, quando no mar evitar os pingos de magnésio ou fósforo branco que saem do sinalizador para o interior do bote.
LANTERNA
NOTURNO
Os conjuntos de sobrevivência são equipados com lanternas, algumas ativadas à água outras que utilizam pilhas e são a prova d’água. Seu uso deve ser bem fiscalizado, só utilizando-se estes itens em caso de real necessidade. As lanternas ativadas a água tem duração aproximadamente de 8 a 12 horas após acionadas.
Independente destas, tanto os coletes salva-vidas como os botes possuem lâmpadas de reação química ativada a água, que deverão ser utilizadas como sinalizadores à noite.
APITO
DIURNO
NOTURNO
Usar o apito à noite ou em nevoeiro para atrair a atenção de outras pessoas na praia, ou para localizar a posição de algum bote que tenha se afastado demasiadamente. Pode ser usado em conjunto com as lanternas para sinalizar. Na selva, servem para localizar sobreviventes que se tenha perdido do grupo principal, em apenas poucos metros pode-se perder o contato visual na selva, por isto o afastamento deverá ser no máximo o do contato visual.
FITA SINALIZADORA
DIURNO
Idêntico ao marcador de mar sendo usado nos rios e riachos (disponível apenas na aviação militar)
MARCADOR DE MAR
DIURNO
Usado pelas equipes de busca e salvamento

Sinalização com recursos do local do acidente:

Amar pequenas fogueiras (várias), deixando-as prontas para serem utilizadas, preferencialmente numa disposição que transmita uma mensagem, como um grandeS.O.S.
Durante o dia colocar na fogueira borracha ou óleo dos motores para produzir fumaça negra e folhas verdes, musgos ou pequena quantidade de água para obter fumaça branca.
                  Utilizar troncos, pedaços de carenagem, escavar buracos no chão construindo com estes materiais, mensagens pré-estabelecidas no código terra – ar da OACI, como vem especificado no manual de sobrevivência.
Poderão ser utilizados também coletes salva-vidas, caso você disponha, para fazer com eles “desenhos” em caso de pouso na selva, o mesmo, ocorrendo com o bote ou escorregadeira, que além de auxiliarem  na travessia de rios, poderão ser utilizados para, sinalizar.
Além destas medidas, procurar manter o local “desarrumado” cortando galhos e capim a fim de modificar a monotonia da paisagem.
Colocar objetos brilhantes ou de coloração viva sobre as asas da aeronave e ao redor da mesma. Chapas de carenagem colocadas com o lado sem pintura para cima, constituem-se  bons refletores. Objetos cujas cores contrastem com o verde da vegetação ajudam na localização.


Facheiro usado para sinalização noturna seus espinhos queimam facilmente.


JORNADA SOBRE A SELVA


            Para um grupo de sobreviventes pode parecer que a ação correta a executar é sair a procura de ajuda, porém esta seria a atitude errada, provavelmente o grupo se perderia na selva agravando ainda mais a situação. Ao ser acionado uma busca aérea ela começará sempre pelo local do acidente visto que o avião tem um rádio de impacto que começa a transmitir para o sistema de satélites indicando o local do sinistro, onde serão concentradas as buscas. O líder de um grupo de sobrevivência será aquele que tiver conhecimentos de sobrevivência e condições psicológicas para liderar, em geral os tripulantes do avião, pois são treinados para emergências.

SEGUINDO O CURSO DE UM CÓRREGO


            Se por decisão do grupo ficar esgotada a possibilidade de salvamento ( quinze dias sem sinal ou contato das equipes de resgate ) deverá ser planejada a jornada da seguinte forma:
·         Mínimo de quatro pessoas nas melhores condições de saúde
·         Um dos quatro de preferência conhece a região ou sabe se orientar
·         Deverão levar dois terços das provisões
·         Deverão caminhar três horas e descansar uma hora, tomando cuidado para não se desorientar ao despertar, coloque uma seta no chão indicando para onde seguir toda vez que parar.
·         Ao encontrar um curso de água deverão seguir este até que deságüe em um rio navegável, a partir daí deverão fazer uma jangada improvisada e continuar navegando no sentido da corrente, lembre-se as estradas da Amazônia são os rios, para saber se determinada madeira flutua coloque um pequeno pedaço desta na água (sem a casca ) e se este pedaço flutuar é sinal que a madeira também flutua. Faça isto para evitar desperdício de energia. Caso o rio ou riacho desemboque num lago mesmo assim suas chances serão maiores até de encontrar um caboclo da Amazônia conhecido como ribeirinho.

 

PROCESSOS DE ORIENTAÇÃO


            Todos aqueles que já fizeram caminhadas ecológicas sabem das dificuldades de orientação em ambiente de selva, com  toda aquela monotonia que acaba por exterminar toda referência que se possa ter para se orientar, o sol raramente é visto devido a altura da copa das arvores sem contar com os inúmeros galhos e árvores caídas no caminho que obrigam o navegador desviar do curso, somado a isto que todos nós temos um desvio natural de 50 a 150 metros a cada quilômetro percorrido na selva, fatalmente estaremos caminhando de volta ao ponto de origem, por isto o planejamento da jornada deverá ser seguir uma reta até encontrar um ponto de apoio para pedir socorro, mas como seguir uma linha reta na selva.

BÚSSOLA


            É o único processo confiável desde que se saiba como utiliza-la, todos aqueles que viajam deveriam ter uma pequena bússola comprada com facilidade em lojas de caça e pesca, ou simplesmente apanhado do kit de emergência da aeronave, quem sair para a jornada deverá levar obrigatoriamente este instrumento e aprender com a tripulação como usa-la caso não saiba. Chegará um infeliz momento na jornada que os navegantes desconfiarão que a bússola está quebrada e tenderão a abandonar as informações dadas por ela, lembre-se sempre que a bússola nunca se perde só os seres humanos, por isto siga sempre a bússola não importando se todos discordam dela.
            NOTA: A bússola magnética da aeronave não serve para orientação devido aos ímãs de compensação que darão uma proa diferente, visto que foram acrescidos alguns ímãs na sua lateral para corrigir toda parte metálica do avião.

SOL

                  Colocado-se a mão direita apontada para o local onde o sol nasce ou a esquerda para onde ele se põe, você terá a sua frente o norte e as suas costas o sul, neste processo não haverá precisão na navegação apenas uma direção de forma generalizada.

ORIENTAÇÃO PELAS ESTRELAS
CRUZEIRO DO SUL – Estando o sobrevivente localizado abaixo da linha do equador, poderá se orientar pelo prolongamento do braço maior da cruz em quatro vezes e meia e deste ponto traçar uma linha reta até o solo aquele ponto é o sul aproximado. 
 
 

                         CONSTELAÇÃO DO CRUZEIRO DO SUL
 
 
 
 
 
 

                                                                       4  ½
 








                                                                                                         sul
ESTRELA POLAR –  Se o sobrevivente estiver ao norte ( acima da linha do equador ) poderá se orientar pela estrela polar, de brilho e dimensões bem visíveis esta estrela indicará o norte caso exista alguma dificuldade em encontrar procure duas estrelas mais afastadas que são da constelação de Ursa Maior

CARTAS OU MAPAS DO AVIÃO

As cartas ou mapas de navegação aérea são de uma escala gigantesca para a navegação terrestre, não trazendo pontos claros e marcantes no terreno, mas mesmo assim é possível orientar-se por elas de uma forma genérica, saber qual a direção das cidades mais próximas, curso d’água de importância no terreno e outras informações vitais para um sobrevivente, embora sejam da grandeza de 1/1.000.000 enquanto que as de terra são de 1/50.000, elas estarão disponíveis na cabine dos pilotos entre o console do piloto e do co-piloto.

ESAON

E – Estacione, procure um local com alguma proteção para os sobreviventes uma vez que haverá uma grande probabilidade de pessoas feridas, crianças, idosos e gestantes.
S – Sente-se, mantenha-se calmo você pode ser a pessoa chave da operação de salvamento, tente recuperar-se do trauma do acidente e agradeça por estar vivo.
A – Alimente-se, ‘saco vazio não se põe de pé’ este é o dito popular, porém nas primeiras 24 horas não se come nem se bebe nada, a partir daí a comida será racionada.
O – Oriente-se, procure saber com os pilotos ou membro da tripulação qual o ponto de apoio mais próximo e comece a planejar sua jornada se for o caso.
N – navegue, apenas se estão esgotadas todas as possibilidades de salvamento ou se alguém conhece a região.

COMO NAVEGAR NUMA SELVA

            Primeiramente temos que definir o que é a navegação para entendermos qual a sua utilidade em um acidente. Navegação é um processo utilizado para se deslocar de um ponto a outro não importando o tipo de veículo utilizado para o deslocamento, barco, avião, carro, trem e que poderá ser feito também a pé neste caso a velocidade de deslocamento na selva será de 1 km por hora. Caso encontre uma trilha ou estrada deverá segui-la até obter socorro.

COMO TRANSPOR UM CURSO D’ÁGUA DE IMPORTÂNCIA

            Existem algumas técnicas que aprendi no curso de sobrevivência (CIGS) que levarão inclusive pessoas que não sabem nadar (ou poderão levar os coletes da aeronave se estiverem em condições) que consiste em amarrar vários troncos como se fosse uma jangada sendo o buriti e a imbaúba ideais para este trabalho por serem madeiras leves. Outra técnica é amarrar a boca da calça e transformá-la em uma bóia improvisada.




INDIANISMO

            Sendo você um sobrevivente de algum tipo de acidente em ambiente de selva, não podemos descartar a hipótese de um contato com indígenas. Lembro certa vez de um pernoite que fiz na selva nas proximidades da serra das surucucus, próximo da fronteira com a Venezuela; Era perto do pôr do sol quando de repente surge a uns dois metros de distância um índio Ianomami, de pele curtida pelo sol e estatura baixa, o que lhe permite grande flexibilidade na selva, tomei um enorme susto e a sua aproximação silenciosa foi para mim um mistério, a sua habilidade com o meio é fantástica embora o seu censo de orientação a bordo de um helicóptero seja deficiente, tratei de tentar uma precária comunicação visto que parecia a ambos não falarem a mesma língua, a comunicação se deu inteiramente por gestos, com exceção de algumas poucas palavras que aprendi com os poucos anos de convivência, antes dele partir perguntei-lhe para onde ia e ele respondeu, CHAPONA HAM, ao que entendi estava indo ele para casa, se naquela situação eu fosse um sobrevivente muito teria sido fortuito o contato. Povo sábio, os seis anos de contato que tive com os índios da Amazônia, em sua maioria os Ianomamis vi que sabem tratar a terra sem causar a sua destruição, devíamos aprender com eles como cuidar do nosso planeta, só não podemos permitir que grupos poderosos os usem com falsas desculpas de preservação, onde na realidade nem os seus índios foram cuidados, lembro de certa vez quando pousamos em uma missão com um helicóptero da Força Aérea Brasileira no coração da Amazônia e fomos expulsos pelos missionários franceses, a vontade que tive de conter foi a de expulsa-los de lá, uma vez que eu era um brasileiro, militar e representante de uma força e ele era um estrangeiro querendo ser dono daquilo que não lhe demos, tivemos que deixar o local indignados, pois eles estavam autorizados por algum órgão superior que nem lembro mais qual era.
                                                                                                                                                           
CARACTERÍSTICAS DOS INDÍGENAS
     A maioria, já mantiveram contato com a civilização restando poucas tribos ainda inóspitas, é comum chegarmos nos pelotões de fronteira e vermos muitos deles alistados, prestando o serviço militar, com uma característica peculiar do povo nativo, pela sua simplicidade e amor ao trabalho na terra, fato interessante que presenciei no PEF ( pelotão especial de fronteira ) de Yauaretê, fronteira com a Colômbia, onde todas as manhãs os soldados saíam com uma vasilha cheia d’água para regar as plantas, cada um era dono de uma árvore, a qual cuidavam com muito apreço, confusão se deu quando a árvore de um deles sumiu, ao que parecia, o soldado não era muito bem aceito pela turma. Na manhã seguinte apesar de tudo a árvore foi reposta.

A ESTRUTURA FAMILIAR
É muito considerada pelos índios, o desrespeito é questão de morte ou expulsão, as crianças tem liberdade de fazer o que quiserem, embora ainda bebês são prometidas em casamento aos pajés, que tem três ou quatro mulheres, não é comum, mas lembro de uma decolagem que fizemos com um representante da FUNAI a uma tribo que queria declarar guerra a outra, por causa de uma das índias do pajé, que tinha fugido para outra tribo a fim de ficar com outro índio.  No trabalho, vemos que ao homem cabe combater outras tribos, caçar, pescar, produzir instrumentos de madeira como arco e flecha e preparar o roçado, normalmente uma pequena clareira no meio da mata, numa agricultura totalmente de subsistência da tribo.
A tarefa da mulher em uma tribo é pesada, a ela cabe o suprimento d'água, normalmente obtido de um socavão (grota profunda), os  cuidados maternos dos curumins (normalmente até que os filhos completem sete anos), o transporte de fardos principalmente lenha para o fogo, o preparo dos alimentos, a manufatura de utensílios de cerâmica, a bonita tecelagem a venda nas missões e postos da FUNAI, os trabalhos na roça e a colheita, é uma cultura diferente, nem inferior e nem superior apenas diferente da nossa, ficava olhando aquelas mães carregando um bebê em uma tira de vegetal presa a cintura e um enorme fecho de lenha, não pude me conter ao ver o índio a sua frente levando apenas o arco e a flecha e lhe perguntei porque ele não a ajudava, ao que de pronto respondeu estar fazendo a segurança, pode-se pensar que o índio era preguiçoso, mas a selva abriga inúmeros perigos sendo um deles muito comum, o desaparecimento de curumins a beira de rios, comidos pelas sucuris, era comum até pouco tempo encontrar fotos de sucuris com a barriga aberta com um curumim dentro, nas lojas de caça e pesca da zona franca de Manaus, por isto a sua precaução.
Os homens tomam banho separados das mulheres, esse é um dos momentos que guardam para discutir assuntos masculinos, embora às crianças seja reservado o direito de poder tomar banho juntas, talvez  pela sua inocência . O namoro é uma fase respeitosa, só havendo beijos na testa,  em algumas tribos a noiva deita em sua primeira noite com o cacique, a maioria delas com pouco mais de doze anos, para nós ainda crianças. Os casamentos acontecem dentro da aldeia, fora da aldeia e entre a família. Casamentos de viúvo(a) com cunhada(o), sogra com genro com a morte de um do cônjuges  são muito comuns. Entre os ianomâmis, o infanticídio, apesar de criminoso para nós, é aceito por todos, quando a mãe não possui condições para criar o filho. É comum a prática do uso de ervas abortivas entre as mulheres ianomâmis. Aos doze anos a criança é considerada adulta.
A habitação dos índios, de todos os anos que sobrevoei as aldeias dos indígenas muito se pode observar das suas malocas de madeira, palha e barro, de formato redondo e coletivo, as divisões são imaginárias dentro dela e a higienização quase não existe, para os Ianomamis é chamada de XABANÔ.
Vive basicamente da caça e pesca, embora algumas vezes troque artesanato por lanterna, roupas, principalmente tecidos de cor avermelhada, em sua maioria já tiveram contato com brasileiros, o que facilita a comunicação, certa vez  ouvi um homem da FUNAI falar com entusiasmo de um ianomâmi poliglota que conheceu, a minha dúvida era saber quem o ensinou, visto apenas poucas pessoas eram autorizadas a ter algum tipo de contato com os índios. Nas tribos que se ensina português, ensina-se também a sua língua de origem de forma a manter a sua cultura  na íntegra.
A hierarquia é regida pela figura do tuxaua ou cacique sendo o conciliador dos problemas da tribo sendo este o responsável direto por manter a ordem na aldeia, embora seja difícil acontecimentos de ordem perturbadora,  em sua maioria brigam por terras e mulheres e ai lembro de um outro fato ocorrido com uma tribo ianomâmi que certa vez fugira uma das mulheres que estava prometida ao cacique desde criança, para se casar com um índio de outra aldeia e não fosse a intervenção da FUNAI e do nosso esquadrão (7º/8º GAV ) em traze-la de volta as duas tribos teriam guerreado e se dizimado, jamais coma ou beba água que não lhe seja oferecido este erro seria fatal para todo o grupo de sobreviventes. Na escala hierárquica aparece a figura do pajé que é o responsável por fazer contato com os deuses quando não chove ou quando algum fenômeno natural acontece, ele é o guia espiritual da aldeia.
                      Na cultura indígena a criança pode fazer o que quiser ela é livre e não lhe é imposto castigo algum, normalmente passam o dia brincando com canoas nos córregos, o que algumas vezes tem o seu desaparecimento justificado por cobras sucuris, visto que os curumins têm uma estatura baixa deixando-o vulnerável.



Ianomâmis da região de Surucucu

COMO TRATAR COM OS  ÍNDIOS
  • Apenas cerca de mil índios não tiveram contato com brancos em toda Amazônia logo as chances de ajuda são boas.
  • Espere que eles se aproximem
  • Trate com o índio de maior grau hierárquico presente ( tuxaua ou pajé )
  • Sorria
  • Faça movimentos lentos para não ser tomado como hostil
  • A troca de objetos ou presentes é recomendada
  • Recusar comida que lhe seja dado não será muito bem aceito
  • Não maltratar animais de estimação
O índio das regiões nordeste, sudeste e grande parte do centro-oeste estão totalmente sociabilizados e não se negarão a ajudar em caso de acidente aéreo, os demais já estão acostumados com a presença de pessoas.
No período do descobrimento havia cerca de três milhões e meio de índios, mas com a matança descontrolada por parte dos descobridores, ou seja invasores, porque o Brasil não foi descoberto, uma vez que já havia tão numerosa população, foi certamente invadido, sendo relatado as maiores atrocidades, de estupro em larga escala a genocídio, infanticídio e outros mais. Não há como negar essa dívida que temos da sociedade para com os nossos irmãos indígenas, que a quinhentos anos são perseguidos e mortos, esse contexto é muito bem explanado no livro do historiador Janote Pires Marques da UFRPE em O descobrimento do Brasil.

O CABOCLO AMAZÔNICO

Também conhecido como ribeirinho (que anda ou vive pelos rios ou ribeiras) é um tipo característico que podemos encontrar andando ou navegando pelos rios, detém grande conhecimento da geografia local, de conhecimentos para caçar e pescar, poderá ser de grande ajuda, sua característica marcante é a humildade, de fala mansa e gentil sempre pronto a ajudar os que dele necessitam, sua pele curtida pelo sol muito se assemelha com o sertanejo do agreste nordestino.
































SOBREVIVÊNCIA NO MAR







GENERALIDADES
Uma aeronave que faz um  pouso forçado no mar fica durante algum tempo flutuando, dependendo do tipo de aeronave e como foi realizado o pouso pelo seu comandante ela poderá permanecer por horas e até um dia flutuando, embora para o departamento de aviação civil a evacuação deverá ocorrer em no máximo 90 segundos, tempo este suficiente para abandonar e levar os kit’s necessários a sobrevivência de passageiros e tripulantes. Seus procedimentos iniciais  deverão ser os Seguintes:
Inflar as escorregadeiras localizadas nas portas ou acionar os botes que equipam outros tipos de aeronaves, levar os passageiros até a porta vestidos com os coletes ou assentos flutuantes (classe econômica) e inflar quando estiver na porta e nunca antes, pois caso aconteça um afundamento parcial não conseguirá sair com o colete inflado
Após completar a lotação do bote, soltar ou cortar a corda que prende o bote ao avião com a faca que se encontra dentro do bote, afastando-se das águas cobertas por combustível por causa do risco de explosão e também dos destroços, mantendo-se afastado da aeronave sinistrada, mas não em excesso, até que ela afunde. Imediatamente proceda a uma busca em toda área onde pousou o avião, pois, poderão existir sobreviventes flutuando sem sentidos, em estado de  semi-afogamento, boiando em seus coletes salva-vidas inflados . Se forem localizados sobreviventes no mar, socorrê-los, seguindo o protocolo de nunca sair sem colete e estando sempre preso por uma corda ou alça de salvamento que está localizada dentro do bote ou escorregadeira.

Escorregadeira do Boing 737-300
Foto do arquivo pessoal da comissária Cláudia Rocha.
Ainda nos primeiros instantes acionar o rádio transmissor de emergência, sua importância para rápida localização é primordial. Verifique as condições físicas dos que se encontram a bordo, prestando os primeiros socorros a quem necessitar, adiando apenas o tratamento dos feridos leves até completar a organização dos botes. Se houver profissionais da área médica ( médico, enfermeiro, veterinário, dentista, para-médico etc..) solicitar sua colaboração, embora quando acontece um sinistro estes profissionais apresentam-se sempre voluntariamente.
Soltar as birutas d’água (âncoras) logo que for possível, para evitar que os botes sejam levados para longe, visto que a procura pelo esquadrão de busca e salvamento(2º/10º Gav) começará no local do acidente, além do que as birutas reduzem os  riscos dos barcos virarem em mar agitado . Na medida do possível, amarrar os botes uns aos outros, com a finalidade de mantê-los unidos e principalmente, facilitar o trabalho de localização e resgate, amarrando as pontas dessas cordas, que deverão ter de 8 a 10 metros, usando para isto a corda que circunda o bote ou a que prendeu o bote ao avião. Dois ou mais botes agrupados, oferecem um alvo mais fácil de ser avistados do ar, do que vários botes dispersos no oceano.
O tripulante mais graduado, seguindo a hierarquia prevista do comandante, co-piloto, chefe de equipe e demais comissários, deverá assumir o comando do bote, para coordenar a distribuição de tarefas. Uma vez executadas as tarefas acima, retire a água  que por ventura esteja dentro do bote, sendo que para executar este trabalho,  o sobrevivente não deverá ficar de pé, ou sentar – se nas bordas, pois correrá o risco de cair na água, aliás não deverá adotar essas posturas em nenhuma  situação dentro do bote, o posicionamento Corre­to é manter as costas encostadas  na célula principal de flutuação, e os pés voltados para o centro do bote , não modificando esta posição mesmo para fazer os trabalhos necessários. Se existir sobrevivente muito gordo, este deverá ocupar o centro do bote de forma a manter o equilíbrio.

Tripulante recolhendo passageiros da água pela alça de salvamento
Foto do arquivo da AFAER- Recife

Armar o toldo do bote é sempre necessário, pois protegerá contra a espuma, salpicos da água do mar, frio, sol, vento, chuva, etc... Para a proteção contra o frio, os sobreviventes  deverão, achegar-se em grupo bem unido, e assim permanecerem para que se aqueçam  mutuamente.
Os botes deverão ser mantidos secos o tempo inteiro e todos deverão participar desse trabalho. O toldo armado servirá entre outras coisas, para coletar água da chuva. Preparar todo equipamento de sinalização, tais como: cartuchos pirotécnicos, pó marcador de mar, espelho sinalizador, Lanternas etc... , colocando-os em invólucros impermeáveis, de forma que possam ser utilizados prontamente, ou seja, ao ser avistada ou ouvida uma embarcação ou aeronave. Os ocupantes do bote deverão manter seus coletes inflados, e as crianças deverão ser amarradas a um de seus pais ou responsáveis, a fim de garantir a sobrevivência caso o bote vire.
Racionar água e alimentos. As primeiras 24 horas serão de jejum total, para que o organismo assimile que você está em situação de emergência. Pode-se sobreviver em média dez dias sem água, e muitos dias sem alimento a exceção fica por conta das crianças, que poderão desidratar-se rapidamente. Quando houver pouca água, esta deverá ser destinada prioritariamente as crianças.
Examinar os fragmentos da aeronave que estejam flutuando, aproveitando o que for                    possível. Procure retirar da água todas as rações que avistar, bem como almofadas vestimentas, etc...
Familiarizar–se com todo o conteúdo do kit de emergência. Não deixar nada solto dentro do bote, absolutamente tudo deve ficar amarrado, para que não se perca em caso do bote virar. Redistribuir a lotação dos botes, caso haja excesso de lotação, não usando fósforos e isqueiros enquanto os botes estiverem dentro da área coberta por combustível ou qualquer material que porventura possa danificar o bote, etc...
Fazer verificações periódicas na biruta d’água. Com mar calmo, liberar toda extensão da corda; com mar agitado meia extensão da corda. Dividir os ocupantes do bote em turnos de vigilância, de forma que enquanto alguns vigiam, os restantes repousam. Os turnos de vigia não deverão exceder duas horas. Todos devem participar da vigia com exceção dos doentes, feridos e gestantes. Manter pelo menos uma pessoa na vigilância.
Quem estiver de vigia, deverá estar atento a qualquer sinal de terra, navio, aviões, etc... Não entregar a leigos o manuseio de sinalizadores, este material é importante demais para que se corra risco de ser desperdiçado.Um dos ocupantes do bote, preferencialmente o vigia, deverá permanecer amarrado ao bote por uma corda, de pelo menos 3 metros, a fim de servir de âncora caso o bote vire. Havendo queda de temperatura fechar as laterais do toldo. As lanternas deverão ser reservadas para tarefas essenciais, pois se pode precisar delas para sinalização. É essencial criar o desejo de sobreviver; tranqüilize os sobreviventes mostrando que os recursos são suficientes e que o socorro não tardará a chegar. Distribua tarefas a todos, para que se mantenham ocupados e mantenha os botes corretamente inflados, sempre que as câmaras principais de flutuação não se acharem devidamente cheias e bem firmes, acabe de enchê–las com a bomba manual.
As câmaras devem ficar bem cheias, mas de modo nenhum devem ficar esticadas como tambores. Verifique com regularidade o estado de enchimento das câmaras. O ar quente como é sabido dilata-se. Deste modo, nos dias quentes, deixe escapar algum ar das câmaras. Ao esfriar o tempo, bombeie ar para dentro delas, os botes mais modernos já vem com uma válvula que libera o ar em caso de aumento demasiado de pressão.
Anzóis, latas vazias, canivetes, furam o bote com facilidade, cuidado com os mesmos. Vazamentos devem ser vedados assim que localizados utilizando-se os recursos disponíveis (acessórios para vedação).
Não amarre linhas de pesca em partes do corpo, pois um peixe de grande porte poderá ocasionar danos a pessoa, bem como ao bote. A biruta d’água deverá ter um pano enrolado a sua corda, com a finalidade de impedir que o atrito desta corda danifique o bote. Distribua os passageiros de modo que o peso dos mesmos contrabalance a tendência do bote de levantar do lado do vento e isto será mais crítico quanto menor for o bote.
Se o barco estiver cheio, os sobreviventes dormirão com dificuldade, sendo conveniente agrupar os que estão de vigia, para se obter espaço para os que estão repousando, e também para que, estando próximos, os vigias conversem em voz baixa não atrapalhando o descanso dos outros.
Só se deverá navegar o bote quando houver terra a vista. Se o vento estiver soprando em direção a terra, deve-se retirar a biruta d’água, soltar o toldo do lado do vento e segurá-lo o mais alto possível, para enchê–lo de ar, proporcionando assim um deslocamento mais rápido.

Considerações sobre sobrevivência no mar

Resgate no mar


Um náufrago está sempre sujeito a quatro grandes perigos: afogamento, frio, pânico e sede. O afogamento é tanto mais remoto, quanto mais for obedecida a determinação para permanecer com os coletes salva-vidas sempre inflados, o problema seria por conta da classe econômica que dispõe de assento flutuante com capacidade de flutuação para oito horas, sem contar que as crianças estarão usando assento e isto deveria mudar, pois uma criança pequena não terá condições de segurar-se no assento.

Sobrevivente usando colete
Foto arquivo da AFAER- Recife

 O estado do mar influi tanto quanto a temperatura da água. Quanto ao frio, estudos realizados pelos norte americanos, mais especificamente pela guarda costeira, revelam que quando a temperatura da água é inferior a zero grau (0°) centígrado , a morte sobrevêm em dez minutos, como vimos  no naufrágio do Titanic 1500 pessoas morreram em menos de quinze minutos e a causa mortis foi hipotermia. Elaborou-se também uma tabela que assiná-la o tempo de sobrevivência em função da temperatura da água, no Brasil apenas a marinha faz treinamento de sobrevivência com duração de alguns dias usando esta tabela, efetuando a troca de sobreviventes que estão com coletes na água e intercalando com os do bote num sistema de rodízio.

TEMPO DE VIDA EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA DA ÁGUA

TEMPERATURA EM ºC
TEMPO DE VIDA
0
Menos de meia hora
5
Entre meia e três horas
10
De uma a seis horas
15
De duas a vinte e quatro horas
20
Entre três e quarenta horas
*Gráfico da Guarda Costeira Americana baseado em náufragos e pesquisas.
            Em caso de permanência prolongada no bote, a imobilidade pode provocar uma perda notável de cálcio ósseo, o que foi constatado por Alain Bombard, náufrago voluntário que testou os limites da resistência do homem em situações de extrema penúria, e esta mesma situação foi confirmada pelos cosmonáutas.
            O pânico é uma reação imprevisível, que pode levar a gestos irrefletidos, sempre com sérias conseqüências nesse tipo de emergência, portanto, o grupo deverá ser mantido sob o mais rigoroso controle.
            A sede pode matar em poucos dias. Existem nos botes, além de reserva de água potável, os dessalgadores químicos e inclusive a possibilidade de se recolher a água da chuva através do toldo.
            A fome é um perigo menor, desde que se tenha água é possível sobreviver por muitos dias sem comida. Os conjuntos de sobrevivência localizados dentro dos botes salva vidas incluem rações alimentares em pequenos volumes, capazes de se conservarem por um longo tempo, mesmo concentrados contém energéticos adequados ás necessidades alimentares.
            Menos ameaçadora aos náufragos é a fadiga, ela poderá sobrevir somente ao cabo de muitos dias: a energia que desprendemos tentando salvar nossas vidas e de outros parece ilimitada, prolongando ao máximo a resistência humana.
                  Alguns exemplos já ocorridos confirmam esta afirmação, como o caso do chinês Poon Lin, marinheiro do navio cargueiro inglês Bem Lemond , que foi torpedeado em 1942 por um submarino alemão durante a segunda guerra mundial. Em seu barco salva vidas Poon Lin vagou por 131 dias, sendo finalmente resgatado por pescadores brasileiros na costa do Pará. Outro caso é o do colombiano Luiz Alejandro velasco, que permaneceu a deriva por dez dias sem comer nem beber, sendo encontrado semi-morto numa praia deserta do norte da Colômbia, também demonstra quanto esta energia é ilimitada.
São estes acontecimentos, associados ás experiências que levam a adoção das medidas hoje preconizadas, tanto no que se refere aos equipamentos, bem como, a conduta para o sobrevivente de acidente no mar .
Caso o acidente tenha ocorrido com helicóptero o protocolo é bastante diferente dos demais, pois o primeiro acontecimento será que, o tripulante ou passageiro, não poderá abandona-lo antes da parada dos rotores e se o fizer será cortado em partes e o segundo acontecimento é que o helicóptero sempre ficará em uma posição invertida devido ao fato do motor e da transmissão estarem situados na parte mais alta do helicóptero o que fará o mesmo ficar de dorso, logo o náufrago irá sair de cabeça para baixo, para nós militares existe um treinamento feito na Marinha do Brasil em São Pedro da Aldeia – RJ, conhecido como utepas onde se é treinado o abandono de aeronave submersa como visto na foto. Todo vôo realizado sobre o mar com helicóptero é obrigatório que todos estejam usando seus coletes, para não acontecer como no acidente do empresário Abílio Diniz na praia de Maresias onde todos se salvaram e alguns morreram afogados por não estarem com coletes.
Muitas vítimas foram feitas na aviação civil e militar por negligenciarem este protocolo, em Manaus ocorreu um pouso forçado com helicóptero e no desespero de se salvar o médico abandonou a aeronave antes da parada dos rotores, o terreno era inclinado e ele saiu pelo lado mais baixo da inclinação resultando na sua decapitação, ele foi a única vítima deste acidente, pois os outros permaneceram dentro do helicóptero sem sofrer qualquer dano.

 

UNIDADE DE TREINAMENTO DE AERONAVE SUBMERSA DA MARINHA DO BRASIL

FOTO DO ARQUIVO PESSOAL DO TENENTE AVIADOR AMARAL 2°/8° Gav

 

 

SINALIZAÇÃO

Podemos perceber que a sinalização é o nosso passaporte para a civilização, pois se ninguém sabe onde nos encontramos não poderá haver o resgate, sinalizar por todos os meios possíveis aumentará as chances de resgate. Para tal é necessário que os sobreviventes conheçam os sinalizadores e rádios de emergência e saibam como utilizá-los evitando acidentes, as (os ) comissárias (os ) deverão ensinar aos sobreviventes o correto manuseio, visto que todos , com exceção dos doentes, devem fazer parte da vigia noturna .
Todos os sinalizadores deverão estar acondicionados em plásticos, de forma a permitir uma impermeabilização dos mesmos, uma onda ou a virada do bote pode inutilizar os sinalizadores. Os itens de sinalização são os mesmos vistos em selva, ou seja, o rádio transmissor, pirotécnicos, espelho, pó marcador, lanternas e apito. Todo este material já vem acondicionado em sacos plásticos e amarrados ao bote, mas requer um maior cuidado para a verificação se estão em sacos e amarrados ao bote.
Em um acidente no mar fatalmente sobreviveremos pouco, se não dispusermos de um bote, pois, a hipotermia agravará a situação do sobrevivente , bem como animais marinhos perigosos como tubarões, cardumes de águas-vivas, etc . 



SINALIZADORES
TIPO
PERÍODO
OBJETIVO
RÁDIO TRANSMISSOR
DIURNO
NOTURNO
Enviar sinal de socorro na freqüência 121,5 Mhz aos satélites de busca, acionando o resgate.
ESPELHO
DIURNO
Permitir através da reflexão uma sinalização eficiente aos barcos e aeronaves nas proximidades
CORANTE
DIURNO
Produzir mancha verde através de reação química com a água, possibilitando um avistamento a uma área maior.
PIROTÉCNICO
DIURNO
NOTURNO
Artefatos explosivos que usam sua queima para sinalizar, sendo reconhecidamente tido  como sinal de socorro.

LANTERNA

NOTURNO

Artefato que deve ser usado apenas como sinalizador

APITO

  DIURNO
     NOTURNO
Útil em nevoeiros e a noite
FITA SINALIZADORA
DIURNO
Sinalização constante que fica amarrada ao bote
MARCADOR DE MAR
DIURNO
Utilizado pelas equipes de busca devido ao seu tamanho.

 

ASPECTOS PSICOLÓGICOS DE UM SOBREVIVENTE


O sobrevivente de um acidente, principalmente sobre o mar, encontra um ambiente que não é o ideal para o ser humano, por isso necessita de equipamentos para amenizar os efeitos do frio, calor, enjôo, fadiga, desânimo, vontade de morrer, fome e o mais importante de todos a sede.
Todos estes fatores e mais o trauma do acidente afetam o psicológico do sobrevivente, por isso a vontade de viver em muitos casos foram mais importantes que os equipamentos, como foi o caso do chinês Poon Lin. Todos os sobreviventes que pudemos entrevistar nos últimos 10 anos tinham algo em comum, uma vontade inabalável de voltar para casa e isto lhes deu energia para continuar a jornada.
O bote de todos os equipamentos é o mais importante, pois sem ele o tempo de vida de cada sobrevivente estará condicionado a temperatura da água que poderá ocasionar a morte em 15 minutos (águas geladas) até vários dias em águas quentes sem contar com os animais marinhos perigosos. O toldo do bote deverá estar sempre armado, pois protegerá contra a exposição solar, até mesmo os raios refletidos na água queimam a pele, por isto devemos usar roupas para proteger a cabeça, a nuca e todo o corpo. O uso de protetores solares e labiais ajudam a evitar rachaduras nos lábios e em outras partes onde a pele seja mais fina, as bolhas  como em queimaduras , não devem ser rompidas pois seria uma porta de entrada para infecções .
O reflexo do sol nos olhos poderá causar dor intensa, conjuntivite e cegueira parcial que para prevenirmos devemos usar óculos escuros, panos molhados sobre os olhos, lavar com água doce caso não haja restrição, pomada oftalmológica seria o ideal caso disponha no kit de 1°S socorros , ou manter o toldo do bote fechado, pois além dos raios solares os salpicos causam irritação na pele e desencadeiam processos alérgicos .
O reduzido espaço que existe no bote diminui a possibilidade de se praticar exercícios físicos, o que não seria recomendado, o corpo passa a se comportar como o de um paciente hospitalizado com os músculos enfraquecidos, as articulações endurecidas e a perda de coordenação por parte dos impulsos nervosos que se comunicam com os membros e suas articulações. Como medida preventiva o náufrago deve massagear as partes que por ventura estejam afetadas, não devendo massagear se houver congelamento das extremidades. Pequenos movimentos como levantar os braços e pernas por alguns minutos durante o dia são suficientes para exercitar os músculos, bem como movimentar os pés e mudar a posição da cabeça a pequenos intervalos. 
O período de adaptação ao mar poderá durar até 3 dias, logo se você é propenso ao enjôo tome remédio de imediato, pois se vomitar perderá líquidos e aumentará a desidratação. Caso o enjôo já tenha se instalado procure fixar um ponto no bote e não coma nem beba até que esta situação esteja resolvida.
O nosso corpo é uma máquina perfeita que procura suprir as deficiências mesmo estando em emergência, por isso é normal a dificuldade de urinar e defecar, para que seja eliminado o mínimo possível de água. Outras dificuldades poderão aparecer sem que o sobrevivente possa resolver, visto que não dispõe de meios para tal, como por exemplo: diarréia, úlceras pelo excesso de ácido gástrico ou fatores emocionais devido ao acidente, e para as mulheres é pior, pois a maioria terá blenorragia ( menstruação ), o que se agrava a este fato e aumenta o desconforto é que não está previsto nos Kit’s de emergência a presença de absorvente, por tanto toda comissária deve considerar levar absorventes extras até que haja uma inclusão mandatória deste item, particularmente venho brigando junto aos órgãos competentes para a inclusão deste item, mas a única que colocou apenas para a tripulação foi a Varig, ao menos foi a única que vi, isto nos dias atuais passa a ser uma preocupação pois segundo a revista Flap 55% dos passageiros atuais são mulheres e até mesmo em algumas companhias a tripulação do piloto ao comissário é do sexo feminino, o custo e peso desse item para uma companhia aérea seria desprezível visto que é leve e sua validade são três anos.
O aspecto psicológico é o que pode salvar ou matar o sobrevivente e o seu controle pode variar de uma pessoa para outra, um exemplo disto é o fato que aconteceu no cruzador Bahia quando um marujo disse: Meu capitão está me chamando, mergulhou no mar e nunca mais foi encontrado. Nestas horas um motivo para voltar é muito importante, pois aviva a vontade de viver. Com todos os sobreviventes que tive a oportunidade de conversar os que tinham melhores condições psicológicas eram aqueles que sabiam claramente por que voltar para casa. Você terá todos os motivos para entrar em pânico, porém isto não resolve o problema, não desanime se algum passageiro quiser culpar a tripulação pelo acidente, mantenha o pulso firme e seja bastante otimista, mantenha o bom humor. Se um dos passageiros tiver reações violentas e colocar em risco a vida das pessoas, o mesmo deve ser contido. O vento frio poderá causar hipotermia, para evitar proteja as partes descobertas do corpo mantendo estas partes secas e agasalhadas. Colocar partes afetadas em baixo das axilas também darão bom resultado. Jamais tome água do mar, pois mesmo depois de ser resgatado será muito difícil reverter o processo, vindo o paciente a desenvolver uma IRA ( insuficiência renal aguda ).

OBTENÇÃO DE ÁGUA

Segundo algumas literaturas médicas o corpo humano possui em torno de 60 a 70 % de líquidos em sua composição, sendo assim podemos concluir que a água é de fundamental importância para nós seres humanos. O nosso organismo necessita de 24 horas para entender que está com um suprimento de água comprometido, por isto não se deve beber e comer nas primeiras 24 horas, a partir daí começará um racionamento controlado pelas comissárias para que não aconteça de crianças morrerem de sede e alguns adultos esconderem a  água .
Os sobreviventes encontrarão água com mais facilidade no Kit de emergência, acondicionadas em embalagens plásticas resistentes e deverão ser poupadas se por acaso chover, neste caso deve-se tomar o máximo de água que couber, mas sem passar mal, aqueles que porventura estejam com inflamações nos olhos deverão lavar os mesmos com água da chuva. Existem ainda os dessalgadores que retiram o sal da água em grandes proporções, bem como os destiladores que usam o calor do sol para evaporar a água por uma serpentina. Devido a lentidão do processo ambos estão sendo retirados dos Kit’s, embora exista um no mercado que funciona com baterias e fornece água em larga escala e um outro conhecido como desmineralizador que retira o sal e fornece água em quantidade e rapidez para todos os sobreviventes .
Para evitar a perda de líquidos o náufrago deve manter o toldo do bote sempre armado de forma a se proteger do sol e do seu reflexo na água, pois este também queima. Mantenha uma ventilação adequada para evitar a sudorese e conseqüente perda de líquidos, também deve ser evitado esforço demasiado, se puder durma.  Um inventário das rações e líquidos deve ser feito, para se determinar quanto cada um vai beber e quando vai beber, uma prioridade deve ser dada as crianças e gestantes, pois são mais vulneráveis a desidratação. Não dispondo de água não coma para que o organismo não use a água do próprio corpo para fazer a digestão. Diariamente precisamos de dois litros e meio de água ou líquidos em geral em situação de emergência no mínimo meio litro por dia (recomendação da guarda costeira americana).
Ao beber água depois de um longo período de sede, beba lentamente para evitar os vômitos. Lembro que após o nosso curso de cinco dias de sobrevivência tínhamos uma mesa bastante farta na base do PARASAR localizada na Marambaia, muitos alunos comiam sem parar mesmo contra as ordens do instrutor e o vômito foi geral.
Mesmo você não tendo conhecimento de meteorologia procure observar as nuvens a fim de identificar as que poderão trazer água e as tempestades que poderão causar problemas de perda de material, virar o bote e desaparecimento de sobreviventes. Como último recurso para se obter água encontramos o orvalho, antes da noite cair passe um pano molhado no toldo a fim de se retirar o excesso de sal e coletar o orvalho, não é muito mas em alguns caso durante doze dias era a única opção disponível, passe um pano e torça-o numa vasilha.

 

ALIMENTAÇÃO

           
Em uma sobrevivência no mar o que teremos a nossa disposição basicamente fica restrito aos Kit’s de emergência, por isso todo cuidado é pouco, pois poderão ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. As rações e os alimentos levados da aeronave, provavelmente serão os únicos disponíveis, além disso, pode-se pescar peixes e confeccionar armadilhas para as aves que por acaso pousem no bote, para pegá-la espere que feche as asas primeiro, para isso permaneça imóvel até a sua captura.
Assim como a água, a ração só deve ser consumida após  24 horas, havendo água para digerir este alimento, não será um banquete, mas será o suficiente para manter as funções vitais do organismo e um mínimo de atividade física .
Na busca por alimentos marinhos jamais coma ou tente pegar os celenterados (caravelas, medusas, águas vivas) pois causarão enormes danos e agravarão sua situação como sobrevivente.
Nunca coma vísceras ou ovos de peixes desconhecidos, estes peixes possuem algumas características comuns como: espinhos e carapaça dura semelhante a um osso, como é o caso dos baiacus que vivem em águas pouco profundas, próximo de arrecifes, possuindo o corpo arredondado. 
            Quase todas as espécies de peixes existentes em alto mar são comestíveis, mas quando for pescar procure pegar peixes pequenos que não tenham espinhos no corpo e  nem tiverem dentes muito salientes como as barracudas. Antes de coloca-los dentro do bote verifique se estão mortos para que os espinhos das nadadeiras não furem o bote.
            Os botes são equipados com um kit de pesca que em sua falta poderão ser improvisados anzóis com alfinetes e broches, mas devem ser pequenos para que depois sirvam de isca para peixes maiores. As vísceras de peixes e aves também servirão de isca. A melhor maneira de consumir será fazendo postas e consumindo vagarosamente sem engolir a carne, pois levará o sobrevivente a ter distúrbios intestinais.  A luz atrai os peixes durante a noite e peixes voadores poderão cair dentro do bote, se isto acontecer não se assuste trate de pegá-lo é um excelente alimento. Ao pescar não amarre a linha a alguma parte do corpo ou do bote, pois poderá danificar o bote e lacerar o membro. Proteja com um pano o local onde a linha atrita no bote.
                  Objetos que brilham ou fazem barulho atrai peixes grandes, somente traga ao bote os peixes que não ofereçam riscos.

PEIXES MARINHOS PERIGOS

Caso o sobrevivente se encontre em região junto ao mar, ou próximo a ilhas, deverá ser conhecedor dos aspectos aqui abordados, bem como aquele que se encontre num bote em pleno oceano.
Ao se deslocar por trechos de recifes cobertos por água mais profunda, o sobrevivente deverá examinar bem a parte da rocha sobre a água, próxima a superfície, a fim de descobrir, em tempo, a presença eventual de qualquer tubarão. As moréias são raivosas, perigosas e agressivas quando perturbadas em seu “habitat”. Costumam abrigar-se em buracos escuros, por entre os rochedos. Nos estuários de água salgada e nas baías e lagunas, temos os perigosos tubarões.
Quanto aos animais marinhos perigosos, devemos nos preocupar com as moréias, arraias, barracudas, caravelas, águas vivas e em algumas regiões com as serpentes marinhas como é o caso da Austrália.
   Nem todos os tubarões fazem aparecer a barbatana dorsal acima da água, e caso seja presenciado de fato, talvez ainda não venha a ser um tubarão. A arraia jamanta pode ser confundida com dois tubarões.
   O Boto quando em seu salto acima da água, embora salte em forma de arco e o tubarão de traçado reto, também  pode causar tal confusão. 
    
TUBARÕES

Segundo o manual de sobrevivência da FAB, o tubarão, ao contrário dos peixes com estrutura óssea, não tem bexiga natatória, que permite o equilíbrio dentro da água. Como o peso de seu corpo é maior que o da água, quando ele para de nadar, afunda. A maioria dos tubarões, especialmente aqueles que freqüentam águas profundas, precisam mover-se do nascimento a morte, pois, se pararem, irão para o fundo e morrerão asfixiados pela pressão.
           O tubarão ataca quando tem fome, mas seu apetite parece ilimitado. Isto pode ser explicado pela anatomia interna, simplesmente adaptada para encerrar a presa e digeri-la. Ao contrário da maioria dos vertebrados, ele tem um aparelho digestivo bastante curto. A área de absorção dos alimentos é ampliada por uma válvula em espiral, que permite uma digestão rapidíssima, tornando o tubarão um eterno faminto.
 Calcula-se que existam de 250 a 300 espécies conhecidas de tubarões, das quais apenas 12 são perigosas para o homem. Dependendo das espécies, o tamanho varia de 30 cm, até 18 metros, como é o caso do gigantesco tubarão baleia.
            Vivendo tanto em águas rasas como nos mares mais profundos, e até em lagoas e rios, os tubarões são mais numerosos em áreas tropicais, subtropicais e temperadas, apesar de várias espécies habitarem nas águas frias do Ártico e do Antártico.   O tubarão tem um olfato agudíssimo, capaz de detectar um estímulo olfativo atraente, como o de sangue, mesmo se ele estiver diluído numa concentração de 0,6 parte por milhão. Baseado apenas no olfato, um tubarão pode seguir uma pista por muitos quilômetros.
    Outro sentido bastante aguçado no tubarão é a audição. O olfato e a audição compensam a principal deficiência, que é a visual. O tubarão é míope, o cristalino dos seus olhos é indeformável, de modo que ele só pode ver nitidamente objetos que estejam a distâncias de 2 a 5 metros.
    Ficou provado através de várias experiências, que o tubarão não ataca deliberadamente o homem, mas pode ser levado a isto, por certos tipos de vibrações. Também não ataca de modo precipitado, por puro instinto de agressão, sendo ao contrário muito cauteloso ao se aproximar.
A maioria dos tubarões afastam-se quando encontram algo grande, como um homem submerso, comportamento típico quando cruzam com mergulhadores na praia de Boa Viagem, onde foi registrado 44 ataques com banhistas e surfistas, mas nenhum mergulhador, pois nesta situação o tubarão, que é míope, vê o mergulhador por completo e sai em retirada por identificar algo desconhecido e fora de seu cardápio alimentar .
            Já na superfície o tubarão vê apenas algumas partes do nadador (pernas, braços), que estão vibrando na água e parte para o ataque.
O nome científico dado ao grupo que inclui os tubarões, raias e mantas éelasmobrânquio, existindo aproximadamente 350 espécies de tubarões conhecidos, vivendo em média 25 anos e estando os tubarões mako, martelo, branco e tigre catalogados entre os mais vorazes e perigosos.
Eles são dotados de órgãos sensitivos capazes de perceberem a presença de uma partícula de sangue por um milhão de partículas de água a uma distância de um quilômetro, a mordida é profunda, podendo seccionar uma artéria e impedir que uma pessoa ferida chegue até a praia, morrendo de hemorragia antes. Possui uma dentição privilegiada com sete fileiras de dentes afiados, sendo renovado caso perca algum dente. O tubarão pode ser considerado como o urubu dos mares, visto que come de tudo que está ao seu alcance e isso pôde ser verificado quando um espécime foi capturado no cais da Austrália, em seu estômago foi encontrado entre outras coisas, a cabeça e as pernas dianteiras de um cachorro com um pedaço de corda amarrado ao pescoço, postas de carne de cavalo, os quartos traseiros de um porco e uma raspadeira de casco de navio. Outro caso interessante aconteceu também na Austrália quando um tubarão foi capturado e colocado em um aquário e devido a capacidade de permanecer com o alimento por semanas, expeliu um braço humano com uma tatuagem ainda bem conservado, e isto ajudou a polícia a desvendar o mistério de um corpo desaparecido. Devido a estes relatos e muitos filmes onde aparece o tubarão como o mais implacável dos predadores, como o Tubarão de Spilberg, Morte Branca, Tintureira e outros, este animal leva fama de assassino, levando algumas espécies a extinção e outras bem perto como o branco, isto causaria um grande desequilíbrio, aumentaria a quantidade de focas e leões marinhos diminuindo a quantidade de peixes e aumentando a quantidade fitoplâncton  e em conseqüência diminuiria a produção de oxigênio para o planeta.
  Em uma pesquisa feita pelo departamento de pesca da universidade federal de Pernambuco, pelos pesquisadores, Hazin F. H. V., Wanderley Jr. M., Zagaglia J. R., Geber F., Mattos S. M. G., chegou-se a conclusão que os tubarões que habitam o litoral nordestino, especificamente o de Pernambuco, local onde ocorreu o ataque de  38 pessoas em sua maioria surfistas entre os anos de 1994 a 1996, são o tubarão flamengo com 38,9 %, sucuri com 27,9 %, cabeça-chata com 4,3 %, lixa com 10,7 %, galha-preta com 2,2 % e azul com 6,4 %, estando a água com uma temperatura entre 24,5 º C e 29,0 º C, atualmente estamos na marca de 44 ataques todos concentrados no praias de Boa Viagem, as praias foram interditadas e foram colocadas placas de advertência.
Percebeu-se também que houve relação entre o número de navios aumentados, tendo a maioria dos ataques ocorrido nas fases da lua nova e cheia quando a amplitude da maré é máxima , facilitando a aproximação dos tubarões as praias e mais comumente ao fim da tarde e ao amanhecer, pois neste período os tubarões estão mais ativos. Em suma o resultado final da pesquisa sugere que os ataques foram causados principalmente pela construção do Porto de Suape, agravados pelos ventos Sul-Sudeste que intensificaram a corrente.

                NOVA ESTATÍSTICA DO CORPO DE BOMBEIROS – PE

ANO
Nº DE ATAQUES
1992
05
1993
03
1994
11
1995
03
1996
05
1997
06
1998
05
1999
01
2000
00
2001
01
2002
03
2003
01
TOTAL 44 ATAQUES
*até a dia 26 maiode 2004 o registro é de 49 ataques
Como evitar os ataques
Se precisar nadar, nade sutilmente de forma a fazer menos barulho estilo peito ou semelhante, não tente atacá-lo com as mãos e pernas, pois os que fizeram isto perderam seus membros e sim ataque com um remo atingindo o seu focinho, pois é a única parte sensível do tubarão, ou mergulhe desta forma ele poderá ver você por completo.
            O sobrevivente não deve ficar fora do bote, nem deixar partes do corpo na água, bem como peixes, vísceras e qualquer tipo de alimento que possa atraí-lo. Se estiver pescando e algum tubarão se aproximar é preferível deixar o peixe do que sofrer as investidas do tubarão. Pessoas que tiverem algum tipo de ferimento aberto, ou que sangre, jamais deverão entrar na água e se possível devem estancar este sangue e se acalmar, não entre em pânico porque existe um tubarão no mesmo oceano que você.
Inúmeros estudos foram feitos com repelentes de tubarão a base de corais e outros produtos químicos, mas nenhum deles foi totalmente eficaz, em todo caso se houver algum repelente no kit use se for entrar na água.
No que diz respeito as arraias, muitas podem ser perigosas com seus ferrões enormes em forma de serra , venenosos e até , algumas espécies , podem produzir descargas elétricas de 220 volts, o suficiente para matar um homem. São animais de hábito noturno permanecendo no fundo durante o dia, totalmente imóvel. As moréias ou enguias de aspecto temeroso, habitam os recifes de coral e são perigosas por sua mordida na aproximação da sua toca, por esta razão não se aproxime de buracos e muito menos coloque a sua mão, é fato comum esses animais não largarem a sua vítima, sendo mais provável que se afogue antes que possa se salvar, embora este comportamento seja puramente defensivo.
            O corpo de bombeiros de Pernambuco está adquirindo um novo equipamento que funciona com baterias recarregáveis, gerando um campo elétrico de dez metros quadrados ao redor da pessoa que está usando, seu nome é “Shark Shield” e este equipamento já vem sido comercializado na Austrália, EUA e Japão, sendo distribuídos para mergulhadores na África do Sul, Nova Zelândia e outros. O preço deste equipamento hoje é de R$ 3.400,00 e tem comprovado sua eficiência pelos mergulhadores dos diversos países.

NATAÇÃO E SINAIS DE TERRA

Em emergência, após a amerrisagem devemos abandonar a aeronave com os coletes desinflados e após a saída da aeronave, sobre as asas ou nas soleiras (barreiras colocadas para impedir a entrada da água no avião), acionaremos os coletes, caso o sobrevivente infle antes, correrá o risco de ficar preso na aeronave se esta submergir .
            Apenas uma das câmaras do colete inflado, será suficiente para flutuar um adulto, pois caso precise nadar terá os movimentos comprometidos se as duas câmaras tiverem acionadas.
            Caso o sobrevivente perceba que vai desmaiar ou está em pânico, será aconselhável que infle as duas câmaras, visto que o colete foi projetado para manter o pescoço fora da água, mesmo em situação de inconsciência.
            Percebendo o sobrevivente que não poderá usar o colete por algum motivo, deverá lançar mão da sua flutuação, neste caso de costas, haja vista que por melhor preparo físico que tenha o sobrevivente  não poderá nadar todo o tempo sem ter cãibras e fadiga muscular, um exemplo recente foi o caso da modelo Fernanda  no acidente de helicóptero ocorrido em maresias (São Paulo) quando não conseguindo mais nadar depois de algumas horas afogou-se e o mesmo aconteceu com o piloto, a lição que tiramos deste triste episódio é que jamais devemos entrar em uma aeronave que faz vôos transoceânicos por mínimo que seja sem estar familiarizado com os equipamentos de emergência, vimos relatos de sobreviventes que conseguiram dormir flutuando.
Outra técnica bastante eficaz é a de encher os pulmões de ar e ficar flutuando, solte o ar e encha novamente os pulmões, repetindo o ciclo. Este recurso poderá ser aplicado para nadar, com os pulmões cheios e a cabeça dentro da água, o sobrevivente dará varias braçadas até sentir novamente vontade de respirar e assim sucessivamente.
Uma outra técnica bastante utilizada é a bóia improvisada com calça jeans ou macacão: Amarre as duas pernas da calça, dando um nó em cada boca para evitar a saída do ar , desabotoe a calça segurando pela cintura e passando por trás da cabeça como um arco em direção a frente , então mergulhe a cintura da calça e apóie o tórax sobre as duas pernas da calça. O tempo de flutuação irá depender do tipo de tecido, mas todos flutuam, ao secar o ar repita o processo.

SINAIS DE TERRA

            O vigia deverá ficar em quartos de duas horas e estar atento ao sinal de aviões e de embarcações, bem como deverá buscar no horizonte a presença de terra a vista, normalmente os pássaros deslocam-se em rotas que finalizam em terra, portanto fique de olho em sua rota de navegação, apenas os feridos e gestantes não participarão dos turnos de vigia. O vigia deve estar sempre amarrado, pois caso o bote vire este reunirá o pessoal.
            A presença de nuvens paradas quando o céu está limpo, poderá indicar que ali há algum tipo de formação de solo. No Brasil, quando o céu fica esverdeado poderá estar refletindo raios que incidem em lagunas rasas ou taboleiros de rocha de coral e ainda enseadas.
A medida que a profundidade vai diminuindo, a água do mar vai clareando até ficar com uma tonalidade clara no raso, indicando assim a proximidade com a terra . Bandos de aves não são comuns em alto mar, logo indicará uma grande probabilidade de se encontrar terra como relata Amyr Klink em sua expedição, quando contornou o círculo polar Antártico. O barulho da arrebentação também indicará sinais de terra, porém devemos tomar o cuidado de não aproximar até encontrar um vazio no qual possamos aportar seguro, caso contrário o bote será esmagado nas pedras, como podemos ver no filme Papilon, em sua fuga para sair da ilha.
            Avistando terra o sobrevivente deverá sinalizar pedindo socorro, e não pular na água e tentar chegar a terra, não se esqueça que se encontrará debilitado e não terá resistência física para nadar, mas deverá manter a biruta na água.
O bote foi projetado apenas para flutuar, não tente navegar com este equipamento, pois o seu formato normalmente circular impede o deslocamento com remos ou até mesmo velas improvisadas, sem contar do alto coeficiente de atrito que o mesmo possui por ser de borracha..
 
ITENS DO KIT DE SOBREVIVÊNCIA NO MAR

KIT DE SOBREVIVÊNCIA E PRIMEIROS SOCORROS
ÁGUA EM EMBALAGEM RESISTENTE
APITO
AGASALHO DE LÃ (CALÇA, CAMISA E MEIAS)
ALIMENTO CONCENTRADO, RAÇÃO PARA 48h ( a base de glicose)
BÚSSOLA
CORDA DE NYLON (5 m m)
DESSALGANTE (PARA 2,5 LITROS D`AGUA)
ESPELHO DE SINALIZAÇÃO
ESTOJO PARA PESCA (MAR)
FACA (COM DISPOSITIVO DE ABRIR LATAS) SEM PONTA
GERADORES DE FUMAÇA (DAY SMOKE)
LONA IMPERMEÁVEL PARA COLETAR ÁGUA 2m x 2m
LUVAS
LANTERNA A PROVA D´ÀGUA, LENTES COLORIDAS
MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA
MARCADOR DE MAR
ÓCULOS PARA SOL
PISTOLA DE SINALIZAÇÃO
PIROTÉCNICOS (CARTUCHOS)
RÁDIO TRANSCEPTOR NA FREQ. DE 121.5 Mc/s
REPELENTE PARA TUBARÃO
SACO PLÀSTICO PARA ÀGUA
SACO PLÀSTICO PARA PEIXE
KIT DE 1º SOCORROS
NOTA: COMO AGASALHO PODERÃO SER USADOS OS COBERTORES DE  BORDO  TAMBÉM.

ACESSÓRIOS

EQUIPAMENTOS
ALICATE
ÂNCORA
BALDE
 CILINDRO DE CO2
 ESPONJAS
 GRAMPOS PARA REPARO
 REMENDOS PARA O BOTE
REMOS
RETINIDA
TOLDO COM ESTAIS

Kit de sobrevivência no mar da aeronave Foker – 50, Brasília e bandeirantes
(Foto do arquivo da AFAER-Recife)
































SOBREVIVÊNCIA NO DESERTO


















DESERTO DE JUDÁ TERRA SANTA
FOTO DO ARQUIVO PESSOAL DO Sr. MARCONI


INTRODUÇÃO


            “ João usava uma vestimenta de pêlos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre”.
                   Mateus 3, 4-6.
            Este é o primeiro e mais antigo relato  que encontramos de um sobrevivente de deserto, observe na dificuldade de se encontrar comida em uma região desértica desprovida de água e alimentos.
Na maioria dos continentes, excluindo-se apenas a Europa, há extensas regiões que têm como característica a aridez do solo, estando muitas terras ao redor do planeta em processo de desertificação como é o caso de vários estados do nordeste, onde impera uma quase completa ausência de chuvas e temperaturas muito quentes durante o dia e bastante fria a noite, fazendo desta região uma das mais difíceis em termos de sobrevivência devido a quase completa ausência de vida animal. As nossas áreas desérticas, em sua maioria no nordeste, são conhecidas como caatinga, ambiente seco com características de deserto.

Muitas batalhas foram travadas fazendo tropas serem exterminadas como nos é relatado em “OS SERTÕES” de Euclides da Cunha, relatando os conflitos entre as tropas militares e os seguidores de Antônio Conselheiro. Outras perseguições também marcaram a caatinga, como a incessante procura pelo temível Virgulino Ferreira “ O Lampião”. O fato comum aos dois casos foi que as tropas subestimaram a capacidade do sertanejo, que com sua roupa de vaqueiro adentrava caatinga sem ser molestado pela vegetação, quase intransponível para um leigo que ao passar pela macambira ficava aos trapos, com insolação, intermação, exaustão, superaquecimento e por fim a morte, por desconhecer como obter água dos vegetais da caatinga.
A maior de todas as faixas de terras áridas do mundo estende-se desde o Norte da África, onde encontramos o famoso e mortal Saara, passando pela região do Golfo Pérsico rico em petróleo, até a Ásia Central. Nela se incluem os desertos do Saara, da Arábia e de Gobi e também existem outros desertos de menor extensão, como os de Kalahari na África, Sind na Índia, Tarin na China, o Grande deserto de Areia na Austrália, Atacama na América do Sul, e as vastas zonas áridas si­tuadas ao Sul da serra Nevada, América do Norte, como podemos encontrar nas literaturas das terras desérticas.
No Brasil muitas extensões de terra estão em processo de desertificação, mais especificamente no nordeste onde já existe quase vinte mil quilômetros quadrados de deserto e muito mais em processo. Uma vez que a terra vira deserto não mais é possível a sua reversão. Em uma interessante reportagem da revista veja na década de 90 foi mostrada as áreas já desertas e as que estavam em processo, segundo alguns pesquisadores se não fosse feito nada metade do estado da Paraíba viraria deserto.
As dificuldades de sobrevivência em áreas desérticas baseiam-se principalmente, na obtenção de água, o que na maioria das vezes resume-se a cactos e orvalho, e na resistência as temperaturas elevadíssimas destas regiões, o que torna o fator tempo um marco decisivo entre a vida e a morte dos sobreviventes, fazendo das equipes de resgate que atuam nestas áreas fator decisivo na vida.
Sobreviver nestas áreas está além dos limites do nosso conhecimento, sendo a espera de socorro a mais acertada decisão, requer força de vontade e determinação, bem como uma vontade de viver inabalável.
No deserto o protocolo de primeiros socorros,  Orientação, ação jmediata no local do acidente, fogo , sinalização são idênticos aos de uma sobrevivência na Selva, Entre­tanto, há algumas diferenças quanto a Abrigo devido a temperatura, água e alimento devido a ausência.
                 
ABRIGO

Estando o sobrevivente no deserto a construção de um abrigo é de vital importância, pois protegerá os sobreviventes do calor e de seus efeitos fisiológicos, dos raios do sol durante o dia e do frio á noite chegando a ocasionar hipotermia. A aeronave serve como abrigo à noite, pois apesar do frio, não chega a congelar, aliviando um pouco o efeito dos ventos, no entanto não é o abrigo ideal durante o dia, devido à elevada temperatura encontrada na maioria dos desertos, é a mesma sensação térmica de entrar em um carro que deixamos ao sol, visto que lá dentro a temperatura estará muito mais quente. Pode-se improvisar um abrigo utilizando partes da aeronave, fuselagem, escorregadeiras ou ainda, cavando sob as pedras a fim de se ter sombra durante a maior parte do dia. Devido a ausência de palmeiras encontraremos apenas arbustos muito ralos, mas, que servem para nos fornecer alguma sombra, sendo a falta desta a responsável por rápida desidratação, insolação, intermação e exaustão. O sobrevivente deste tipo de região deve andar e não correr, se for de extrema necessidade faça deslocamentos a noite ou depois das quinze horas, pois o sol é mais ameno. No meu curso de sobrevivência no deserto simplesmente não tínhamos ânimo para andar e ficamos a maioria confinados a sombra durante o dia em um verdadeiro estado de prostação.

ÁGUA


A necessidade da ingestão de água no deserto é de duas a três vezes maior do que na selva. Sendo esta a maior preocupação do sobrevivente. Quanto à água, algumas observações: evidentemente encontrar água no deserto é muito difícil, sendo provavelmente encontrada onde houver vegetação. Poderemos tentar também sob pedras, em buracos nos leitos secos dos rios, nas depressões profundas entre as dunas, nas praias pouco acima da maré alta, captando orvalho, e pela observação de pássaros, cujo local onde sobrevoam pode indicar a existência de um poço. Tendo o sobrevivente água em pouca quantidade deve dar preferência ao seu consumo durante a noite, para que pela transpiração, respiração, urina e fezes não perca esta mesma e preciosa água. 
Captando orvalho, passando um pano ou a própria camiseta na fuselagem da aeronave e espremendo o conteúdo em uma vasilha, e pela observação de pássaros, cujo local onde sobrevoam pode indicar a existência de um poço, comunidade aborígine ou nativos.
Numa temperatura de 25° á 40° C, permanecendo parado e a sombra, dispondo de apenas 4 litros de água, uma pessoa poderá sobreviver no máximo 3 dias, ao passo que se estivesse esta mesma pessoa em um ambiente de selva sem água e comida poderia sobreviver de dez a doze dias dependendo de sua constituição física e saúde.
Existe um método de se extrair água do deserto muito usada em regiões de caatinga no Brasil pelos especialistas em sobrevivência que é o seguinte:
Cave um buraco em forma mais ou menos cilíndrica, com aproximadamente um metro de largura e 50 cm de profundidade, no fundo do buraco coloque um recipiente, jarra ou outro qualquer, cubra a cavidade com uma folha de plástico de mais ou menos 2 metros quadrados. Usar terra solta e algumas pedras nas bordas para fixar o plástico na posição, evitando que ela caia para dentro do buraco, com todo cuidado colocar uma pedra no centro do plástico, tornando-a cônica em direção ao fundo da cavidade, de maneira que a ponta fique exatamente sobre o recipiente, o plástico não deve tocar as paredes laterais da cavidade.
Este destilador funciona da seguinte maneira: o calor do sol provoca uma mistura na terra que vai se condensar na parte inferior do plástico. As gotas de água correm para a ponta do cone e caem dentro do recipiente ali colocado. A água assim obtida é morna, com sabor seco, mas o manterá vivo em uma situação de emergência.
() método é simples, foi pesquisado por físicos para obter água do mais seco dos solos desérticos, pode ser montado em poucos minutos, e permite extrair até um litro e meio de água pura em 24 horas.
Havendo cactos nas imediações poderá ser cortado em pedaços e colocados no interior da cavidade para aumentar a produção de água ou mastigar o miolo. Utiliza-se o solo, o sol, o plástico, um recipiente qualquer, pedras, um instrumento para fazer o buraco e só, vale a pena tentar.  É absolutamente contra indicada qualquer caminhada no deserto, sendo que o raio de ação de um sobrevivente, contando com 4 litros de água diário, será de apenas 30 Km por dia.
Quanto a areias movediçaso sobrevivente deve deitar-se e deslocar-se por meio de movimentos natatórios, feitos com os braços e com as pernas, se houver mais de um devem tentar de mãos dadas retirar o companheiro, este procedimento deverá ser rápido.  

DERTO DE JUDÁ TERRA SANTA
FOTO DO ARQUIVO PESSOAL DO Sr. MARCONI

            Nota-se nesta foto que ao fundo deste vale existe uma pequena cidade, que foi construída devido a presença de água. Em virtude deste fato encontrando os sobreviventes um vale em região desértica, devem descer a procura de água e abrigo, lembrando que a água no deserto nem sempre aflora, sendo necessário ao sobrevivente procurar uma terra mais úmida com presença de vegetação viçosa e cavar, em seguida deve esperar a água brotar, este é um dos milagres do deserto.

 ALIMENTOS

A ausência do homem em regiões desérticas diminui as chances de se encontrar vegetais conhecidos. A vegetação dos desertos, quando existe, é do tipo herbáceo e de vida curta.
Durante o período seco, que às vezes dura vários anos, os vegetais permanecem em estado de latência, como se estivessem mortos, e sobrevivem graças ás extensas raízes capa­zes de captar a umidade das camadas profundas do solo.Portanto ao encontrar um vegetal, que Pareça Estar seco, deve-se cavar e buscar suas raízes que provavelmente, servirão como fonte de alimento e água.
As partes das plantas que, por ventura, sejam encontradas acima do solo, tais como flores, frutas, brotos novos e sementes de cascas serão melhores fontes de alimento.
Em pleno deserto pode-se encontrar sementes de gramíneas, favos ou grãos de ar­bustos. Os favos e os grãos freqüentemente são espinhosos e amargos, e podem se tornar comestíveis se ficarem imersos em água por tempo prolongado, devendo esta ser ou não utilizada de acordo com a quantidade de que se dispõe.
O cacto bojudo, nativo das Américas do Sul e do Norte, é encontrado em quantidade nos desertos do Norte da África, Oriente e Austrália e seus frutos são comestíveis,
É importante lembrar que alimentos desconhecidos de origem vegetal que se­jam do tipo CAL (cabeludo, amargo, leitoso), não devem ser ingeridos, a menos que o sobrevivente tenha conhecimento e certeza de que aquele vegetal é comestível.
Um outro perigo nas regiões desérticas são as larvas que na selva podem ser comidas, mas as do deserto podem ser venenosas e algumas delas são usadas pelos bosquímanos da áfrica para envenenar suas flechas, portanto não coma nenhum tipo de larva encontrada nos desertos, principalmente se esta estiver envolta em uma casca de barro.











Alimentos de Origem Vegetal



Cacto comestível típico da região de caatinga
 (foto do arquivo da AFAER)


Palma com frutos
(foto do arquivo da AFAER)






































Mandacaru adulto
(foto do arquivo da AFAER)


Fruto do mandacaru
Foto do acervo pessoal da comissária Érica uzumaki


Alimentos de Origem Animal

Na maioria dos desertos, a vida animal é escassa. Sua presença depende tanto de água quanto de alimento. A procura de alimentos de origem animal deve se basear na busca de lugares onde exista certa umidade ou nos vales como visto na foto do deserto, ou seja, possíveis vertentes ou cursos secos de água, sob pedras ou arbustos.Os animais mais comumente encontrados no deserto são: pequenos roedores, coio­tes, lagartos e cobras. 0s roedores são mais facilmente capturados durante o dia em suas tocas, pois são animais notívagos, não coloque a mão em buracos por causa do risco de serpentes. De uma maneira geral, estes animais são vistos transitando ao amanhecer ou ao entardecer. Pode-se deixar preparadas algumas armadilhas, em locais estratégicos.


CAÇA


Difícil de se encontrar em regiões desérticas, o alimento de origem animal, representado por pequenos roedores, lagartos e cobras, apresentam a vantagem de fornecer um teor bastante ele­vado de proteínas, quando encontrados são os que maior valor nutritivo por quilo de peso possuem. Devemos assim que possível tentar obter alimento dessa origem confeccionando armadilhas improvisadas com recursos dos kits de sobrevivência e materiais obtidos da própria selva, savana ou deserto.
Os melhores horários para caçar são pela manhã bem cedo, ou no final da tarde, a noitinha. As armadilhas devem ser colocadas nas trilhas dos animais, que podem ser identificadas pela ve­getação rasteira pisoteada e excrementos, aliás, nas trilhas estreitas esteja prevenido para eventualmente topar com a caça, que habitualmente percorre estas trilhas, não devendo o caçador ficar a favor do vento, pois a caça sentirá o seu cheiro e fatalmente fugirá, bem como já falado anteriormente o sobrevivente que manuseia a armadilha não pode tocar em repelente, perfume ou qualquer outro produto químico devido ao faro do animal.
A caça existe em maior quantidade próximo a água, nas clareiras e nas cercanias dos bosques, sendo conseqüentemente mais aconselhável caçar nestes locais.
A caça noturna costuma dar bons resultados, muitos animais movimentam-se a noite. Pela manhã examine as armadilhas para conferir o resultado, tomando o cuidado de matar o animal antes de abrir.
          Animais grandes quando feridos ou protegendo os filhotes podem ser muito perigosos, portanto antes de se aproximar para apanhá-los, certifique-se de que a caça está real­mente morta.
                  As armadilhas devem ser de construções fáceis e armadas antes de cair a noite, sendo que o sobrevivente deverá providenciar obstáculos que obriguem a caça a passar pela armadilha, deixando no entanto o local com aspecto mais natural possível  A armadilha que prende e eleva a presa bem alto, e que consiste em um nó corrediço­ ligando a uma árvore bastante flexível, apresenta as vantagens de logo matar a presa, mantendo-a fora do alcance dos outros animais e de não precisar de isca, deixando o sobrevi­vente com tempo para outras atividades. Os animais de tamanho médio e grande podem ser capturados por meio de armadilhas ligadas a troncos que caem quando o animal agarra a isca e agita o laço, porém esse tipo de armadilha, devido ao trabalho que dá em prepará-la é valida somente nas áreas em que existe caça grande em muita quantidade, além do que devemos considerar, diante das dificuldades de conservação se é ou não interessante capturar caça de grande porte.
            Outra armadilha em que não se emprega isca é aquela que utiliza um barbante estica­do e atravessado na trilha da caça. Quando o animal tropeça no barbante o movimento faz desprender um tronco, ou outro objeto com a mesma finalidade.
Confeccionar atiradeiras com borracha das câmaras de ar e forquilhas retiradas de galhos de árvores, também poderá se tornar uma boa opção com a prática você poderá acertar muito bem em qualquer animal pequeno. Outra alternativa é fazer arapucas, cuja confecção é fácil e rápida.
A chamada “Técnica do Gatilho” é o básico para que consigamos confeccionar a maioria das armadilhas aqui descritas. Quanto aos animais que poderemos comer, o assunto já foi anteriormente abordado, porém relembramos que poderíamos nos alimentar de aves, lagartos, roedores, cobras (retirando e jogando fora, aproximadamente um palmo na região da cabeça e na região da cloaca, para cobras). Tartarugas e macacos podem ser consumidos, mas, o macaco deve ser bem cozido visto que ele é um hospedeiro de muitas doenças sem desenvolver a mesma.

CUIDADOS NO DESERTO

No deserto deve-se dar uma tenção especial ao vestuário para evitar queimaduras na pele. As roupas, quando vestidas frouxas, tornarão mais suportável o calor.  Deve-se, tam­bém usar um pano sobre a cabeça e a nuca se  possível, um echarpe de tecido leve, formando uma aba sobre os olhos, como proteção contra queimaduras do sol e poeira.

Decisão de permanecer ou abandonar o local do Acidente:

No deserto, assim como na selva, não se deve abandonar o local do acidente, a me­nos que se tenha certeza de conhecer sua localização e que o socorro se encontra a pouca distância. A não ser os povos nômades dos desertos africanos que atravessam, de geração em geração, estas áridas regiões, não se deve arriscar um deslocamento sem destino. A al­ta  temperatura durante o dia não permite longas jornadas. Portanto, para se deslocar no deserto, deve-se ter, além de um bom preparo físico e o conhecimento da região, uma média de quatro a cinco litros de água por dia. Um último fator que temos de considerar em sobrevivência é que tipos de predadores temos nesta ou naquela região, conhecer os seus hábitos é ainda a melhor forma de defesa. Nas regiões desérticas brasileiras temos o guará conhecido por cachorro do mato, famoso por sua agressividade e temido pelos sertanejos, em outras épocas havia a presença da onça de bode, mas, não sei se ainda existe algum representante dessa espécie vivo e se existir possivelmente esteja confinado a restingas ou vales. Como não há outros predadores o maior perigo ficaria por conta das cascavéis, que as encontrando será um alimento saudável, para consumir.

 

O SERTANEJO


   

Mestiço de branco com índio (mameluco ou caboclo), este é o elemento humano que encontraremos a habitar a caatinga, região do nosso território com características de deserto e contando com 35 milhões de habitantes, considerada a segunda mais populosa do Brasil embora a sua distribuição se dê de forma extremamente irregular, devido a diversos fatores como latifúndio, secas perenes, êxodo rural e outros.
Com semblante curtido pelo sol o sertanejo desenvolveu uma personalidade marcante e característica de sua região, como descreve a seção de pesquisa do 72 BIMz, quartel do exército situado em Petrolina e responsável por atuar na caatinga e sobreviver em regiões desérticas, que muito nos tem ensinado com sua doutrina, aponta como método de diálogo e convivência as seguintes sugestões:

·         ATITUDES FIRMES SEM SER ARBITRÁRIO;

·         NÃO DEMONSTRAR FRAQUEZA;

·          IMPARCIALIDADE DIANTE DOS PROBLEMAS POLÍTICOS-PARTIDÁRIOS   LOCAIS;

·         RESPEITO A FÉ RELIGIOSA;

·         RESPEITO A SUA FAMÍLIA E EM PARTICULAR ÀS MULHERES;

·         AGIR SEMPRE EM NOME DA LEI E DA ORDEM;

·         MOSTRAR AUTORIDADE;

·         PERGUNTAR SEM INSINUAR RESPOSTA;

·         MOSTRAR GENEROSIDADE;

·         DEMONSTRAR CONFIANÇA E

  • Não denegrir o seu lado machista.

O sobrevivente desse tipo de região deve ter em mente a necessidade de se acostumar com a superação da falta de água constante, e fatalmente sofrerá os males que acometem a muitos não aclimatados (pessoas com menos de quinze dias na região) como intermação, insolação, exaustão, câimbras e superaquecimento, sendo recomendado nestes casos colocar a vítima na sombra e dar água para sua hidratação.

            Os muitos anos de contato com os sertanejos que tive, pude perceber como são muito mais solidários do que nós, inúmeras vezes recebi comida e água, quando para estes água potável é recolhida a quilômetros de distância e a comida é contada para a família, para a maioria dos sertanejos negar comida e água é um crime capital, o que favorece ao sobrevivente um encontro fortuito com o sertanejo que com certeza o ajudará.
           O animal típico da nossa caatinga são as cabras, de carne bastante saudável pelo seu baixo teor de colesterol, pode ser encontrada em todo sertão nordestino, mas não se esqueça que no sertão toda cabra tem um dono, se matar uma e aparecer o dono trate de lhe indenizar senão a situação poderá se complicar.

José de Zuza – vaqueiro da caatinga usando o gibão de couro FOTO DO AUTOR
Curso de sobrevivência na caatinga do 72 BIMz – Petrolina   FOTO DO AUTOR

















SOBREVIVÊNCIA NO
GELO











INTRODUÇÃO

Como podemos ver no filme “Sol da meia noite”, o sol durante meses desaparece atrás da linha do horizonte aumentando a intensidade de luz sobre a retina e causando inflamações, sendo menos graves do que o inverno, quando ele nunca aparece, e os fatores como : hipotermia, congelamento e outros serão muito agravados, como foi constatado por inúmeras expedições algumas delas ocorreram em uma época que não havia a tecnologia a favor do homem, transformando-a em um fato heróico.
Nas calotas polares da Antártida e do Ártico, ou em qualquer outra região gelada como Sibéria ou os Andes no Chile, o homem sente-se frágil e pequeno e se este for oriundo de um acidente aéreo, ainda sentirá que é o mais azarado. Em momentos, tudo pode se transformar num inferno branco de ventos furiosos, avalanches que chegam a soterrar até cem metros e em alta velocidade, não dando tempo para reagir; horas depois, pode-se sentir em pleno paraíso, cercado de animais.
O gelo e o frio foram os principais fatores que fizeram do Ártico e da Antártida, as últimas regiões exploradas pelo homem. A descoberta e a colonização das áreas geladas são ainda hoje, desafios a sobrevivência humana, apesar das bases de diversos países com interesse científico nos pólos, como é o caso da estação Comandante Ferraz (mantida pelo Brasil na Antártida) que cientificamente muito tem contribuído para o desenvolvimento de uma nova tecnologia onde sobreviver é possível.
           Temperaturas muito baixas, escassez de alimento e, principalmente, a ação dos ventos, fazem com que o homem, caso não conheça algumas noções básicas de sobrevivên­cia, tenha uma sobrevida muito pequena; para se ter uma idéia do perigo dos ventos uma pessoa bem agasalhada a –29°C, corre poucos riscos, mas acrescente um vento de 40 km/h e teremos uma temperatura relativa de –66°C fazendo congelar partes expostas em menos de trinta segundos. Os heróis mundiais do gelo são relatados nos livros de Amyr Klink, e concordo plenamente com ele, são Amundsen que ganhou até um nome de mar (mar de Amundsen ) e o capitão Shackeleton, que possui em seu acervo a mais fantástica história de resgate em ambientes gelados, e o britânico Roberto Falcon Scott que apesar de não obter tanto êxito entra como um dos desbravadores do gelo pela sua coragem.

ORIENTAÇÕES BÁSICAS


A maior quantidade possível de roupas deve ser mantida, para evitar a hipotermia. A manutenção da tempera­tura do corpo é um dos maiores segredos para o êxito numa sobrevivência no gelo. As ex­tremidades dos pés, mãos, orelhas, cabeça, nariz, mucosas e face devem ser muito bem protegidas ou poderão necrosar.
Um pouso em regiões geladas pode acontecer sobre uma camada espessa de gelo continental, suficientemente forte para suportar o peso da aeronave (ICE-SHELF) ou sobre uma camada de gelo mais fina, que se forma sobre o mar e cuja resistência é limitada (PACK-ICE), esta camada se quebra pela ação de ventos e marés, ou ainda, pelos navios quebra-gelo, dificultando ainda mais a situação.


AÇÕES IMEDIATAS:
As ações imediatas, são idênticas em qualquer sobrevivência de solo, primeiro afastar da aeronave e esperar dez minutos levando consigo o máximo de pessoas, pois segundo as normas vigentes o tempo ideal de evacuação são de noventa segundos, depois deve-se efetuar a prestação de socorro as vítimas, e o acionamento do radiofarol de emergência. Importante lembrar que os glânulos de silica-gel devem ser utilizados na sua finalidade anti-congelante para o aciona­mento do radiofarol de emergência (Beacon) modelo RESCUE 99 ou outro similar, visto que a maioria dos rádios são ativados com líquidos, no gelo ele logo pararia de funcionar pois o líquido congelaria, não fosse a ação anti-congelante da sílica gel, lembrem-se que o rádio de emergência é o passaporte para voltar a civilização, toda prioridade deve ser dada para este equipamento devido a sua importância para encontrar e resgatar  os sobreviventes.

AÇÕES SUBSEQUENTES:

Deve-se providenciar abrigo imediatamente após o acionamento dos radiofaróis de emergência, pois, inclusive a eficiência na prestação de primeiros socorros poderá depender deste fator. Seria muito difícil sobreviver no gelo sem abrigo e calor; o ser humano resistiria poucas horas, somente. Por isso, tão logo quanto possível, um tripulante deverá coordenar a construção de um abrigo e no seu interior acender um foco de fogo com uma pequena abertura para permitir a troca dos gases venenosos da queima.

ABRIGOS

Deve-se avaliar a área ao redor da aeronave para determinar o local mais adequado a construção do abrigo, considerando a disponibilidade de água e alimento. Ointerior da ae­ronave não deverá ser utilizado como abrigo, as superfícies metálicas são excelentes condutoras e um simples toque com as mãos sem proteção faria com que ficasse grudada e ao tentar tira-la  pedaços de pele ficariam presas no metal. Entretanto no interior as forrações  poderão ser utilizados para a confecção de um abrigo.
Deve-se ter cuidado especial ao manusear partes metálicas da aeronave que não estejam pintadas, porque em contato direto com a pele, poderão causar lesões irreversíveis, serão como lâminas cortantes.
           Escorregadeiras e barcos salva-vidas também poderão servir como abrigos, desde que devidamente fixados sobre o gelo. É importante  ter certeza que o abrigo será construído sobre blocos de gelos sólidos, distante de fendas ou mar aberto.
          Dentre os diversos tipos de abrigo que podem ser construídos, a unidade de sobrevivência no gelo da Suécia, esquadrão especializado em sobrevivência  nos ambientes gelados indicam dentre eles:

TRINCHEIRA
Pode ser construída rapidamente e proporciona uma proteção eficiente devendo-se cuidar para que a entrada não se localize na mesma direção do vento. Para a cobertura da trinchei­ra pode-se utilizar toldos, escorregadeiras pedaços de fuselagem ou blocos de neve forman­do um V invertido, a maior finalidade da trincheira é evitar o contato dos sobreviventes com os ventos gelados que roubam calor com facilidade.


IGLU DE NEVE

É cômoda, porém de difícil construção. Apresenta maior possibilidade de intoxicação por monóxido de carbono, proveniente da fonte de calor, do que a trincheira, mas pode ser viável para o sobrevivente que não dispuser de nenhum equipamento. Consiste em amontoar a neve em um raio de dois metros de forma que se construa um pequeno monte e a partir daí cava-se no interior até formar uma caverna, a neve não cairá ou pode ser aproveitada uma pequena elevação de neve para este tipo de abrigo.

IGLU
Na eventualidade de uma sobrevivência prolongada no gelo, deve-se buscar um abri­go de construção mais sólida, como por  exemplo o iglu.
Para sua confecção são necessários blocos de gelo com medidas aproximadamente de 50 cm x 30 cm x 30 cm.
A forração do local onde for deitar é importante para que a neve não derreta sob o corpo. Em qualquer abrigo deve-se acender uma vela, ou outra fonte de calor, de forma a manter a temperatura no abrigo próxima a 0 (zero) grau e o teto deve ser bem liso para evitar que a neve derretida fique gotejando.

FOGO

Os únicos combustíveis inflamáveis numa sobrevivência no gelo são os provenientes da própria aeronave, querosene e óleos, e as gorduras de origem animal.
Para promover fogo em gordura de origem animal, deve-se depositá-la em um reci­piente como, Jarra, baldes de gelo, etc..., utilizando um pavio para acendê-la. A chama proveniente da queima deste combustível é muito brilhante e pode ser avistada a grandes distâncias.

ÁGUA

Há duas maneiras de se obter água numa sobrevivência em regiões geladas:
01- derretendo-se o gelo, tendo o cuidado de não utilizar aquele proveniente de áreas onde haja colônias de pingüins ou concentração de outros animais devido as bactérias.
02- colhendo-se água de fonte natural oriunda do degelo, cujo curso sob camadas livres de gelo, muitas vezes pode-se ouvir.
                  Especial atenção deve ser dada a ingestão indiscriminada de gelo pelo sobrevivente, pois, isto o levará a um quadro de hipotermia. A água em regiões geladas são melhor aproveitadas quando tomadas em forma de chás ou café, derretendo caramelos ou simplesmente aquecendo a água.

ALIMENTO


Excetuando-se todo alimento que estiver disponível no interior da aeronave, e que deverá ser retirado, nas regiões polares a alimentação se limitará aos alimentos de origem animal: focas, leões marinhos, aves, peixes e demais animais marinhos, sendo que, prova­velmente as focas serão a principal fonte.
Somente em último caso se deve ingerir a carne de pingüins, pois muito comumente está contaminada por vermes.
No caso de regiões continentais geladas (cordilheiras), cuja localização é afastada do mar a alimentação pode se basear além dos mantimentos encontrados na aeronave, nos ani­mais de caça e possíveis roedores como esquilos, devem ser observados os buracos em árvores.

CUIDADOS NO GELO


ENVENENAMENTO POR MONÓXIDO DE CARBONO
A queima de velas, lamparinas etc..., no interior dos abrigos promove a liberação de monóxido de carbono (gás altamente tóxico e explosivo). A fim de evitar o excesso de sua concentra­ção e consequentemente o envenenamento dos sobreviventes no abrigo, deve-se manter uma ventilação adequada no seu interior.

CONGELAMENTO
Os congelamentos a nível epitelial podem ser basicamente, classificados em três gru­pos, a saber:
1° Grau: arrepios não são perigosos servem como primeiro sinal.
2° Grau: Flictenas (ou bolhas) indicam o processo de queimaduras no tecido
3° Grau.: Necrose - Gangrenas ou manchas  escuras na pele indicam uma diminuição muito grande do fluxo sangüíneo para a região e sua provável amputação.
Qualquer sensação de amortecimento ou anestesiamento (dormência) deve ser enca­rado como prenúncio de congelamento. O frio intenso também pode ocasionar o estado de choque e perda da razão, devido ao estreitamento dos vasos sanguíneos pela hipotermia, ficando o individuo em estado letárgico. Deve o sobrevivente, neste caso, ser tratado a base de banhos de imersão iniciando-se o tratamento com água fria e, aos poucos aquecendo-a (tratamento muito dificil de ser executado sob as condições encontradas na sobrevivência).
IMPORTANTE: o congelamento nunca deverá ser tratado através de fricção. Desta maneira ao invés de apresentar melhoras no quadro clínico a vítima teria sua situação agravada.
O congelamento inicial da face pode ser tratado colocando-se as mãos quentes sobre a mesma. O congelamento dos dedos pode ser resolvido colocando-se as mãos sob as axilas ou dentro das calças.
Caso haja um principio de congelamento dos pés o melhor a fazer é coloca-los dentro das vestimentas de outro sobrevivente, caso não disponha de meios mais apropriados como os descritos anteriormente.
Quando se estiver desenvolvendo esforço físico, deve-se evitar ao máximo a transpiração, pois quando cessar a atividade o suor se concentra rapidamente, causando a hipotermia. Por esta razão deve-se retirar paulatinamente as peças de roupa de modo a não manter a temperatura do corpo excessivamente alta. Ao se retirar uma peça de roupa deve-­se cuidar para que seja bem protegida a fim de não ficar úmida ou molhada. Encerrando-se a atividade física as peças devem ser revestidas gradualmente, de modo a ser mantida a tempe­ratura normal do corpo.

CEGUEIRA
Não há uma adaptação natural da visão aos reflexos solares na neve, no gelo e na água. Os raios infravermelhos provocam fadiga ótica e dor intensa, portanto trate de proteger os olhos com óculos escuros ou confeccione viseiras de cascas de pinheiro ou simplesmente de pedaços de plástico ou outro matérial, contanto que diminua a quantidade de luz que penetra no globo ocular, este procedimento é recomendado pelo batalhão de sobrevivência no gelo da Suécia, ou abrigando-se em lugares pouco iluminados ao pri­meiro sinal de dor ocular.

EDEMA CEREBRAL
             É o acumulo de fluidos no cérebro provocado pela altitude elevada.

EDEMA PULMONAR
            É o acúmulo de fluidos no interior dos pulmões, provocado pelas grandes altitudes, só sendo curada se a vítima reduzir a altitude ou com a aplicação de algumas drogas específicas.
AÇÃO DOS VENTOS E A HIPOTERMIA
0 nosso corpo transforma a energia dos alimentos para manter sua temperatura. Em regiões geladas este gasto energético é aumentado; 0 vento aumenta ainda mais a perda de calor e consequente sensação de frio, ao dispersar as camadas de ar aquecido existentes entre a roupa e a pele.
Esta dispersão é proporcional a velocidade do vento. Para se reduzir este problema, os sobreviventes devem se proteger do vento, valendo-se de anteparos (cavernas, os abri­gos provisórios, etc...) ou qualquer meio de minimizar a ação eólica dos ventos.

EFEITOS DO FRIO NO CORPO
Temperatura corporal em °C
Sinais e sintomas
36-38
Normal
30
Perda de consciência
29
Estado irreversível
20
Parada cárdio respiratória

HIPOXIA
            Deficiência de oxigênio devido ao ar rarefeito das grandes altitudes, neste caso seria recomendado a oxigenoterapia se possível for, este equipamento está disponível nos bins ou porta bagagem em dois ou mais cilindros.

MAL AGUDO DE MONTANHA
          Sintomas decorrentes da não adaptação ao ar rarefeito da altitudes, podendo aparecer dores de cabeça, náuseas, vômitos, falta de apetite, lassidão, insônia e outros.           Como em todos os ambientes de sobrevivência o ser humano necessita ambientar-se, mas se esta adaptação for as grandes altitudes poderá desenvolver edema cerebral e pulmonar e morrer. Estando uma pessoa nesta situação deverá realizar uma respiração forçada, provocando assim a saída do dióxido de carbono.

GRETAS (ou fendas)
                 
            São fendas encobertas de neve e se constitui um perigo potencial para quem caminha sobre o gelo. Sua formação se deve a acomodação de camadas de neve e gelo em trechos de relevo irregular.
Os deslocamentos somente deverão acontecer quando todos os elementos estiverem amarrados entre si e, o primeiro homem (homem-guia) for capaz de vistoriar o solo com um bastão (ou similar) a fim de detectar as gretas existentes.

URSOS POLARES
            Não muito freqüentes em diversas regiões, devemos considerar a possibilidade do encontro com este predador e ter alguns cuidados, visto que é um animal carnívoro e possuidor de um grande faro, podendo perceber um intruso a uma distância que impossibilite a fuga do mesmo.
            Estando o acampamento montado, não deixe lixo descoberto, enterre todo resto de detritos e panos ensangüentados, pois isto atrai o nosso amigo urso de garras apontadas em posição de ataque dando urros para intimidar sua presa, como podemos constatar em diversos artigos da guarda florestal canadense. A presença de fogo pode atrair sua atenção, mas o afastará do acampamento. Mesmo para fazer suas necessidades como na selva o sobrevivente não deve ir sozinho, além de ficar atento.
























EQUIPE
SAR



“ Não vai dar para chegar na pista. Pane nos dois motores” . A frase do piloto Gilvam Amâncio Ferreira, dita em tom de desespero aos controladores de vôo com quem mantinha contato, indicava que o PP-SEA, bimotor, caía sem que soubéssemos se havia sobreviventes ( DIÁRIO DE PERNAMBUCO ).
Cheguei ao esquadrão ás sete horas, com o material preparado de véspera, para mais um sobreaviso SAR, e ao que indicava seria mais um tranqüilo dia em que não haveria acidentes, tempo bom com ótima visibilidade, tudo estava perfeito, o piloto e o mecânico estavam no helicóptero para mais um vôo local, porém antes da partida escutaram a comunicação do piloto com a torre, ao que tudo indicava estar iminente o acidente, naquele momento, o Capitão Xavier determinou que o helicóptero fosse configurado para alerta SAR, ao que de pronto executou o sargento Celso, pois nesta época o helicóptero não ficava configurado para a missão de alerta sar como fica hoje, configurado vinte e quatro horas.
A sirene do alerta foi acionada, o corre-corre era geral, corri até a sala de resgate apanhei o material e me dirigi à aeronave, ao olhar para trás vi aquela multidão correndo, o cabo Lins trazia a fonte externa para dar a partida, os sargentos Fonseca e Izael auxiliavam a equipar e fazer a amarração para rapel (técnica usada para descida do homem de resgate do helicóptero através de corda quando não é possível o pouso ), enfim todo o esquadrão auxiliava. Decolamos ante aos olhares de expectativa, o coração batia forte e inúmeras dúvidas vinham a mente como em todo resgate: alguém sobreviveu ? conseguiram pousar em algum descampado ? 
Após alguns minutos da decolagem, a torre de controle reportou ter perdido contato com o avião, neste instante um morador local telefonava do celular e dizia ter visto um avião passar por baixo da rede elétrica e entrar voando na mata atlântica do Município de paulista, atrás de uma fábrica de biscoitos, voamos até o local e começamos a fazer uma busca onde imaginávamos estar o avião, pousamos em uma empresa, corri até o segurança que quando me viu e ao helicóptero, sacou o revólver e apontou para mim achando com o seu pouco discernimento que iríamos assaltar a empresa, conversei com ele e perguntei – lhe se sabia onde ficava tal fábrica, mas o mesmo em nada acrescentou, decolamos e seguimos sobrevoando a BR, quando vimos o carro do corpo de bombeiros chegando, de imediato o piloto fez  uma aproximação e pousamos ao lado da fábrica, onde habitantes locais traziam do mato dois homens, coloquei-os em uma pampa, após verificar rapidamente que ambos não tinham traumatismos significativos, e os conduzimos ao helicóptero, eu e o sargento Fonseca verificávamos os sinais vitais durante todo o tempo, até o pouso no HARF (Hospital de Aeronáutica do Recife) , quando passamos às vítimas ao médico de plantão, devido ao intenso trabalho não tive mais contato com os sobreviventes, porém vi no noticiário da noite, que ambos passavam bem com leves escoriações. Naquele dia dormi tranqüilo, por termos realizado mais uma missão com sucesso e sem acidentes.
Desde 1989 que trabalho no serviço de Busca e Salvamento (SAR) e inúmeras vezes fui acionado, deixando para trás filho com febre, esposa grávida e diversos motivos, para atender voluntariamente a um pedido de socorro de alguém que se encontrava em uma situação de emergência e poder trazer de volta ao lar, um pai, esposo (a), filho(a) ou mãe que resgatamos, poder olhar em seus olhos e dizer vamos para casa amigo(a) é uma sensação indescritível, coloco minha vida em risco a cada acidente e tenho certeza, que por muitas vezes o meu querido anjo da guarda teve que fazer algumas horas extras para também me trazer de volta ao seio do meu lar, aquele recanto sagrado onde peço a Deus sempre retornar, para quem sabe amanhã estar saindo e decolando em busca de mais um sobrevivente, amo o que faço, e fico muito triste quando vejo alguns repórteres sensacionalistas denegrirem a imagem dos militares, fazendo-se valer de um passado histórico que somente conheci em meu período escolar, esquecem-se que enquanto escrevem os seus artigos, centenas de militares em todo o país arriscam as suas vidas voluntariamente, para que outros possa viver .
  

O INÍCIO DO SAR

Acredita-se que desde o início dos tempos o ser humano já se arriscava na expectativa de salvar outras vidas, sendo esta atitude fruto de impulsos muitas vezes inconscientes. Consta que na idade média a providência normal para encontrar navios mercantes desaparecidos era mandar expedições de socorro ao longo da rota percorrida. No homem atual a solidariedade é um dos mais marcantes fatores que desencadeia o serviço das nobres equipes de resgate,  salvaeros, salvamares, esquadrões de busca, DEPV e muitos outros que trabalham pela segurança na aviação.

                  Hoje a aviação de busca e as equipes de resgate contam com o apoio da tecnologia, satélites que integram o COSPAS-SARSAT, ajudam na localização de sobreviventes em frações de segundos, torna como meta principal do serviço de busca e salvamento o retorno com segurança de passageiros e tripulantes sobreviventes de algum tipo de desastre ou calamidade.
                  Com o advento da navegação aérea muitos pioneiros desapareceram ao longo de suas rotas, quer fossem transoceânicas, intercontinentais ou domésticas, surgindo a necessidade de um grupo capaz de efetuar o salvamento de desaparecidos e acidentados, que só veio acontecer na segunda guerra mundial em virtude das incontáveis perdas sofridas pela Royal Air Force (RAF) na defesa da Inglaterra e em outras partes onde atuaram em campanha, estes tripulantes além de levarem muito tempo em suas formações eram detentores de informações valiosas que necessitaria de resgate caso fossem abatidos.
            Com a chegada dos americanos no teatro de operações, algumas aeronaves passaram a integrar o serviço de busca e salvamento, ASR (AIR SEA RESCUE), foram as seguintes aeronaves:

TIPO

NOME

PBY5
Catalina
C47
Douglas
B24
Liberator
B25
Mitchel
B17
Fortaleza Voadora


B – 17 Foto do Sgt Diniz especialista em fotografia aérea

 

    Com o final da segunda guerra houve um grande avanço na aviação, nos meados de 1944 ficou acordado algumas normas que regulavam o tráfego aéreo internacional, resultando na convenção de aviação civil internacional realizada em Chicago onde foi discutida a aviação de busca e salvamento, era o início de uma aviação de desprendimento e amor ao próximo, o começo de uma jornada que tinha e tem por finalidade trazer de volta ao lar e em segurança tripulantes e passageiros de acidentes aeronáuticos, marítimos, catástrofes e outros.

            O Brasil foi um dos países participantes daquela convenção e membro da OACI
 (organização da aviação civil internacional), mas sem equipamento e pessoal especializado muito ainda faltava ao Brasil para ter uma aviação adequada as reais condições de uma aviação em um país continental, mudando com o primeiro acidente em 1947.

ANO
ÓRGÃO
ANV / PESSOAL
1947
Comissão de busca e salvamento
Anv  PBY5-A
1950
Serviço de busca e salvamento

1951
Centro de quadrimotores- busca e salvamento
Anv B-17
1957
2º/10º esquadrão de busca e salvamento
Anv AS-16 e H-19
1967
Esquadrão PARASAR
Pessoal especializado

            Hoje temos equipes de resgate prontas para operar em qualquer região do país, situadas em Manaus, Belém, Recife, Campo Grande, Rio de Janeiro, Santos, Pirassununga, Santa Maria, fazendo uma cobertura completa e chegando rapidamente ao local do acidente, essa descentralização é o que torna eficiente o serviço aliado aos satélites. Para sermos completos falta apenas que todos os ETAS (Esquadrões de transporte aéreo) tivessem condições técnicas de fazerem buscas, pois as aeronaves os mesmos já possuem e alguns esquadrões de resgate tivessem helicópteros capazes de trazer muitas vítimas já que temos aviões comerciais com duzentos passageiros ou mais.     
            Muitos milhões já foram investidos na área da proteção ao vôo e muitos ainda precisam ser feitos se quisermos ter uma aviação compatível com o crescimento da aviação civil, tenho a certeza que estamos defasados e o nosso crescimento deveria ao menos ser compatível , porém aviões em um país como o nosso que pessoas morrem de fome, não tem prioridade exclusiva, mas temos que trabalhar com um mínimo de segurança e isto custa caro coisa que a maioria das pessoas só sentem a necessidade quando estão dependendo dela para sobreviverem, se investir em segurança e equipamentos custam caro, muito mais caro é a vida de um ser humano e esta não podemos repor com dinheiro, simplesmente não há mais concerto, não temos a tecnologia de ressuscitar pessoas.

 

BUSCA E SALVAMENTO POR SATÉLITE
Cospas – sarsat

Cospas – sarsat é um programa internacional que foi desenvolvido pelo Canadá, EUA, França e Rússia, tendo vinte e cinco paises atuando como signatários deste sistema, inclusive o Brasil. É composto por dez satélites com a mais avançada tecnologia fazendo o rastreamento de todo o globo terrestre a procura de sinais de emergência emitidos de aeronaves (ELT), embarcações (EPIRB) ou até mesmo pessoas em perigo que disponham de um rádio de emergência (PLB), hoje disponíveis em relógios, lembrando que toda pessoa possuidora de tal equipamento deverá registrar o mesmo sem qualquer custo. Estes transmissores deverão ser acionados em caso de emergência e operarão nas freqüências 121,5 MHZ, 243 MHZ e 406 MHZ, caso queira testar seu equipamento avise o órgão de controle mais próximo.
            Apenas no ano de 1997 foram salvas 1312 pessoas por intermédio deste sistema e hoje já estamos chegando a marca de 8.000 pessoas salvas, apesar de ser um sistema com um custo bastante elevado, vale cada centavo investido em prol da humanidade que cada vez mais utiliza-se de transportes rápidos.
            O serviço de busca e salvamento conta com diversas aeronaves, esquadrões e pessoal treinado para fazer busca e salvamento, estando de prontidão 24H por dia, em diversos pontos do planeta.

TEXTO EXTRAÍDO DO JORNAL O LIBERAL, DE 23 DE FEVEREIRO DE 1996


Santarém – Resgatada depois de 48 horas do acidente, com o monomotor Cessna, prefixo PT-KCC, Maria Ivonete Silva dos Santos, 30 anos, solteira, conhecida no garimpo com "Neguinha", a única sobrevivente entre os cinco ocupantes da aeronave, surpreendeu a toda equipe da operação, por sua coragem, bom humor e presença de espírito, diante de toda a situação que viveu.
Como foi a pane no avião?
Nós vínhamos voando há mais de uma hora normalmente, desde o Molocopote. De repente, o piloto Edísio falou para o Germano, que o motor estava em pane. Logo em seguida o motor parou e começamos a cair. Ele ainda avisou pelo rádio que iria tentar pousar. No momento do impacto do avião na mata, perdi o sentido por pouco tempo. Quando me dei conta, estava por baixo dos corpos do Germano e do Casagrande, mas não podia mexer com a perna esquerda. Estava doendo muito e notei que havia quebrado o osso.
E quando os dois militares desceram no local?
Fiquei muito feliz, naquele momento agradeci a Deus e chorei de felicidade por ver eles junto comigo. Eles foram muito bacanas durante todo o tempo.

Equipamento e coragem permitiram resgate

Dois fatores contribuíram decisivamente para o sucesso da operação de busca e resgate da sobrevivente e dos corpos das vítimas, no acidente com o monomotor PT-KCC, que sofreu pane de motor quando retornava do garimpo do Molocopote, no último dia 19. O primeiro foi o fato da aeronave estar equipada com o ELT, um pequeno aparelho que permite a localização do equipamento, o segundo, o desempenho das equipes de busca e resgate, mesmo diante das difíceis condições de acesso do local do acidente.
            Os equipamentos de emergência são em si muito úteis, porém sem o fator humano ele seria inservível, não fosse o desprendimento abnegado dos profissionais dos SALVAEROS, elo de ligação com as equipes de resgate e a aviação de uma forma geral, que não desistem de procurar os sobreviventes mesmo quando a busca parece ineficaz, a estes muitos devem sua vida.









RESGATE POR HELICÓPTERO


Foto do autor

         Sabe-se hoje que as missões de busca e salvamento são as mais difíceis e as maiores contribuidoras em estatísticas de acidentes aéreos, o fato de saber da existência de pessoas necessitadas de algum tipo de auxílio, quando o tempo corre contra a vida do sobrevivente, torna a tripulação mais decidida a dar o máximo de si para salvar feridos,  exigindo do piloto, mecânico e tripulantes SAR o máximo de seu empenho e concentração, cada descuido poderá custar a sua vida, dessa forma estão as missões de busca e salvamento trabalhando em seus limites, máquina e homem, em prol do bem mais precioso que todas as pessoas tem, a vida.
            Em muitos anos de atividade, pude ver diversas vezes descuidos pequenos resultarem em pernas quebradas e até mesmo a morte de resgateiros, visto que estes por estarem sempre dependurados para efetuar o rapel, macguire, kapof (método de salvamento onde o resgateiro está preso por corda ou cabo de aço pelo lado de fora  do helicóptero). Lembro que descuidei duas vezes, uma calculei mal a altura do solo bati de costas tendo em seguida uma parada respiratória, a outra deixou–me afastado da atividade aérea dois meses com lesão muscular, posso dizer que fui um sortudo por ter tido lesões simples.
            O que para muitas pessoas é um laser, um esporte radical, para nós homens de resgate é uma maneira única de se chegar até uma vítima de um acidente aéreo em uma encosta de morro ou montanha, mergulhando ou saltando de pára-quedas, o risco é um companheiro constante, mas, posso falar por experiência própria que Deus é o RESGATEIRO 01 sinto esta proteção nos acompanhar em todas as missões, algumas vezes ganhamos e festejamos a celebração da vida, noutras perdemos e lamentamos, desanimamos e regressamos, a missão mais difícil é não ser bem sucedido em resgates de amigos, é ter que falar para a viúva, sinto muito, fizemos o possível, mas, o destino foi diferente do que nós queríamos.
            Que Deus abençoe esta classe de profissionais que amam o que fazem, e o fazem por que gostam de salvar vidas, como disse a revista manchete por ocasião do resgate das vítimas do VMK do comandante Garcez (VARIG), eles são heróis anônimos que muitos brasileiros só sabem de sua existência quando o helicóptero está no pairado, a corda de rapel é lançada e desce o homem de resgate, para a maioria, este é o primeiro contato com os anjos do céu, estes são homens que se aposentam com tristeza e lágrimas nos olhos como vi no rosto do suboficial Rubens e muitos outros, confesso que hoje não saberia deixar a atividade de resgate, é o que eu amo fazer, é o que sei fazer de melhor, é trabalhar feliz, viver feliz por ter a oportunidade e o privilégio de ser a pessoa que alguém espera para viver, jamais quero ser ausente aos meus sobreviventes, sou eternamente grato a Deus e a Força Aérea por me permitir ser um elo do nobre SERVIÇO DE BUSCA E SALVAMENTO.
Este acidente ocorreu com uma tripulação de um esquadrão de busca e salvamento
quando efetuava uma missão de resgate.
Foto do arquivo pessoal de Ari Siqueira


Unidades de busca e salvamento

ESQUADRÕES DE HELICÓPTERO


                                                                               
  
   
FALCÃO                         POTY                       PUMA                             PANTERA             
    
   







         HARPIA                               GAVIÃO                             PELICANO

Esquadrão aeroterrestre de salvamento
     













     ESTES ESQUADRÕES ATUAM 24 HORAS NO TRABALHO DE BUSCA E SALVAMENTO
         PARA QUE  OUTROS POSSAM VIVER –  NOSSA VIDA VOSSA LIDA



OUTROS ESQUADRÕES QUE AUXILIAM NO TRABALHO DE

BUSCA






















ESTES DOIS ESQUADRÔES TEM CAPACIDADE E AUTONOMIA
 DE FAZER BUSCA ATÉ A AFRICA










Como você pode ver um universo de quarenta mil homens tornam a aviação brasileira segura, desde a proteção ao vôo com inúmeros controladores e especialistas em eletrônica e em comunicações até os elementos de resgate, a última esperança de um sobrevivente e em alguns casos também tivemos nossas baixas e nossos acidentes.
Voar é um risco calculado, porém, viver também é um risco e nem por isso deixamos de valorar a vida, dom supremo que nos foi dado e que deve ser preservado a todo custo, sabemos estar na parte mais arriscada da aviação, mas a cada acidente reforça em nós, membros deste serviço.

            “QUEM NÃO NASCEU PARA SERVIR, NÃO SERVE PARA VIVER”

 

Trabalhamos hoje com os meios disponíveis que a nossa nação pode dispor, não são os mais ideais e nem sempre é possível cumprir todas as missões, em virtude de limitações de peso, autonomia e uma série de fatores que contribuem para atrapalhar as missões de busca e salvamento. A estas tripulações muitos devem a vida, pois elas fazem o possível e o impossível por seus sobreviventes e aí podemos incluir também os SALVAEROS que são os elementos chaves de uma cadeia, interligados em todo país com a mais moderna tecnologia de rastreamento e sensoriamento da aviação mundial, a eles cabe a iniciativa e o discernimento de acionar os recursos SAR.
            Atuando juntos formam a peça chave de um sistema, todos se dedicam de corpo e alma é um trabalho realizado com amor, são muitos momentos felizes que pairam na vida dessa gente simples. Muitas vezes nem sabemos que eles existem, no entanto eles sempre estarão lá e por onde quer que você vá, eles farão parte de seu caminho, são como anjos que nunca os vemos embora existam, graças a Deus existem e você dificilmente os encontrará a menos que se machuque, seja em um acidente de trânsito ou aéreo, não lembro mais quantas pessoas atendemos em shoping, na rua, na estrada, em calamidades, enchentes e tantos outros, e fico feliz e tranqüilo ao dizer que se tivesse de entrar hoje para Força Aérea trilharia o mesmo caminho QUE COMEÇEI EM 1987, seria novamente um homem de resgate.
CUIDADOS NA APROXIMAÇÃO DE UM HELICÓPTERO

            O helicóptero requer daqueles que o operam certo cuidado na aproximação e o primeiro deles é com o rotor de cauda, que ao girar fica invisível e muitos já faleceram ao entrar em contato com suas pás. Uma certa ocasião, estávamos em Maceió realizando missões de misericórdia nas enchentes quando pousamos no aeroporto e aproximou-se um deputado que estava caminhando na direção do rotor de cauda e fui obrigado a segura-lo para que não morresse, uma vez que estando o helicóptero girando o barulho dos rotores impede que se escute a voz de alguém.
            Outro cuidado que o passageiro de helicóptero deve ter é de se aproximar sempre pela frente fazendo sinal para o piloto, para que o mesmo possa manter o cíclico nivelado e atento para eventuais rajadas de vento, pois a maioria das pás dos helicópteros são muito flexíveis podendo chegar a altura da cintura, bem como jamais entrar em uma área onde tenha aviões (principalmente com os motores ligados) usando chapéu, boné ou qualquer adereço que por ventura venha a se soltar, se por acaso cair algo de sua mão ou bolsa como caneta, chaveiro ou outro apanhe se não conseguir avise pois eles são letais para a aviação e conhecidos como FOD.
            Para os comissários e pessoas que por ocasião do salvamento ajudem as equipes de resgate, deve-se tomar cuidado com a alça de salvamento, não a toque de imediato deixe-a tocar o solo ou a água antes, devido a energia estática acumulada no helicóptero no decorrer do vôo vindo a descarregar no primeiro que a tocar, não é um choque que possa matar, mas dará um grande susto e incômodo.

MÉTODOS USADOS PARA EFETUAR O RESGATE EM LOCAIS DIVERSOS

RAPEL –  Técnica utilizada para descer ao local do acidente por meio de cordas quando o pouso não é possível, tornou-se um esporte de aventura muito difundido no Brasil.
MACGUIRE – Saída do local do acidente através de cordas (pendurado) quando o pouso não é possível ou quando há riscos iminentes para a vítima ou resgateiro.
POUSO DE ASSALTO – Poderá ser utilizada em locais que o resgate seja realizado em uma área hostil, como por exemplo um resgate feito na Colômbia em uma área dominada por grupos guerrilheiros.
GUINCHO –  Dependendo da sua capacidade poderá resgatar uma ou várias pessoas através de um motor que libera um cabo de aço para recolher feridos.
GANCHO – Utilizado através de uma cesta chamada puçá, onde o tripulante pesca a vítima levando-a a um local seguro.
HELOCASTING – Salto do helicóptero em alguma superfície de água muito utilizada na Amazônia, pois não necessita a abertura de clareira para viabilizar o pouso do helicóptero.
PARAQUEDISMO – apesar de pouco usado em resgates, poderá ser o socorro imediato de um acidente onde haverá uma demora até a chegada do helicóptero, pela pesquisa feita foi usado uma vez pela equipe do PARASAR.
MERGULHO – Utilizado quando por algum motivo a aeronave, pessoas e cargas de valor ficaram submersas.
BUSCA AÉREA – Feita sempre que é configurado um acidente aéreo, sendo extremamente necessária, pois os helicópteros tem autonomia restrita devendo ser  usado quando a posição do acidente já está plotada ou conhecida.


2º/10º GAV ESQUADRÃO PELICANO

UM DOS AVIÕES RESPONSÁVEIS POR FAZER A BUSCA AÉREA





E a todos aqueles homens e mulheres que pereceram na luta de seus trabalhos de resgate...
‘para que outros pudessem viver’



DIÁRIO DO SOBREVIVENTE

OBS: todos os livros de sobrevivência trazem um espaço reservado ao diário e isto serve para saúde mental










































DIÁRIO DO SOBREVIVENTE








































DIÁRIO DO SOBREVIVENTE










































REFERÊNCIA

APOSTILA de marinharia, Marinha do Brasil.
APOSTILA APH  BO - PE ( curso de atendimento pré – hospitalar )
ARTMANN, Helena. Efeitos do frio no corpo humano, revista científica.
BÍBLIA sagrada dos cristãos, Ed. Paulinas – Recife 2000.
BERNARDINO, Francisco Ritta. Emoções Amazônicas; 2ª edição. Ed. Photoamazonica. Manaus 1994.
BUENO, Francisco da Silveira, Dicionário escolar da língua portuguesa-11.ed/12ª tiragem- Rio de Janeiro; FAE, 1992.
CD – ROOM, Curso De Operações Na Selva
CD – ROOM Curso De Caatinga
CD – ROOM Curso De Sobrevivência Em Combate
CD – ROOM Ofídios – Butantã
CD – ROOM Simpósio Da Aviação De Helicópteros
CD – ROOM Torneio Da XVII Reunião De Tripulantes De Helicópteros
CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Ed. Rideel, 1ª edição. São Paulo, 2000.
CITES - Identification Manual , Volumes 1 e 3, Secretariat of CITES, 1988
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DIÁRIO de Pernambuco Ed. 24 Out. 2000.
DIÁRIO de Pernambuco Ed. 18 Jan. 04
DIÁRIO de Pernambuco Ed. 24 Out. 1999.
DOCUMENTÁRIO, Sobrevivência extrema com Ray Mears ( Discovery  Travel )
DOCUMENTÁRIO, Globo Repórter do ano de 2001 à 2003 – Amazônia.
MCLEISH, Ewan. A expansão dos desertos. Ed. Scipione.
FRANCISCO, Luiz R. Répteis do Brasil - Manutenção em Cativeiro. Gráfica e Editora Amaro Ltda. 1997.
FRANCÊS, Ashcroft, Jorge Zahar. A vida no limite, a ciência da sobrevivência.
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA MAMÍFEROS Aquáticos do Brasil: Plano de Ação. Edições IBAMA/MMA. 1997
JID – Manual de busqueda y salvamento
JORNAL O LIBERAL, de 23 de fevereiro de 1996
KLINK ,Amyr;  Mar sem fim-360° ao redor da Antártica. Companhia das letras. São Paulo , 2000.
LANE, John Cook. Primeiros socorros: Um manual prático – coleção Desafios. Ed. Moderna. São Paulo, 1997.
LOMBA, Marcos e Lomba, André; Coleção Resgate e saúde – Operações de busca e salvamento. Ed. Grupo Universo. Recife, 2000.
MANUAL do curso – Emergências aeroportuárias – CVE (Infraero)
MANUAL CCSPHM ( Curso de capacitação em socorro pré-hospitalar militar )  Maj. Camerini – 1º/10º Gav- Santos
MERK – Manual de Diagnóstico e Tratamento
MANUAL  do curso teórico de busca e salvamento, 2º/10º Gav. BACG.
MANUAL de Busca e salvamento ( MMA – 64 –2 - )
MANUAL de  sobrevivência na selva EB
MANUAL do curso de operações na selva – CIGS
MANUAL de ofidismo ( tratamento e diagnóstiço do min. da saúde revisado em 2000 )
MANUAL do curso de caatinga – 72 bimz
MANUAL de comissários da VARIG, IT sobrevivências.
MANUAL do curso de comissários. EAPAC.
MANUAL do curso de comissários. AFAER.
MANUAL do curso de comissários. EACON.
MANUAL da aeronave F-50 (Nordeste)
MANUAL da aeronave EMB-120
PIRES, Janote. O descobrimento do Brasil no contexto da expansão marítima ibérica ocorrida nos séculos XV e XVI. Recife – UFRPE, imprensa universitária, 2000.
PONTES, Cícero Feliciano de. Manual de sobrevivência na selva, 3ª edição. Ed. IBGE. Rio de janeiro, 2000.
REVISTA Aerovisão  n° 206/ ABR-JUN 2003, Reportagem de Everton sobre o resgate de uma tripulação de helicóptero feito pela Drª  Vanessa Ribeiro de Resende no sul do Pará Revista Aventura e ação, edição de agosto de 2003.
REVISTA Geográfica universal, nº 212 agosto de 1992.
REVISTA Manchete n°2261, ano 44, rio de janeiro 05/08/1995.
REVISTA Mundo estranho, super interessante.Ediç.10/12/2002(como sobreviver na selva – pg. 8).
REVISTA Pelicano 30 / 35.
REVISTA Super interessante, setembro de 1995.
SOUZA, Paulo A. Reminiscência e nostalgias, Alagoinha a São Paulo Churumela e churumbaca. Ed. Alves de Souza. São Paulo, 2003.
RESENDE, Celso Antônio J. – Sobrevivência no Mar; 1988.
SICK, Helmut. Ornitologia Brasileira. Editora Universidade de Brasília, 1985.
SOERENSEN, Bruno. Animais Peçonhentos. Livraria Atheneu Editora, 1990.
SANTOS, Eurico Zoologia Brasílica , Volumes 1, 2 e 7, Editora Itatiaia Ltda. 1982.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas.
Vida do deserto.
WALDO, F. Temporal & Graef, Cláudia V., A mulher em vôo, Revista Médica da AERONÁUTICA no Brasil- Vol. 50-1/2- Jan/Dez 00

PESQUISA DE CAMPO

  • Centro de pesquisa do IBAMA- AM ( poraquê )
  • CEPENE
  • CIMNIC- Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcante - EB
  • CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva)
  • UFPE / UPE (Universidade Federal e Estadual de Pernambuco)
  • AFAER (Academia de Formação de Aeronautas)
  • BARF (Base Aérea do Recife)
  • UVA(Universidade estadual Vale do Acaraú)

SITES PESQUISADOS:
www. aph.com.br/
www.cigs.com.br
www.geuis.com.br

FILMES DE REFERÊNCIA


  1. VIVOS (SOBREVIVENTES DOS ANDES NO CHILE)
  2. NAUFRÁGIO NO PACÍFICO
  3. NÁUFRAGO
  4. AMAZÔNIA INDOMÁVEL
  5. NO LIMITE
  6. TURBULÊNCIA I, II, III.
SITES DE REFERÊNCIA PARA O AERONAUTA

ASSUNTO

SITE

1° SOCORROS
www aph.com.br/
SOBREVIVÊNCIA NA SELVA
www amazônia.com.Br/
SOBREVIVÊNCIA NA SELVA
www.cigs.com.br
LEGISLAÇÃO DAC
www.dac.gov.br/
INFORMAÇÕES
                    www.aerobusiness.com/                                                        
TUBARÕES
Geocities.yahoo.com.Br/otubarãobranco/tub2.html/
SOBREVIVÊNCIA

                                                                                                        

CIA AÉREA INTERNACIONAL


CIA AÉREA

SITE

TIPO

TAP
www.tap.pt/eportal/
internacional
AEROFLAT
www.aeroflot.com/
Internacional

www.aerolineas.com.ar/
Internacional
AEROMEXICO
Internacional
AIR CANADA
www.aircanada.ca/
Internacional
ALITALIA
www.alitalia.com/
Internacional
AM. AIRLINES
www.amaricanairlines.com/
Internacional
BRITISH WAYS
www.britishairways.com/
Internacional
CONTINENTAL
www.continental.com/
Internacional
DELTA AIR LIN
www.deltaairlines.com/
Internacional
FEDEX
www.fedex.com/
Internacional
IBERIA
www.iberia.com/
Internacional
KLM
www.klm.com/
Internacional
LANCHILE
www.lanchile.com/
Internacional
LUFTHANSA
www.lufthansa.com/
Internacional
SWISSAIR
www.swissair.com/
internacional
SCADINAVIAN
www.scadinavian.net/
Internacional
SPANAIR
www.spanair.com/
Internacional
THAIAIR
www.thaiair.com/
Internacional
TWA
Internacional
UNITED
www.united.com.br/
Internacional
USAIR
www.usair.com/
internacional
JAPAN AIR L.
internacional

 

 

 

CIA AÉREA NACIONAL


CIA AÉREA

SITE

TIPO

GOL
www.voegol.com.br/
NACIONAL
VARIG
NACIONAL
TAM
www.tam-airlines.com.br/
NACIONAL
VASP
www.vasp.com.br/
NACIONAL
VIA BRASIL
NACIONAL
RIO SUL
www.voeriosul.com.br/
NACIONAL
PASSAREDO
www.passaredo.com.br/
NACIONAL
ABAETE
www.abaete.com.br/
NACIONAL
ABSA
www.absacargo.com.br/
NACIONAL
NACIONAL
NACIONAL
NORDESTE
www.voenordeste.com.br/
NACIONAL
PANTANAL
NACIONAL
PENTA
www.voepenta.com.br/
NACIONAL
TAVAJ
www.tavaj.com.br/
NACIONAL
TOTAL
www.total.com.br/
NACIONAL

DIVERSOS

CIA AÉREA

SITE

TIPO

AEROSTAR
www.aerostar.com.br/
Táxi aéreo
MASTER
Táxi aéreo
HELICOPTERO
www.helicoptero.com.br/
Táxi aéreo
AMERICA
www.americaair.com.br/
Táxi aéreo
SÃO
Táxi aéreo
CRUZEIRO
www.cruzeirotaxiaereo.com.br/
Táxi aéreo
GSA
www.gsa-globo.com.br/
Táxi aéreo
HELISUL
www.helisul.com/
Táxi aéreo
LANG
www.lang.com.br/
Táxi aéreo
LNA
www.lna.com.br/
Táxi aéreo
MVTA
www.mvta.com.br/
Táxi aéreo
MSEXPRESS
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